Empresários e a CNI defendem negociação em vez de retaliação à sobretaxa de Trump, propondo medidas para mitigar impactos e buscando diálogo com empresas e governo dos EUA.
Empresários brasileiros não querem que o governo retalie a sobretaxa de 50% confirmada por Donald Trump em um decreto na última quarta-feira, 30. Ao menos isso é o que mostra uma pesquisa feita pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), entre os dias 24 e 30 de julho, antes da publicação da ordem executiva por Trump, e uma manifestação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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Segundo a Amcham, 88% dos respondentes à pesquisa defendem que o melhor caminho é negociar, sem recorrer a medidas de reciprocidade. E 86% avaliam que uma possível retaliação causaria agravamento das tensões com os EUA e redução do espaço para diálogo. Ao todo, representantes de 162 companhias foram ouvidas.
Na mesma linha de pensamento, a CNI divulgou uma nota, ainda na noite de quarta, 30, em que diz que 'descarta a possibilidade de retaliação', apesar de a tarifa comprometer cadeias produtivas, reduzir a produção e ameaçar empregos.
“Não há justificativa técnica ou econômica para o aumento das tarifas, mas acreditamos que não é hora de retaliar. Seguimos defendendo a negociação como forma de convencer o governo americano de que essa medida é uma relação de perde-perde para os dois países, não apenas para o Brasil”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.
A confederação enviou ao governo federal uma proposta com oito medidas que poderiam ser adotadas para atenuar os efeitos das tarifas sobre as empresas, como concessão de crédito a juros mais baixos e o adiamento de pagamento de tributos. A relação foi entregue ao ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e vice-presidente Geraldo Alckmin
A CNI também anunciou que está organizando uma missão empresarial aos Estados Unidos para aproximar empresas brasileiras e americanas, que mantêm relações comerciais. Segundo a confederação, o objetivo é "promover a sensibilização mútua sobre os impactos negativos do tarifaço e ampliar canais de interlocução" e não há intenção de interferir nas negociações entre os governos.