14 coisas que aprendi viajando 1.200 km com um carro elétrico

Foram 1.000 km na estrada e 200 km numa cidade sem carregador rápido; ainda assim a experiência valeu a pena (e não gastei com combustível)

13 abr 2023 - 06h30
(atualizado em 15/4/2023 às 13h23)
Viajei 1.200 km com um carro elétrico, sendo 1.000 km na estrada
Viajei 1.200 km com um carro elétrico, sendo 1.000 km na estrada
Foto: Cris Prado / Guia do Carro

O carro elétrico a bateria – 100% elétrico, que fique claro – ainda é um mito para o brasileiro. A maioria das pessoas não sabe absolutamente nada sobre carros elétricos. Muitos que sabem alguma coisa estão sendo bombardeados por um forte lobby do etanol, que, depois de décadas subutilizado, agora seria a salvação do problema da Terra.

Mesmo assim, decidi fazer uma viagem de 1.000 km numa estrada com um único carregador rápido e fui para um destino sem nenhum carregador com mais de 22 kW. Veja o que aprendi.

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1. Uma viagem de carro elétrico precisa ser muito bem planejada. O aplicativo Plug & Share dá boas dicas sobre onde estão os carregadores. Os rápidos (raridade) aparecem em laranja no mapa. Vale a pena também baixar o app da Tupinambá.

2. Não confie no computador de bordo do carro elétrico. Assim como o carro a combustão, ele dá uma estimativa do máximo que o veículo pode conseguir, desde que você dirija se arrastando pelo caminho. É preciso ir fazendo contas para medir o consumo real e a autonomia real.

3. Nós, jornalistas, somos mau exemplo para os usuários de carro elétrico quando insistimos em dar a potência em cv. Esqueça os cavalos. Ao usar um carro elétrico a cabeça tem que pensar em kW. Portanto, um carro de 150 kW tem uma potência compatível com um bom carregador rápido, também de 150 kW. Acima disso é muito potente.

4. Potência é menos importante do que o consumo. A capacidade da bateria é a informação que vale ouro. Um carro com bateria de 60 kWh pode tranquilamente rodar 300 km na estrada, desde que a potência não seja exagerada. Um carro com motor de 100 kW de potência vai consumir menos do que um de 300 kW.

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5. Ao volante de um carro elétrico você não deve ter pressa. Além de contribuir para a descarbonização do planeta, que está aquecendo além do razoável, você precisa desacelerar, também combatendo outro mal da vida supermoderna, que é a pressa em tudo. Na ida e na volta da minha viagem tive que parar por mais de uma hora para carregar a bateria e isso foi ótimo.

6. Carregadores com menos de 22 kW são péssimos para quem tem pressa de carregar um carro elétrico. Carregadores de 11 kW ou de 7 kW, que são os mais comuns no Brasil, atendem bem somente carros híbridos plug-in, que têm bateria pequena.

7. Volvo, Audi, BMW e Porsche são as únicas marcas que investem de verdade em criar uma infra-estrutura para carros elétricos, espalhando eletropostos gratuitos em vários pontos do país. As outras marcas que vendem carros elétricos deveriam se comprometer a instalar carregadores rápidos nas cidades e nas principais estradas.

8. O carro elétrico requer um redescobrimento do carro. A forma de dirigir muda completamente. A solidariedade é maior. Aos poucos, você ganha confiança, pois começa a entender o real consumo de energia de seu carro e passa a ficar mais relaxado com os níveis da bateria.

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9. Em algumas situações, dependendo do nível da bateria, é preciso quase voltar ao tempo do Fusquinha, quando o carro chegava na subida e perdia velocidade. No Fusca não havia potência. No carro elétrico há, mas é preciso saber que a perda de velocidade em algumas subidas pode levá-lo mais longe, até o próximo eletroposto.

10. O silêncio a bordo do carro elétrico é bom. Carros muito barulhentos só são interessantes quando são superesportivos, caso contrário é só o motor urrando com o giro lá em cima, criando poluição sonora e desperdiçando energia.

11. A economia numa viagem de 1.200 km com carro elétrico passa fácil de R$ 500, que é o que eu costumo gastar em combustível no mesmo trajeto. Quase todos os locais de carregamento são grátis. E mesmo que fosse pago, 1 kWh custa menos de R$ 0,70. 

12. Muitas pessoas vão querer comprar num carro elétrico quando ele tiver preço parecido com o do carro a combustão. Quem tem carros elétricos com bateria de grande capacidade já está viajando muito e eocnomizando bastante em combustível.

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13. O Audi Center Londrina gastava cerca de R$ 16 mil por mês com energia elétrica. A empresa investiu em energia fotovoltaica (luz solar) e viu sua conta cvair para cerca de R$ 700 por mês, mesmo com vários carregadores de carros elétricos instalados e funcionando.

14. A sensação de fazer uma coisa moderna, ecológica, mais calma, econômica e menos agressiva ao planeta é real. E é boa.

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