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SP: desempregado leva quase um ano em busca de trabalho

Tempo médio à procura de qualquer trabalho, seja uma vaga formal ou 'bicos', foi de 48 semanas em 2018, o dobro do registrado antes da crise

1 mai 2019 - 04h11
(atualizado às 08h52)

Há mais de um ano, Rosilene Soares tenta voltar ao mercado de trabalho. A auxiliar de limpeza, de 46 anos, era contratada de uma empresa que prestava serviço terceirizado em edifícios comerciais, em São Paulo. No meio da crise, ela ficou desempregada. Os quatro filhos ajudam nas contas catando material reciclável para vender.

"Antes, quem trabalhava direitinho tinha sempre emprego garantido, as agências ligavam para oferecer vagas. Agora ficou muito ruim, nem consigo ser chamada para entrevistas", conta, enquanto aguarda na longa fila de um dos Postos de Atendimento ao Trabalhador (PAT) da capital paulista. Para milhões de profissionais assim como ela, a peregrinação por agências de emprego virou rotina - com uma espera cada vez mais longa.

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O tempo médio em que os desempregados da Grande São Paulo estão buscando trabalho foi recorde no ano passado, chegando a 48 semanas - quase um ano. Mesmo após o fim da recessão, 2018 teve o pior resultado da série histórica da pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), empatado com 2004.

'Enquanto o governo aprende a fazer política, a economia se deteriora', critica ex-BC Luis Eduardo Assis.
'Enquanto o governo aprende a fazer política, a economia se deteriora', critica ex-BC Luis Eduardo Assis.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão Conteúdo

Os dados mostram um aumento nos últimos quatro anos do tempo em que o trabalhador está no desemprego aberto - quando além de não achar uma vaga formal, não consegue fazer "bicos". Em 2014, antes da recessão e com o mercado de trabalho aquecido, a situação era bem diferente: o trabalhador ficava a metade do tempo, 23,5 semanas, nessa condição. Em março, o dado mais recente, a busca por uma oportunidade demorava 44 semanas.

A economista da Fundação Seade, Paula Montagner, lembra que, geralmente, as pessoas que perdem o emprego e demoram para voltar ao mercado acabam dependendo de outros componentes da família para sobreviver. "Em 80% dos casos, as pessoas mais próximas acabam se virando para dar um suporte. Outros dependem de doações de igrejas ou da comunidade. Mas a situação é muito precária."

Ela avalia que, mesmo se houver uma volta nos investimentos, com a aprovação de reformas, ainda vai levar tempo para que o mercado de trabalho se recupere. "Ao se considerar as crises das décadas de 1980 e 1990, era possível observar que as medidas econômicas levavam de seis a oito meses para surtir efeito no emprego. Infelizmente, as pessoas já estão há muito tempo nessa condição."

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Já o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Luis Eduardo Assis avalia que passou da hora de o governo transformar a geração de empregos em prioridade. "Enquanto o governo aprende a fazer política, a economia se deteriora. Até agora, a massa sem trabalho espera pacientemente alguma medida, mas até quando vai esperar?"

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