Dólar recua 1% ante real, mas fecha sexto mês em alta

Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em cerca de US$ 1 bilhão

27 fev 2015 - 18h01
<p>A taxa fechou a R$ 2,8777 para compra e R$ 2,8782 para venda</p>
A taxa fechou a R$ 2,8777 para compra e R$ 2,8782 para venda
Foto: Getty Images

Em uma sessão marcada por volatilidade devido à briga pela Ptax (taxa de câmbio calculada durante o dia) de fevereiro, o dólar chegou a superar R$ 2,92. Mas passou a cair e fechou em queda de 1%, após números fortes sobre as contas públicas aliviarem parte das preocupações do mercado com a solidez do ajuste fiscal.

Mesmo assim, a divisa marcou o sexto mês consecutivo de apreciação, refletindo ainda a deterioração dos fundamentos macroeconômicos domésticos e a aproximação da alta de juros nos Estados Unidos.

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A moeda americana recuou 1,01%, a R$ 2,8560 na venda, após chegar a R$ 2,8444 na mínima e R$ 2,9211 na máxima da sessão. Em fevereiro, a divisa subiu 6,19%, acumulando valorização de 27,56% nos últimos seis meses. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 2,85 bilhões).

Segundo analistas, a tendência é que a escalada continue, mas possivelmente mais lenta, com investidores dando um respiro até que encontrem novos motivos para voltar a comprar dólares.

"Todo mundo sabe que o dólar tem espaço para subir, a questão é quão rapidamente isso vai acontecer. Por enquanto, parece que a estilingada perdeu um pouco de força", afirmou Felipe Pellegrini, gerente de câmbio do Banco Confidence.

Alívio do BC

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Dados do BC mostraram nesta manhã que o setor público consolidado apresentou superávit primário de R$ 21,063 bilhões em janeiro, melhor do que o esperado por analistas.

A cifra tirou alguma força da preocupação de investidores com a perspectiva de o ajuste fiscal promovido pela equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não ser capaz de resgatar a credibilidade da política fiscal, principalmente em um quadro de contração econômica e inflação elevada.

"É uma primeira informação, vamos ter que esperar as demais. Para o dia de hoje, é animador", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, Jankiel Santos.

O governo também anunciou mais medidas de restrição fiscal, mais do que dobrando o imposto sobre a folha de pagamento e reduzindo a alíquota do Reintegra até 2017, injetando ainda mais confiança nos mercados financeiros.

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Aumento de juros do Fed

No front externo, a perspectiva de que o aguardado início do aumento de juros nos Estados Unidos está cada vez mais próximo também vem pressionando o câmbio. Na sessão passada, indicadores econômicos americanos mistos deram força a essas expectativas e elevaram a divisa americana.

A pressão continuou após o fechamento do mercado à vista, com o primeiro contrato futuro do dólar, cujas negociações encerram mais tarde, atingindo R$ 2,93. Parte do avanço visto nesta manhã representou um ajuste do mercado à vista a esse movimento, o que também explicava a queda mais expressiva apresentada pelo dólar para abril.

A volatilidade desta sessão foi acentuada ainda pela briga que costuma anteceder a formação da Ptax de fim de mês, taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para diversos contratos cambiais.

Nos últimos pregões do mês, operadores costumam realizar operações pontuais para deslocar a Ptax a patamares favoráveis a suas posições. "Se não bastasse a enxurrada de dados, hoje é um dia tipicamente volátil", explicou Glauber Romano, operador de câmbio da corretora Intercam.

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Venda de dólares do BC

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 500 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.500 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98,0 milhões.

Investidores aguardam agora o anúncio da próxima etapa de rolagem dos swaps cambiais que vencem em abril, equivalentes a US$ 9,964 bilhões, sob expectativa de que novamente o BC reponha integralmente esses swaps.

Devem crescer no mercado também os questionamentos sobre o futuro do programa de intervenções diárias, marcado para durar até "pelo menos" o fim de março.

"O mercado vai começar a se perguntar qual vai ser a postura do BC. Vai ser mais uma fonte de ruído", afirmou o superintendente de derivativos de uma corretora internacional.

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