A novela das nove da TV Globo, Três Graças, de Aguinaldo Silva, transformou uma simples estátua de arte clássica no epicentro de uma das tramas mais complexas e ambiciosas da televisão. Inicialmente, o valor da peça de três figuras femininas parecia estar atrelado a uma fortuna em dinheiro - milhões de dólares que justificariam o roubo e a cobiça. No entanto, o marchand Kasper (Miguel Falabella), um dos personagens mais obcecados pela escultura, está prestes a desvendar que a estátua guarda um segredo muito mais valioso e profundo do que qualquer montante financeiro.
O que está por trás da obra de arte?
A verdadeira riqueza da estátua reside em um detalhe singular: um código, um sinal secreto que a eleva de uma mera antiguidade para um tesouro inestimável. A obsessão de Kasper pela peça se justifica pela sua revelação chocante a João Rubens (Samuel de Assis): a presença da intrigante "marca da aranha". Essa marca não é apenas um adorno, mas sim o ponto chave para a caçada que se inicia na novela, comprovando que a obra não é uma réplica ou uma peça secundária.
A pista da aranha está diretamente ligada a Giovanni Aragna, um escultor fictício habilmente criado pelo autor Aguinaldo Silva e seu time (Virgílio Silva e Zé Dassilva) para a trama. Aragna é uma clara referência aos grandes nomes da arte renascentista, como o mestre da Capela Sistina, Michelangelo (1475-1564), e o pioneiro Donatello (1386-1466). Ao associar a estátua a uma figura desse calibre, a novela Três Graças confere um peso histórico e artístico colossal à peça, tornando seu valor incalculável, superando em muito a especulação financeira. O desenho da aranha funciona como uma assinatura secreta, um selo que comprova a autoria e, consequentemente, a importância histórica da obra.
Na busca incessante para reaver a peça roubada por Gerluce (Sophie Charlotte), Kasper e João Rubens chegam ao antiquário de Feliciano. O antiquário, que foi procurado por Júnior (Guthierry Sotero) para negociar a compra da estátua, expõe a frieza do mercado de arte ao ignorar a proveniência dos objetos — ele chega a equiparar a arte roubada a peças históricas em museus globais. Contudo, Kasper impõe uma condição inegociável para fechar o negócio: a estátua deve conter a insígnia do artista.
"O desenho da aranha", reforça João Rubens, solidificando a pista que guiará a próxima fase da investigação. É essa marca, o legado de Giovanni Aragna, que distingue a peça. O verdadeiro tesouro, portanto, não está no dinheiro que a estátua poderia render em um leilão clandestino, mas sim no grande valor artístico e histórico que a marca da aranha representa.