Bancos emitem alertas de golpe para proteger usuários de possíveis fraudes, e especialistas recomendam pausar a transação para verificar a legitimidade, evitar agir sob pressão e garantir que canais utilizados sejam oficiais.
Esta é uma experiência que já deve ter acontecido com muita gente: você está lá prestes a fazer um Pix, colocou todas as informações necessárias, quando, antes de finalizar a transação, surge um alerta do banco para a suspeita de que aquilo parece ser um golpe. O corpo chega a gelar e bate a dúvida: fazer ou não fazer a transação?
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Primeiro é preciso entender quando e por que o aviso de suspeita de golpe apareceu na tela. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), não há uma norma padrão de critérios para que os bancos alertem usuários sobre possíveis golpes. Cada instituição desenvolve seus próprios mecanismos.
Mark Sze, head de prevenção à fraude em produtos e operações da fintech Neon, explica que os bancos usam dados de bases públicas disponibilizadas pelo Banco Central para verificar se chaves Pix, CPFs ou CNPJs já foram associados a fraudes, assim como se utilizam de fontes privadas de inteligência. Além disso, as instituições costumam analisar o padrão de comportamento do usuário e as características do dispositivo que costuma ser utilizado por ele.
"Quando algum desses elementos apresenta inconsistência ou foge ao padrão esperado, o sistema aciona um alerta preventivo para orientar o usuário", afirma.
Ou seja, uma transação de um valor acima do comum na rotina daquele usuário pode gerar um alerta de suposto golpe, mesmo que a chave Pix inserida não esteja vinculada a uma fraude.
Uma vez eu fui pagar um boleto q eu mesma gerei em outro aplicativo e quando eu fui pagar deu aviso de golpe.
Não paguei o boleto que eu mesma gerei https://t.co/O0wPAlw9ft
— 𝕋𝕚𝕝𝕒 ᶜʳᶠ Ψ | 🦥 (@denunes_crf) November 1, 2025
O que fazer ao receber alerta de suposto golpe?
O especialista em segurança digital recomenda que o usuário interrompa a transação para checar a legitimidade dela.
"O usuário deve confirmar se a pessoa, empresa ou site realmente são quem dizem ser e evitar agir sob pressão de mensagens urgentes, contatos inesperados ou cobranças imediatas — situações comumente exploradas por golpistas. Também é importante verificar se o canal utilizado é oficial, conferindo números de telefone, perfis verificados e e-mails institucionais", diz.
Confiança pode ser um fator de risco no meio virtual
Uma publicação de 1º de novembro no X (antigo Twitter) de uma jovem que sofreu um golpe depois de ignorar os alertas que surgiram na tela do app da instituição financeira alcançou mais de 926 mil visualizações. O perfil compartilhou quatro capturas de tela com alertas diferentes que ela recebeu, mas decidiu continuar com a transação. Em um dos comentários, a jovem explicou que já tinha recebido alertas do tipo em transações idôneas e, por isso, ignorou os novos avisos.
Para Rodrigo Sanchez, Diretor de Autenticação e Prevenção a Fraude da Serasa Experian, pessoas mais jovens, que já nasceram acostumadas ao ambiente digital, precisam estar atentas ao excesso de confiança que as deixa mais suscetíveis a golpes.
"O público mais jovem é um público muito habituado ao canal digital. Então ele se sente muito seguro a tomar alguns riscos a mais ou avançar em algumas jornadas a mais. E são nesses momentos que o fraudador às vezes se beneficia desse processo e consegue capturar uma brecha e conseguir lesar esse público", afirma.
Gente era golpe KKKKKK https://t.co/VRZ2Nv0OfT
— May (@Gisellecupid) November 1, 2025
Um levantamento da Serasa mostrou que as tentativas de fraude contra jovens de até 25 anos cresceram mais de 40% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, representando a maior taxa de aumento entre todas as idades.
A Serasa fornece às empresas serviços de cibersegurança, em que monitora e identifica transações que podem ser fraudulentas. Com isso, no primeiro semestre de 2025, a datatech afirma ter evitado 6,9 milhões de ataques no País.
Um dos mecanismos usados é similar ao do alerta enviados pelos bancos dentro dos apps, mas, neste caso, a Serasa pode entrar em contato com o consumidor para saber se ele confirma tal transação. Sanchez alerta, porém, que nenhum dado sensível é solicitado nessa comunicação.
"Não tem a necessidade de revalidar, uma senha, não tem a necessidade de revalidar um dado pessoal do seu CPF ou qualquer dado sigiloso seu", afirma Sanchez, reforçando a orientação para que nunca forneçam dados do tipo sem que o consumidor tenha, ele próprio, procurado ativamente um canal oficial de comunicação.