Trabalhadores da Petrobras iniciaram nesta segunda-feira uma greve nacional por tempo indeterminado, em meio a uma disputa relacionada ao acordo coletivo de trabalho, mas até o momento não foram registrados impactos na produção de petróleo e derivados, de acordo com a companhia.
Geralmente, durante greves, trabalhadores passam operações para equipes de contingência da petroleira, de modo a evitar impactos operacionais em refinarias e plataformas de petróleo. Quando a paralisação dura poucos dias, dificilmente há impactos de produção.
"A empresa adotou medidas de contingência para assegurar a continuidade das operações e reforça que o abastecimento ao mercado está garantido", disse a Petrobras, em nota, pontuando que respeita o direito de manifestação dos empregados.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que a paralisação teve início ainda de madrugada com a entrega da operação das plataformas do Espírito Santo e do Norte Fluminense às equipes de contingência da empresa, além da adesão integral dos trabalhadores do Terminal Aquaviário de Coari, no Amazonas.
Já às 7h da manhã, a FUP informou que seis refinarias vinculadas a ela não realizaram a troca de turno -- procedimento em que não ocorre a passagem formal da operação para a equipe seguinte, impedindo o revezamento regular e exigindo o acionamento de contingência, conforme os protocolos de segurança.
A situação ocorre nas refinarias Regap (Betim/MG), Reduc (Duque de Caxias/RJ), Replan (Paulínia/SP), Recap (Mauá/SP), Revap (São José dos Campos/SP) e Repar (Araucária/PR), reforçando o caráter nacional e unitário da greve, segundo a FUP.
A estatal destacou que está em processo de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho desde o final de agosto deste ano. Na última terça-feira, a companhia apresentou mais uma proposta, que segundo a empresa contempla "avanços aos principais pleitos sindicais".
"A Petrobras segue empenhada em concluir a negociação do acordo na mesa de negociações com as entidades sindicais."
A FUP, por outro lado, afirmou que os trabalhadores apresentaram uma pauta há mais de três meses e os três eixos centrais seguem sem resposta: a distribuição justa da riqueza gerada pela Petrobras, o fim dos Planos de Equacionamento de Déficits (PEDs) da Petros e o reconhecimento da pauta do Brasil Soberano, com a suspensão de desinvestimentos e demissões no setor de E&P.
"O primeiro dia da greve nacional da categoria petroleira já demonstra um movimento muito forte em todos os Estados do país", disse em nota o diretor-geral da FUP, Deyvid Bacelar, pontuando que além da adesão de plataformas e refinarias, há movimentos em terminais de processamento de gás e bases administrativas.
Paralelamente à greve, aposentados e pensionistas seguem, pelo quinto dia consecutivo, em vigília em frente ao Edisen, edifício-sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, acrescentou a FUP.