O pesquisador brasileiro Luciano Moreira, da Fiocruz, foi reconhecido como uma das dez pessoas que moldaram a ciência em 2025, segundo a prestigiosa revista científica Nature. A lista é publicada anualmente, destacando os mais influentes nomes da ciência. Moreira criou mosquitos Aedes aegypti que não transmitem o vírus da dengue.
Em quase 20 anos de pesquisa na Fiocruz, Moreira criou uma versão do mosquito com uma bactéria chamada Wolbachia (comum em muitos insetos). Com a presença da bactéria, o vírus não consegue se reproduzir no mosquito, fazendo com que ele não transmita a doença para os seres humanos.
A fêmea do mosquito infectada com a Wolbachia passa a bactéria para os ovos. Dessa forma, as novas gerações de mosquitos já nascem infectadas, reduzindo a circulação do vírus. A bactéria é inofensiva para os mosquitos, tornando o método sustentável.
Em uma parceria com o Ministério da Saúde, os mosquitos infectados já estão em 16 cidades brasileiras. Um estudo publicado na revista The Lancet este ano revelou que nas áreas onde os mosquitos modificados estavam presentes, houve uma redução média de 63% dos casos de dengue. Em alguns lugares, a redução chegou a 89%.
A dengue é um antigo desafio de saúde pública no Brasil. Com o aquecimento global, entretanto, o problema vem piorando. Este ano já foram registradas 1,7 mil mortes pela doença no País.
A inclusão de Moreira na lista da Nature coloca seu trabalho ao lado de outras descobertas de ponta, como o tratamento liderado pela pesquisadora americana Sarah Tabrizi, capaz de reescrever o DNA de um bebê para curá-lo de uma doença genética, e o desenvolvimento da maior câmera astronômica do mundo, coordenado por Tony Tyson, no Observatório do Chile.