As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em baixa, mas distantes das mínimas do dia, com o mercado mantendo intactos boa parte dos prêmios somados à curva na sexta-feira após o senador Flávio Bolsonaro ter sido apontado pelo pai, Jair Bolsonaro, como candidato à Presidência.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,13%, em queda de 11 pontos-base ante o ajuste de 13,243% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,48%, com baixa de 9 pontos-base ante o ajuste de 13,57%.
Na sexta-feira as taxas futuras dispararam mais de 50 pontos-base em alguns vértices da curva após a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado e preso por tentativa de golpe de Estado, escolheu seu filho Flávio para ser candidato à Presidência.
O avanço foi consequência da avaliação de que, se Flávio for de fato candidato, o favorito do mercado -- o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) -- estará fora da disputa. Além disso, um cenário sem a candidatura de Tarcísio é visto como favorável à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No domingo, porém, Flávio Bolsonaro disse que há uma possibilidade de não ir até o fim na disputa eleitoral, mas que sua desistência teria um preço. Especula-se que o preço poderia estar relacionado ao interesse da família de buscar a aprovação da anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A sinalização de que Flávio Bolsonaro pode não ser candidato, deixando o caminho aberto para Tarcísio, fez as taxas dos DIs cederem com mais intensidade na manhã desta segunda-feira. Às 11h20, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a mínima intradia de 13,050%, em queda de 19 pontos-base ante o ajuste de sexta-feira. Perto deste horário o dólar oscilava abaixo dos R$5,40 no Brasil.
Essa correção mais intensa de prêmios na curva, no entanto, não se sustentou, já que a desistência de Flávio Bolsonaro ainda não foi confirmada, pontuou um operador ouvido pela Reuters.
Às 12h48, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a máxima de 13,215%, em baixa de apenas 3 pontos-base.
No exterior, com os investidores à espera da decisão sobre juros do Federal Reserve na próxima quarta-feira, os rendimentos dos Treasuries tiveram ganhos firmes. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 3 pontos-base, a 4,168%.
À tarde o mercado precificava 87,4% de probabilidade de corte de 25 pontos-base de juros pelo Federal Reserve na quarta-feira, contra 12,6% de chance de manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%, conforme a Ferramenta CME FedWatch.
No Brasil, a curva precifica quase 100% de probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15,00% ao ano na quarta-feira. A principal dúvida é se o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciará o processo de cortes em janeiro ou em março.
Conforme o boletim Focus divulgado pela manhã pelo Banco Central, a mediana das projeções dos economistas para a Selic passou a indicar corte a partir de março, com a Selic encerrando 2026 em 12,25% ao ano, acima dos 12,00% calculados anteriormente.