O fundador e CEO do Nubank, David Vélez, disse que a fintech deveria ter feito antes a mudança de modelo de trabalho, de remoto para híbrido. Anunciada no começo de novembro, a mudança gerou polêmica e demissões no banco digital.
"Acho que o modelo híbrido é o melhor dos dois mundos", disse Vélez na terça-feira, 10, em conversa com jornalistas. "Esse modelo gera espaço semanal para todas as equipes estarem fisicamente juntas, o que é fundamental para o que uma instituição financeira faz", ressaltou o executivo.
Fatores como criatividade, comunicação, inovação, produtividade, requerem o trabalho presencial, segundo Vélez. Com o híbrido, há a flexibilidade ainda de trabalhar em casa. "O híbrido, provavelmente, é o futuro do trabalho."
Em um trabalho 100% remoto, Vélez ressaltou que a construção da cultura e o desenvolvimento de produtos ficam uma tarefa difícil. A criação e invenção são coisas que acontecem quando há um monte de pessoas dentro de uma sala juntas, pensando em problemas, ideias e projetos. "O Nubank começou assim", disse Vélez. E muito da agilidade que tinha no começo foi se perdendo durante a fase 100% remota com a pandemia.
O Nubank vai passar em junho de 2026 de um modelo remoto para a exigência de dois dias por semana; em janeiro de 2027, serão três dias.
Vélez disse que foi oferecida uma série de flexibilidades para o ajuste dos funcionários, como a possibilidade de escolher o escritório em que querem trabalhar, além de oito meses de prazo para o ajuste e até ajuda de custo para mudança de cidade.
"Procuramos fazer essa mudança da forma menos traumática possível." Mas funcionários descontentes usaram canais de comunicação internos para criticar a medida, houve demissões, e o sindicato dos bancários entrou na discussão.
Na sede do Nubank em São Paulo já não há espaço para todos os funcionários. Por isso, deve ocorrer uma expansão, disse a presidente do banco no Brasil, Livia Chanes. Estão sendo abertos ainda escritórios novos em Campinas e Belo Horizonte.
Campos Neto
Já sobre a polêmica envolvendo a contratação do ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, criticado por ter ido do regulador para uma empresa regulada em um prazo rápido, Vélez disse não entender a razão do problema, já que ele ficou um tempo afastado antes de assumir a função na fintech, o chamado "garden leave".
Além disso, o CEO do Nubank ressaltou que outros ex-BCs foram trabalhar no setor privado, no Brasil e outras partes do mundo.
Vélez disse que Campos Neto também falou com outros bancos antes de se decidir pelo Nubank e elogiou o ex-banqueiro central. "Tem conhecimento muito forte de macroeconomia, de regulação bancária e financeira e tem um entendimento muito bom de tecnologia."