Script = https://s1.trrsf.com/update-1751565915/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Palmeirinha, time da maior favela de São Paulo, é presidido por corintiano roxo

Time mais antigo e reconhecido da comunidade foi oficializado em 1973. Entre os fundadores, palmeirenses eram minoria

15 jun 2025 - 15h06
Compartilhar
Exibir comentários
Resumo
Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, tem mais de 58 mil moradores segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também tem vários times, entre eles a Associação Esportiva Palmeirinha de Paraisópolis Morumbi. A sede, a lojinha e o campo ficam no centro da favela. Conheça a história do time que foi fundado e é dirigido por uma família corintiana.
Francisco Luiz da Silva, presidente do Palmeirinha e corintiano roxo, não tem certeza se o Palmeiras ganha o Mundial de Clubes.
Francisco Luiz da Silva, presidente do Palmeirinha e corintiano roxo, não tem certeza se o Palmeiras ganha o Mundial de Clubes.
Foto: Marcos Zibordi

As histórias da favela de Paraisópolis são inesgotáveis, como a do seu time mais famoso, o Palmeirinha, escrito assim mesmo, no diminutivo e sem o “s” no final. Fundado em 1973, o clube mantém a sede, uma lojinha e seu campo no centro da favela — a maior de São Paulo e a terceira maior do país, com mais de 58 mil moradores, segundo o último Censo do IBGE, de 2022.

O atual presidente, corintiano roxo, tinha onze anos de idade quando participou da reunião de fundação, em 20 de maio de 1973. Francisco Luiz da Silva, hoje com 65 anos, veio de Alagoas. Nos primeiros jogos que assistiu em São Paulo, “a primeira paixão foi Rivelino”, que brilhava no Corinthians.

Pergunto ao presidente por que, na reunião de fundação, da qual participaram umas quinze pessoas, o nome escolhido foi Palmeirinha? Ele conta que foi para evitar atritos entre a maioria dos fundadores, homenageando o time da minoria palmeirense. Uma votação referendou a escolha e a ata foi lavrada.

Bar é a sede do Palmeirinha em Paraisópolis. À direita, o diretor Carlos Santana, que é santista e tem dúvidas sobre o Palmeiras no Mundial.
Bar é a sede do Palmeirinha em Paraisópolis. À direita, o diretor Carlos Santana, que é santista e tem dúvidas sobre o Palmeiras no Mundial.
Foto: Divulgação

Moradores de Paraisópolis e seus vários times

Em Paraisópolis, os moradores têm dois clubes do coração: um de fora, profissional, e o Palmeirinha. Ou outro dos incontáveis times da favela, como o Cruzeirinho, que disputa uma partida a poucos metros da loja em frente ao campo. É onde entrevistamos o presidente, um diretor e um técnico do time administrado por corintianos – seis familiares do presidente compõem a diretoria, entre doze diretores do Palmeirinha.

“Nós tomamos revólver na cara para acabar com o campo, e não foi uma vez só, não. Foi nas antigas, era gente que queria construir no lugar para vender casa pro povo. Hoje em dia, não, pacificou”, conta o presidente.

Kaká em inauguração da reforma da Arena Palmeirinha, em maio. Iniciativa internacional que revitaliza campos e quadras escolheu Paraisópolis.
Kaká em inauguração da reforma da Arena Palmeirinha, em maio. Iniciativa internacional que revitaliza campos e quadras escolheu Paraisópolis.
Foto: Divulgação

“É muito importante você colocar aí: nossa camisa tem peso”, completa o diretor Carlos Santana, 58 anos, o Carlinhos Careca. Ele atua na categoria veterana do Palmeirinha, que mantém oito equipes, para todas as idades. “Sou um cascudo bom”, diz sobre a habilidade em campo.

Enquanto conversamos em uma tarde de sábado, a beirada do campo recém-reformado tem barzinhos, lanchonetes, gente passando, motos tirando fina. No ar, vários cheiros e músicas disputam os ouvidos, enquanto os olhos estão no jogo. O campo é usado todo dia, o dia inteiro, não só pelo Palmeirinha, que disputa seis campeonatos enquanto o Palmeiras profissional joga o Mundial de Clubes.

Time feminino de Paraisópolis vence a Taça das Favelas de 2022. É um dos muitos troféus em exibição na loja do Palmeirinha.
Time feminino de Paraisópolis vence a Taça das Favelas de 2022. É um dos muitos troféus em exibição na loja do Palmeirinha.
Foto: Taça das Favelas

As grandes conquistas do Palmeirinha de Paraisópolis

A loja do Palmeirinha exibe parte dos troféus, alguns maiores do que uma criança. O campo atual foi instalado no início da década de 1980 e não faz vergonha a ninguém: tem 68 por 105 metros, alambrado pintado, arquibancada, grama sintética novinha, iluminação. Em dia de clássico, chega a juntar 5 mil pessoas em volta.

O Palmeirinha venceu metade das 39 edições da Copa Paraisópolis, realizada dentro e com times da favela. Um momento importante da trajetória? 1988, após ser campeão invicto de uma copa disputada em Embu. "Começamos a perceber que tinha que disputar campeonatos fora da favela”, lembra o presidente.

Cristiano dos Santos Oliveira, 39 anos, o Fumaça, um dos técnicos do Palmeirinha, acha que o Palmeiras será campeão do Mundial de Clubes por “medo”.
Cristiano dos Santos Oliveira, 39 anos, o Fumaça, um dos técnicos do Palmeirinha, acha que o Palmeiras será campeão do Mundial de Clubes por “medo”.
Foto: Divulgação

Outro fato histórico é a criação da Copa da Paz, em 2008, uma das mais importantes da várzea paulistana. O motivo óbvio está no nome. E deu certo, ninguém mais toma enquadro por jogar em quebradas rivais. “Quando ganhamos em 2015, fomos à loucura, estávamos há sete anos sem ganhar a copa que nós mesmos criamos”, lembra Chiquinho do Palmeirinha.

Dos títulos recentes, o time feminino venceu a Taça das Favelas em 2022. Por falar em atualidade, o presidente e o diretor têm suas dúvidas se o Palmeiras do Allianz Parque chega à final do Mundial de Clubes. Cristiano dos Santos Oliveira, um dos técnicos do Palmeirinha, tem certeza: “o Palmeiras vai ganhar porque está com medo. Quando o time chega com medo, respeita os adversários”, diz Fumaça, como é conhecido em Paraisópolis.

Fonte: Visão do Corre
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade