Com picos de 800 mil pessoas por dia, 25 de Março reúne lojas renovadas e tradicionais

Popular centro de compras hoje inclui 17 ruas e cerca de 3.800 estabelecimentos; nome oficial foi dado a 160 anos

26 dez 2025 - 12h12

A loja de tecidos que ficava na esquina virou comércio de fantasias e agora deu lugar a um estabelecimento que vende de maquiagem a utilidades para casa. Já a agência de banco abriu espaço para mais uma galeria com pequenos estandes. Por outro lado, continuam ali clássicos como os Armarinhos Fernando, com sua fachada amarela, o Depósito de Meias São Jorge, a Niazi Chohfi. Entre as mudanças constantes e o que parece permanente, a Rua 25 de Março vive dias de pico de movimento em dezembro, quando o público diário passa de 200 mil para até 800 mil pessoas, conforme a União de Lojistas da 25 de Março (Univinco).

O turismo de compras é um dos motores centrais dessa movimentação. Estima-se que cerca de 60% dos consumidores venham de outros Estados semanalmente, com destaque para as Regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste, além do interior paulista. Segundo a Univinco, a região também atrai visitantes estrangeiros.

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Movimentação na Rua 25 de Março: Univinco estima que 60% dos visitantes sejam de outras regiões do País
Movimentação na Rua 25 de Março: Univinco estima que 60% dos visitantes sejam de outras regiões do País
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão

"Atendemos muitos turistas, não só do Brasil, mas da América Latina e da Europa. Recebemos pessoas do Chile, Estados Unidos, Canadá, Portugal e China", diz o gerente do Depósito de Meias São Jorge, Valdir Carvalho. A loja comercializa moda íntima no local desde 1955. Além dos turistas, entre 30% e 40% do público diário é formado por atacadistas.

Desde o fim do século 19, o local é um reduto de sírios e libaneses, que por volta de 1800 trabalhavam principalmente como mascates. Os preços baixos atraíram esses imigrantes para a instalação de seus comércios.

A região central, conhecida como Várzea do Carmo, era alagadiça e sofria inundações constantes por ficarem aos pés do Rio Tamanduateí. Após a grande enchente de 1810, obras de retificação e aterramento canalizaram o rio e liberaram o espaço para a urbanização.

Apesar de ser conhecida como 25 de Março há 160 anos, a via já teve outros nomes antes disso. Rua Várzea do Glicério; Rua das Sete Voltas; Rua de Baixo; e Rua Baixa de São Bento são alguns deles. Foi somente em 28 de novembro de 1865 que o local foi rebatizado pela última vez, em homenagem ao 25 de Março de 1824, dia da outorga da primeira Constituição brasileira.

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No decorrer do século passado, o perfil comercial da 25 de Março - que se destacava pela venda de produtos têxteis - se diversificou ao incorporar brinquedos, bijuterias, eletrônicos, festas e utilidades domésticas. Esse movimento tornou o espaço um grande centro de distribuição nacional, influenciando, também, o turismo.

A Univinco estima que, ainda hoje, a região concentra cerca de 80% de comerciantes imigrantes oriundos da Síria, do Líbano e de outros países do Oriente Médio. Há também presença expressiva de asiáticos. Mais do que uma via em si, a 25 de Março virou sinônimo de uma região com 17 ruas, onde cerca de 3.800 lojas se distribuem.

Com mais de duas décadas de atuação como guia turístico na região, Luciano de Abreu, de 66 anos, fundou um negócio dedicado a explorar a Rua 25 de Março sob as perspectivas comercial e histórica. Abreu reforça que a área iniciou as atividades comerciais a partir das imigrações, especialmente árabes.

Aos poucos, pela história e pela cultura, o local se transformou em ponto de interesse para turistas. Abreu indica que dois perfis principais compõem o público que frequenta a região: pequenos lojistas, que compram para revender, e pessoas físicas, que adquirem itens para uso cotidiano ou por encomenda.

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Pelo intenso movimento de pessoas e mercadorias, a rua é excluída dos roteiros convencionais de city tour, que não permitem uma exploração adequada do espaço. Como alternativa, os passeios costumam incluir áreas adjacentes e igualmente importantes, como a Ladeira Porto Geral e o Mercadão Municipal. (Com reportagem de Eric Rodrigues, Jéssica de Holanda, Luísa Giraldo, Manuela Miniguini, Mirielle Carvalho, Naiara Ribeiro, Pedro Penteado)

15º Curso Estadão/Broadcast de Jornalismo Econômico Coordenação e edição: Carla Miranda e Simone Cavalcanti; Equipe: Victor Hugo Mendes, Marisa Oliveira e Eliane Damaceno

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