O Ibovespa desabou mais de 4% nesta sexta-feira, na maior queda em um dia desde fevereiro de 2021, em correção desencadeada pelo anúncio de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi escolhido pelo pai para ser candidato a presidente da República em 2026.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 4,31%, a 157.369,36 pontos, após avançar a 165.035,97 na máxima do dia, renovando topo histórico. No pior momento, recuou a 157.006,61 pontos.
Com tal desempenho, a primeira semana de dezembro acabou com queda acumulada de 1,07%, ante acréscimo de mais de 3% até a véspera. No ano, o Ibovespa ainda sobe 30,83%.
O volume financeiro no pregão desta sexta-feira disparou para R$44,3 bilhões, ante média diária de cerca de R$24 bilhões no ano.
A piora na B3 teve como gatilho o noticiário sobre decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de escolher seu filho mais velho para ser o candidato do bolsonarismo à Presidência no ano que vem e se acentuou com a confirmação pelo próprio senador.
De acordo com o analista-chefe da Levante Inside Corp, Eduardo Rahal, com a notícia da candidatura de Flávio Bolsonaro, os agentes passam a recalibrar cenários, incorporando maior incerteza política ao balanço de riscos.
"A tendência daqui para frente é de aumento de volatilidade à medida que o mercado ajusta suas expectativas para o ciclo eleitoral", afirmou.
Na visão do economista Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, a leitura dominante é que esse anúncio esvazia a expectativa, antes bastante presente entre investidores, de que Tarcísio de Freitas poderia se consolidar como uma alternativa competitiva ao atual governo em 2026.
"Sem o apoio explícito de Bolsonaro, a probabilidade de Tarcísio optar pela reeleição em São Paulo aumenta, e isso reduz o campo para uma disputa presidencial equilibrada", avaliou.
"A consequência prática é uma piora na percepção de governabilidade futura e, sobretudo, na capacidade de construção de um programa de ajuste fiscal a partir de 2027", afirmou.
Antes da piora, o Ibovespa renovou máxima histórica intradia, tendo como pano de fundo um cenário que inclui perspectiva de manutenção de cortes de juros nos Estados Unidos e começo de um ciclo de redução da Selic no próximo ano.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL ON afundou 7,07%, com o setor bancário como um todo registrando fortes perdas na esteira do movimento de aversão a risco que prevaleceu no mercado brasileiro, principalmente à tarde. BRADESCO PN caiu 5,97%, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN recuou 4,62% e SANTANDER BRASIL UNIT cedeu 4,41%.
- PETROBRAS PN caiu 3,54%, descolada da alta do petróleo no exterior, também sucumbindo à pressão vendedora na bolsa paulista. PETROBRAS ON cedeu 4,48%.
- VALE ON recuou 2,36%, também arrastada pela piora do humor dos investidores, em dia ainda marcado pela queda dos futuros do minério de ferro na China.
- YDUQS ON desabou 10,84%, liderando as quedas do índice e com ações sensíveis a juros entre as mais pressionadas, em meio à disparada das taxas dos contratos de DI. Também na ponta negativa do Ibovespa, AZZAS 2154 ON afundou 9,96%, tendo ainda no radar que notícia publicada pelo Brazil Journal de que o fundo de pensão canadense CPPIB está vendendo parte de sua posição na empresa.
- WEG ON subiu 2,64%, entre as poucas altas do pregão, assim como KLABIN UNIT e SUZANO ON, que avançaram 1,47% e 1,94%, respectivamente, conforme o dólar subiu mais de 2%, para R$5,4346.