Na primeira hora do evento de lançamento do livro A Alma Brasileira do Negócio - Da era de ouro à era digital, como a comunicação transforma o mundo, do publicitário Luiz Lara, mais de 300 livros já tinham sido vendidos. A equipe da Livraria da Travessa do Shopping Iguatemi, em São Paulo, não esperava tanta gente no evento e teve de pedir mais 40 livros de outra unidade, rapidamente vendidos. Mesmo assim, muita gente ficou sem seu exemplar.
O sucesso do lançamento tem explicação. "O Lara sempre foi uma pessoa agregadora. Esse lançamento atraiu tanta gente por isso: ele é a pessoa que conecta todo mundo no mercado de publicidade", disse o publicitário Marco Piza, que trabalhou com o autor em agências como F/Nazca Saatchi & Saatchi, Africa, lew'lara e AlmapBBDO, entre outras.
Na obra, Lara fala como foram as últimas décadas vividas por ele no mercado publicitário e faz uma avaliação do momento atual. Escrito em parceria com jornalista Thales Guaracy, o livro surgiu de uma ideia do psicólogo de Lara. "Foi uma sugestão dele, que eu escrevesse sobre tudo que vivi e assim exorcizasse várias décadas da minha vida", disse o autor.
Não que a carreira dele tivesse sido de sofrimento e precisasse de esconjuração. "Mas seria um bom jeito de ter olhos afetivos com o meu passado, e, no fim, me fez um bem enorme escrever", completou ele, que discorre no livro sobre suas primeiras aventuras no setor, ao conseguir patrocínios para os shows que promovia no colégio Rio Branco, até a presidência do conselho do Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário (Cenp), cargo que ocupa hoje. Grandes marcas como Natura, Banco Real, Santander, Friboi foram clientes do autor por décadas.
O prefácio do livro foi escrito por Fábio Barbosa, ex-presidente do Banco Real (cliente de Lara na lew'lara), do Grupo Santander Brasil e da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). "Sou grande fã do trabalho do Lara. Ele foi pioneiro em falar de sustentabilidade no Banco Real numa época em que o assunto ainda não era moda. E, diferentemente de muitos publicitários, ele nunca foi só o cara da grande sacada, da grande ideia. Ele procurava conhecer primeiro a empresa, a essência da companhia e usava isso para fazer suas campanhas", diz Barbosa, hoje presidente do conselho de administração da Natura.
Essa postura foi citada como uma das qualidades mais marcantes de Lara por mais de um dos presentes no evento. "Além de ser um profissional de se admirar, ele é um exemplo de ética. Creio que o livro vai ajudar os profissionais do mercado a ter mais respeito pela classe", declarou Toninho Izidoro, da agência Izidoro Marketing Promocional e amigo de Lara há mais de 40 anos.
"Lara tem muitas qualidades, e uma delas é cultivar relacionamentos. Ao longo desses anos, ele se manteve conectado e atuante em um mundo em franca e forte disrupção, no qual os profissionais são constantemente desafiados a se reinventar", afirmou Fernando Byington Egydio Martins, ex-vice-presidente do ABN Amro Real, do Santander e da Brookfield Brasil.
A grande atração do livro, entretanto, é o próprio Lara, segundo Hugo, sócio da WMcCann. "Ele esteve como protagonista em todas as fases da propagandas nas últimas décadas. Creio que esse será um ótimo livro para quem está no mercado, uma motivação para continuar seguindo", afirmou.
Paula Nader, ex-diretora de marketing do Santander, concorda. "Ele nunca foi publicitário de fazer campanha só para ganhar prêmio. Sempre foi agregador e conectado com o que acontece na economia do País. Ele ajudou muito a desenvolver o mercado
Pegada social
Em A Alma Brasileira do Negócio, Lara também fala sobre sua atuação com causas sociais. Ele está há 25 anos no Conselho da Childhood, entidade fundada pela Rainha Silvia da Suécia que atua pela proteção da infância, contra o abuso e exploração sexual infantil. O publicitário também está no Conselho do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE).
"Estou curiosa para saber como ele retrata essa atuação na área social no livro", disse Neca Setubal, umas das herdeiras do grupo Itaú e reconhecida por anos de atuação na educação pelo terceiro setor. A nova presidente do conselho curador da Fundação Padre Anchieta afirmou que sempre acompanhou os trabalhos de Lara no terceiro setor. "Ele sempre fez trabalhos 'pro bono', voluntariamente e ajudou em muitas campanhas com cunho social", disse ela.
A Alma Brasileira do Negócio foi escrita em três meses. Diante da rapidez e do sucesso do lançamento, houve quem perguntasse a Lara se outras obras poderiam vir. "Não, acho que não tenho mais tanto assunto assim. Já contei tudo que vi e vivi nesse", afirmou o publicitário.