Linhas de crédito nos EUA oferecem oportunidades para imigrantes, mas exigem histórico financeiro sólido, com foco em tempo de residência, uso consistente de serviços financeiros e planejamento cuidadoso para evitar endividamento excessivo.
Chegar aos Estados Unidos e ter acesso a linhas de crédito pode parecer simples, mas a realidade é mais complexa e depende de fatores como tempo de residência e histórico financeiro. A avaliação é do advogado Daniel Toledo, especialista em Direito Internacional e fundador da Toledo e Associados, que atua em processos de imigração e negócios internacionais.
Segundo Toledo, quem está no país há menos de dois anos dificilmente consegue acesso a crédito relevante, mesmo com um bom score. “O crédito score é importante, mas não basta. O que realmente pesa para as instituições é o crédito histórico, ou seja, o tempo de utilização de serviços financeiros e pagamentos consistentes. Sem ao menos dois anos de histórico, as opções são muito limitadas”, explica.
Dados do Federal Reserve mostram que o mercado de crédito americano é o maior do mundo, com mais de US$ 17 trilhões em dívidas de consumo em 2024, abrangendo desde cartões de crédito até financiamentos imobiliários. As taxas de juros variam amplamente: pequenos empréstimos pessoais podem ultrapassar 20% ao ano, enquanto linhas empresariais com garantias e bom histórico podem ficar na faixa de 8% a 12%.
Toledo exemplifica com o caso de seu próprio filho, residente nos EUA desde pequeno, que alcançou score de 785 ao completar 18 anos. Apesar da nota elevada, ele não conseguiu aprovação em financiamentos sem a assinatura de um responsável. “O sistema americano trata recém-chegados da mesma forma que jovens adultos, sem histórico de crédito suficiente, as restrições são grandes”, afirma.
Para empreendedores estrangeiros, as linhas de crédito se tornam mais vantajosas após cinco a dez anos de histórico sólido. “Com mais de uma década de bom relacionamento financeiro, é possível acessar montantes altos com taxas muito competitivas. Em 2014, por exemplo, conseguimos um limite de US$ 500 mil a uma taxa anual de 1,99%, algo impensável hoje, mas que mostra como o mercado valoriza histórico e confiabilidade”, relata o advogado.
O especialista alerta, no entanto, para o risco do endividamento excessivo. Segundo a Experian, um dos principais bureaus de crédito dos EUA, a média de dívidas por consumidor ultrapassa US$ 21 mil. “O acesso ao crédito é amplo e, muitas vezes, sedutor. Se não houver planejamento, o que seria uma ferramenta de crescimento pode se tornar armadilha financeira”, observa Toledo.
Além do crédito pessoal, imigrantes podem encontrar oportunidades em linhas voltadas a empresas, como financiamento de estoque, maquinário e fluxo de caixa. Nesse cenário, a comprovação de capacidade de pagamento e a consistência do histórico pesam tanto quanto o score.
Para quem está chegando agora, a recomendação é construir o histórico de forma gradual, começando por cartões de crédito com limites baixos, contas de serviços em nome próprio e pagamentos pontuais. “É um processo que exige paciência. Mas, com disciplina e planejamento, o crédito nos EUA pode ser uma ferramenta poderosa para imigrantes que desejam investir, empreender e expandir negócios”, conclui Toledo.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.