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Estudo diz que pinturas de Monet retrataram poluição do ar no século 19

Pesquisadores relacionam o crescimento da poluição atmosférica na Europa com a adoção de tons mais opacos e contornos indefinidos nas obras de Monet e Turner

1 fev 2023 - 21h52
(atualizado em 2/2/2023 às 11h07)

Poderia Monet ter pintado a poluição do céu de Londres no século 19? Um novo estudo indica que sim. As cores e traços de pinturas impressionistas podem prover conhecimentos sobre as condições atmosféricas pós-revolução industrial, incluindo as emissões de poluentes no ar.

Um artigo publicado por pesquisadores das universidades de Harvard e de Sorbonne, em Paris, analisa a evolução das pinturas do inglês Joseph Mallord William Turner e do francês Claude Monet. Dois artistas do impressionismo, Turner e Monet produziram um grande número de obras retratando paisagens urbanas no período que coincidiu com um crescimento sem precedentes de poluição atmosférica.

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Foto: Imagem: Domínio Público/Wikimedia Commons / Canaltech

Tanto Monet quanto Turner passaram, ao longo de suas carreiras, a adotar tons mais opacos e linhas mais borradas, o que para os autores do estudo não é apenas uma questão de estilo, como também reflexo das condições atmosféricas observadas na época.

Anna Lea Albright, que lidera o estudo, diz que "pintores impressionistas foram extremamente sensíveis à mudanças na luz e no ambiente," justificando uma possível incorporação das transformações atmosféricas em suas artes. O artigo demonstra como grandes quantidades de aerossóis — minúsculas partículas em suspensão na atmosfera — podem influenciar a visão, gerando uma aparência nebulosa e menos contraste na paisagem.

Uma das substâncias cuja concentração mais crescia nos céus de Londres no período era o dióxido de enxofre, proveniente da queima de carvão e que faz parte destes aerossóis. De acordo com as estimativas dos pesquisadores, a presença de enxofre na atmosfera e a adoção de traços mais borrados e tons mais pastéis estão fortemente relacionados. Isso é visto tanto na carreira de Monet quanto na de Turner.

A arte e a ciência

Fred Prata, cientista atmosférico que analisou a meteorologia de O Grito, de Edvard Munch, diz que "arte e ciência estão muito mais correlacionadas do que a maioria das pessoas imagina". Há quem afirme que este quadro retrate nuvens estratosféricas polares, também chamadas de nuvens iridescentes.

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Indo além análises do céu em pinturas, utilizando recursos como tabelas lunares e cálculos geométricos, permitiram a datação exata de quando a obra em questão foi feita. É o caso de Montes de Feno ao Nascer da Lua de Van Gogh, cuja estimativa de ter sido pintada às 21h08 do dia 13 de julho de 1889 é corroborada por cartas do artista a familiares.

Para Albright, as transformações no trabalho de Monet e Turner mostra que as pessoas da época já estavam percebendo e reagindo às mudanças no ar causadas por atividades humanas. "Talvez isso sirva como um paralelo de como os artistas e a sociedade respondem hoje às mudanças sem precedentes que estamos passando," conclui a cientista.

Fonte: PNAS Via: Phys.org

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