Com gritos em altos decibéis, as reações agressivas de alguns participantes de ‘A Fazenda 17’, a exemplo de Fernando Sampaio e Shia Phoenix, trouxeram à memória a incômoda atmosfera violenta da 15ª edição, dois anos atrás.
A impressão é de que, a qualquer momento, alguém vai partir para o ataque físico. Nem precisaria tanto para já despertar preocupação. O recorrente terrorismo psicológico tirou de cena o entretenimento. A temporada perdeu parte significativa da graça inicial.
O telespectador deste formato de competição quer ver discussões acaloradas, especialmente se temperadas com deboche, mas há imensa diferença de um embate entre adversários no jogo para um comportamento descontrolado com ameaças à integridade de rivais.
Este excesso deixa de alimentar o sadismo saudável do público para suscitar aversão, revolta e mal-estar. Assistir ao reality produz desconforto, vira psicologicamente danoso.
Nas redes sociais, principalmente no TikTok, incontáveis comentários críticos à direção de ‘A Fazenda’ e da Record por permitir que limites éticos sejam ultrapassados, gerando aspectos de desumanidade.
Questiona-se se vale tudo para conseguir mais audiência e a cumplicidade dos anunciantes com os abusos.
O mundo está suficientemente aterrorizante, com o seu pior espelhado dia e noite nas matérias dos telejornais. Não precisamos que um reality show dispare nossos gatilhos emocionais relacionados ao medo, depressão e ansiedade.
Escapismo divertido em seus primeiros 15 dias no ar, ‘A Fazenda 17’ se tornou contraindicada a quem preza pela própria saúde mental.