Silvano Mendes, da RFI, em Paris
A indicação ao Globo de Ouro confirma não apenas a boa fase do cinema brasileiro, após o sucesso internacional de "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, mas também o acolhimento positivo da crítica internacional a "O Agente Secreto". Desde sua participação no Festival de Cannes, em maio, onde conquistou o prêmio de Melhor Diretor para Kleber Mendonça Filho e a Palma de Interpretação Masculina para Wagner Moura, o filme vem recebendo elogios por onde passa.
Olivier Lamm, jornalista e crítico do jornal francês Libération, descreveu "O Agente Secreto" como "um filme imenso", com "uma mise en scène prodigiosa". Segundo ele, o longa "produz algo que eu nunca tinha visto em um filme".
Já o crítico de cinema do The Hollywood Reporter, David Rooney, comentou, em uma crítica elogiosa, que o filme "mistura humor surreal com um olhar profundamente sério sobre o trauma do passado do Brasil".
Segundo a revista francesa Le Point, a produção é "um thriller brasileiro que reinventa o gênero". Durante a passagem do filme pelo Festival Biarritz Amérique Latine, em setembro, a publicação elogiou a "liberdade narrativa" do diretor, "que permite explorar diferentes facetas da sociedade brasileira dos anos 1970, ao mesmo tempo em que cria uma tensão constante que mantém o espectador em suspense durante 2h38".
O cineasta é celebrado pela crítica francesa em praticamente todos os seus projetos desde o sucesso de "Aquarius", em 2016. Segundo uma longa reportagem da revista do jornal Le Monde, publicada neste fim de semana, Kleber é "o motor de um cinema brasileiro em pleno ressurgimento".
Wagner Moura no auge
A indicação de Wagner Moura também gerou repercussão na imprensa especializada. A revista de cinema Variety destaca que o baiano "fez história no Globo de Ouro, tornando-se o primeiro homem brasileiro indicado como ator principal em um drama" por sua atuação.
"A indicação de Moura ao Globo aumenta seu perfil internacional, após papéis em séries como 'Narcos' e 'Serra Pelada', e o crescente apetite da indústria por atuações em línguas não inglesas", escreve a Variety, lembrando que "seu reconhecimento chega em meio a um ano marcante para cineastas e intérpretes latino-americanos".
Concorrentes de peso
Na categoria Melhor Filme de Língua Não Inglesa, "O Agente Secreto" vai disputar o Globo de Ouro com produções da França, Coreia do Sul, Espanha e Noruega. Estão na lista Frankenstein, de Guillermo del Toro; Hamnet, de Chloé Zhao; Foi Só Um Acidente, de Jafar Panahi, que levou a Palma de Ouro em Cannes; Valor Sentimental, de Joachim Trier; e Pecadores, de Ryan Coogler.
Já na categoria Melhor Ator em Filme de Drama, Wagner Moura disputa o prêmio com Joel Edgerton ("Sonhos de Trem"), Oscar Isaac ("Frankenstein"), Dwayne Johnson ("Coração de Lutador: The Smashing Machine"), Michael B. Jordan ("Pecadores") e Jeremy Allen White ("Springsteen: Salve-me do Desconhecido").
O Globo de Ouro anunciará seus vencedores em 11 de janeiro de 2026.