Medo de demissão silencia metade dos profissionais que sofrem assédio moral

A nova edição do estudo Trabalho Sem Assédio também mostrou que 57% dos profissionais já presenciaram situações de assédio

27 out 2025 - 06h19
(atualizado às 10h19)
Resumo
Quase metade dos profissionais brasileiros já vivenciou assédio moral no trabalho, mas muitos deixam de denunciar por medo de retaliação ou demissão, enquanto os casos de assédio sexual também são pouco reportados, evidenciando a necessidade de soluções organizacionais efetivas e maior conscientização.
Foto: Freepik

O assédio no ambiente de trabalho ainda é uma realidade recorrente para profissionais em todo o Brasil. É o que revela a nova edição da pesquisa Trabalho Sem Assédio 2025, conduzida pela Think Eva, consultoria estratégica para equidade de gênero, em parceria com o LinkedIn, maior rede social profissional do mundo, e que traça um panorama completo sobre os assédios moral e sexual nos ambientes profissionais, seus impactos e a resposta das organizações. Segundo o levantamento, quase metade dos profissionais já vivenciou assédio moral no trabalho, e 48,5% deles(as) afirmaram não denunciar esse tipo de violência por medo de retaliação ou demissão. 

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Apesar dos avanços e da maior visibilidade sobre o tema, a pesquisa mostra que o assédio moral é o tipo de violência mais citado no ambiente profissional. O cenário é agravado por sentimentos de insegurança, exposição e descrédito, que dificultam a tomada de atitude por parte das vítimas e alimentam a subnotificação. 

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“Estamos diante de um cenário que exige ação imediata e estratégica das lideranças. A subnotificação do assédio e a baixa adesão aos canais de denúncia indicam um problema que vai além da gestão de pessoas, sendo reflexo de estruturas organizacionais que ainda falham em garantir acolhimento, segurança psicológica e confiança para seus profissionais. Essa inação tem um custo altíssimo, impactando diretamente a retenção de talentos, derrubando a produtividade e manchando a reputação”, afirma Ana Plihal, executiva de Soluções de Talento do LinkedIn no Brasil.

Assédio sexual segue presente e pouco denunciado

O estudo revela que o assédio sexual ainda está amplamente presente nos ambientes profissionais. Mais de um terço das mulheres afirma já ter vivido esse tipo de situação ao longo da carreira, enquanto 57% dos profissionais - homens e mulheres - dizem já ter presenciado episódios de assédio sexual no trabalho, mesmo que não tenham sido diretamente afetados. Os dados mostraram, inclusive, que 75% das pessoas que já vivenciaram ou testemunharam situações de assédio em seus trabalhos identificaram esse tipo de agressão pelo menos uma vez ao mês.

Apesar da alta incidência, o encaminhamento para canais formais é ainda mais raro nestes casos. Apenas 10% das mulheres que já sofreram assédio sexual no trabalho recorreram aos canais oficiais de denúncia oferecidos pelas empresas. Entre os principais motivos apontados estão o medo da impunidade, da exposição pública e da minimização do caso por colegas ou lideranças. 

A pesquisa revelou que apenas 35% dos casos são de conhecimento das empresas e cerca de 50% dos colaboradores brasileiros não enxergam ações voltadas para isso nas organizações onde trabalham, destacando a necessidade de implementação de canais internos de denúncia eficazes e de políticas antiassédio robustas no ambiente corporativo.

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“É preciso coragem para enfrentar esse problema e garantir um ambiente de trabalho seguro e inclusivo de verdade. Fomentar uma cultura organizacional ética e a confiança nos canais de denúncia e protocolos de apuração não é bom só para os colaboradores, mas também para os negócios”, explica Maíra Liguori, cofundadora da Think Eva.

Mesmo entre profissionais de empresas obrigadas a implementar ações de prevenção ao assédio, conforme determina a Lei Emprega + Mulheres (Lei 14.457/22), 83% afirmam desconhecer a existência da legislação ou suas obrigações básicas. O dado sugere que a falta de comunicação interna e formação contínua sobre o tema ainda representa um gargalo relevante. Para além das políticas da empresa, os profissionais precisam ter acesso a recursos que os ajudem a compreender seus direitos, aprender a utilizar os canais de denúncia de forma eficaz.

Efeitos diretos na saúde mental e nas carreiras

A pesquisa mostra que o assédio no trabalho, seja moral ou sexual, impacta diretamente a saúde emocional e a trajetória profissional das pessoas.

Entre quem passou por assédio moral, os sintomas mais citados são desânimo (43%), ansiedade e depressão (34%) e queda na autoconfiança (33%). O impacto na carreira também é inevitável: 1 em cada 6 profissionais pediu demissão após vivenciar esse tipo de violência, e 1 em cada 3 repensou seus planos de carreira. No caso do assédio sexual, mais de um terço das mulheres afirmam já ter enfrentado essa situação, e 16% delas deixaram seus empregos como consequência direta.

O assédio nos meios digitais

A pesquisa também evidencia que 27% dos profissionais ouvidos afirmaram já terem sido abordados por mensagens com conteúdo sexual inadequado nas plataformas digitais, e 29% disseram já ter passado por situações de exposição, comentários ofensivos ou constrangimentos nas redes sociais.

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Para as Diretrizes da Comunidade do LinkedIn, investidas românticas e assédio são consideradas violações. Para identificá-las com agilidade e assertividade, a plataforma conta com equipes e o auxílio de tecnologia proprietária, que trabalham em conjunto para remover proativamente todo tipo de conteúdo prejudicial. Profissionais que presenciarem ou sofrerem situações de assédio na plataforma podem relatar o caso por meio das ferramentas de denúncia disponíveis em cada publicação, comentário ou perfil. A plataforma também oferece um recurso de segurança avançado opcional, que, quando ativado, detecta e oculta mensagens prejudiciais, facilitando a denúncia.

Outra importante ferramenta eficaz no combate ao assédio digital é garantir que os usuários utilizem sua identidade real no uso da plataforma. Ao adicionar uma camada de responsabilidade e transparência, a verificação de identidade ajuda a dissuadir comportamentos inadequados e dificulta que indivíduos se escondam no anonimato para praticar o assédio. 

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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