Logo no começo da transmissão do ‘Criança Esperança’, Susana Vieira começou a divagar sobre o show e foi interrompida por Xuxa.
“Você tem de pedir para as pessoas ligarem, doarem”, apressou a apresentadora.
“Claro, espera aí, não pode começar assim, ‘ter dinheiro’, a gente precisa primeiro passar ‘manteiga no pão’”, respondeu a atriz, fazendo graça. “Essa parte de pedir dinheiro vou deixar para o Tony (Ramos).”
Todos riram.
O embaraço de Susana em apelar aos telespectadores por doações joga luz sobre uma polêmica resistente: por que o canal de TV mais rico do país, com faturamento acima de R$ 15 bilhões por ano, pede dinheiro ao povo para a campanha?
Não custa esclarecer mais uma vez: o total arrecadado é integralmente doado à Unesco, responsável pelo repasse aos projetos sociais contemplados. Nada passa pelas contas da emissora da família Marinho. Não existe nenhuma ‘comissão’ à TV.
Em toda edição do show, essas mentiras ressurgem na internet, impulsionadas principalmente por quem odeia a Globo por uma questão ideológica.
As fake news atingem os desinformados e podem afetar o fluxo de doações. Um apelo de solidariedade capaz de unir o país acaba, cruelmente, contaminado pela polarização política.
Na prática, a Globo destina a obras sociais várias vezes mais do que o valor final levantado pelo ‘Criança Esperança’ por meio de projetos ligados, por exemplo, à Fundação Roberto Marinho.
Além disso, cede milhares de minutos na programação para apoiar iniciativas de terceiros e exibir matérias sobre o incentivo à educação, a preservação do meio ambiente, o combate ao racismo, entre outros temas urgentes.
Não se trata, aqui, de defender a poderosa Globo, e sim apontar a importância de superar o radicalismo para não atrapalhar uma campanha essencial para o bem-estar hoje e o futuro de incontáveis crianças e adolescentes.
Por isso, Susana Vieira não precisa ficar constrangida em pedir dinheiro ao povo diante das câmeras. O canal que paga o salário dela há mais de 50 anos contribui enormemente para mudar a realidade de gerações de menores carentes.
Já quem deixa de doar tão somente pelo fato de o ‘Criança Esperança’ ser na Globo, ou até age para prejudicar as doações, precisa rever o seu humanismo.