Um dos destinos turísticos mais procurados pelos turistas que visitam o Equador é Cuenca, a 441 km ao sul de Quito, capital do país. Localizada na província de Azuay, a cidade andina com charme colonial oferece um passeio ainda mais completo se levada em consideração a riqueza cultural, comercial e gastronômica dos povos que estão ao seu redor.
Para um contato maior com a população desta encantadora província, a dica é fazer um tour pelos povoados vizinhos de Cuenca, onde se tem a chance de conhecer os hábitos dos moradores e se surpreender com a riqueza dos artesanatos produzidos pelos artistas locais. Em um único dia, o turista pode fazer a rota do Corredor Turístico do Rio Santa Bárbara e conhecer Sígsig, Chordeleg, e Gualaceo.
Pelo caminho, quando se passa por Quingeo, por exemplo, não é difícil encontrar um morador preparando, no meio da calçada, uma Cascarita, prato típico da região. Trata-se de um porco inteiro assado com o uso de um maçarico. Antes de comer, a casca negra que se forma na pele do suíno é raspada.
Já no povoado de San Bartolomé, pertencente ao cantão de Sígsig, barracas montadas na praça central preparam os famosos cuyes, conhecidos no Brasil como porquinhos da índia. Os animais, que fazem parte da gastronomia não só do Equador, mas de outros países latinos, como o Peru, são colocados inteiros em um pedaço de madeira e assados diretamente no carvão. Porém, só no país há 36 receitas que podem ser feitas com o roedor.
Para a população local, os cuyes não são apenas um alimento: eles têm um significado espiritual. De acordo com a guia Susana Muñoz, da Fundação de Turismo de Cuenca, os porquinhos da índia são criados dentro de casa. “Eles acreditam que os bichos fazem barulho e ficam inquietos para sinalizar que uma visita não é bem vinda. Além disso, dizem que os animais presentem desastres naturais com dias de antecedência”, conta.
Ainda em Sígsig, cerca de 40 famílias se dedicam à produção de violões e violinos em um processo totalmente manual. É o caso do artesão Santiago Uyaguari, que - dando continuidade ao trabalho iniciado por seu avô e seguido pelo seu pai - tem uma das oficinas mais conhecidas da região: a San Bartolomé Guitarras Uyaguari. Com qualidade indiscutível, a riqueza dos detalhes nos instrumentos surpreende. Algumas das peças são produzidas especialmente para a Orquestra Sinfônica de Cuenca e outras são feitas a pedido de músicos locais e estrangeiros. Para a elaboração, Santiago usa madeiras como o pinho branco, o pinheiro espanhol e ébano. O preço dos violões varia de US$ 65 a US$ 400, dependendo do material utilizado.
Em Chordeleg, conhecida também como “a terra das joias”, o turista encontra inúmeras lojas que vendem anéis, pulseiras e colares feitos em ouro e em prata. Na região também há um estabelecimento especializado na produção de cerâmica em miniaturas, de propriedade do casal Fernando Loja e Rosa Guzmanm. Eles são os únicos que fazem esse tipo de trabalho no Equador. As peças, detalhistas e exportadas para diversos países, remetem à cultura dos povos equatorianos. A loja fica na rua 15 de Abril, próximo a Chaurínzhín.
Por fim, o turista não pode deixar de visitar Gualaceo, fundada pelos espanhóis em 1554, três anos antes de Cuenca, construída em 1557 sobre a cidade inca de Tomebamba. Além das lojas que vendem sapatos de couro, que podem ser encontrados por apenas U$S 17, a possibilidade de mergulhar na cultura local se torna real ao visitar o Mercado de Gualaceo.
Um bom dia para ir ao local é domingo, quando as famílias se reúnem para saborear os cuyes e o chamado hornado, um porco assado inteiro geralmente em forno de barro. O prato é típico do Equador e no mercado em questão pode ser encontrado em mais de 10 barracas. Ele é servido com tortillas de batata e mote, um tipo de grão cozido.
No retorno à Cuenca, não deixe de parar na Casa de La Makana, mantida por José Jimenez e sua mulher, Ana Maria Ulloa. Localizada na área de San Pedro das Oliveiras, a oficina produz as tradicionais makanas, xales feitos a partir da técnica inca milenária chamada IKAT. Cada peça tem um desenho único e todos os materiais utilizados em sua produção são naturais. As tintas que dão cor aos xales, por exemplo, são extraídas de sementes, plantas, insetos e minerais. O preço inicial da makana é de US$ 25.
Povoados nos arredores de Cuenca, como San Bartolomé (foto), são atrativos turísticos da província de Azuay
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Moradoras de San Bartolomé preparam tortillas de milho, feitas com queijo e farinha; geralmente elas são acompanhadas pela bebida chamada morocho, preparada com leite, água, canela, açúcar e milho
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Camponesas observam barracas montadas na praça central de San Bartolomé, pertencente ao cantão de Sígsig
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Aos domingos, moradores vendem comidas, já prontas, além de legumes e frutas no local
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Mulher separa cenouras que serão vendidas para moradores e visitantes de San Bartolomé; muitos habitantes de Cuenca vão até o povoado para comprar alimentos mais frescos
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Crianças acompanham a mãe na feira de domingo realizada em San Bartolomé
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Geralmente, os nativos não gostam de ser fotografados, pois acreditam que a fotografia irá "roubar sua alma"
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Comerciantes preparam os famosos cuyes, conhecidos no Brasil como porquinhos da índia
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Vista interna da igreja de San Bartolomé; na região, cada povoado possui sua paróquia
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Mãe e filha caminham tranquilamente pelo povoado de San Bartolomé
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Porcos, frangos e porquinhos da índia fazem parte da alimentação dos moradores desta região do Equador
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Vista registrada em um domingo ensolarado no povoado de Quingeo
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Morador prepara a Cascarita, prato típico da região em que o porco é preparado com o uso de um maçarico
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Antes de comer, a casca negra que se forma na pele do suíno é raspada
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Ainda em Sígsig, cerca de 40 famílias se dedicam à produção de violões e violinos
Foto: Juliana Rigotti / Terra
O processo é totalmente manual
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Uma das oficinas é do artesão Santiago Uyaguari, que dá continuidade ao trabalho iniciado por seu avô e seguido pelo seu pai
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Os detalhes das peças são feitos com madeiras da região amazônica que passam por uma coloração
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Após a coloração, a madeira é cortada em pequenos pedaços e o material é colocado em caixas de fósforo
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Os pequeninos pedaços coloridos são então afixados no violão e formam lindos desenhos
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Posteriormente, a figura é lixada para que não se sobreponha à madeira
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Às vezes, o artesão demora até dois dias e meio para finalizar os detalhes ao redor do buraco, também conhecido como "boca" do violão
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Algumas das peças são produzidas especialmente para a Orquestra Sinfônica de Cuenca
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Para a elaboração do instrumento, Santiago usa madeiras como o pinho branco, o pinheiro espanhol e ébano; o preço dos violões varia de US$ 65 a US$ 400, dependendo do material utilizado
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Praça central de Chordeleg, também conhecida como "terra das joias"
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Lá o turista encontra inúmeras lojas que vendem anéis, pulseiras e colares feitos em ouro e em prata
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Movimentação no Mercado Municipal de Chordeleg
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Na região também há um estabelecimento especializado na produção de cerâmica em miniaturas
Foto: Juliana Rigotti / Terra
As peças são produzidas pelo casal Fernando Loja e Rosa Guzmanm
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Eles são os únicos que fazem esse tipo de trabalho no Equador
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As peças, detalhistas e exportadas para diversos países, remetem à cultura dos povos equatorianos
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Rosa Guzmanm pinta miniatura que será vendida em sua loja, localizada na rua 15 de Abril, próximo a Chaurínzhín
Foto: Juliana Rigotti / Terra
O casal trabalha com a cerâmica em miniatura há 22 anos
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Fernando aprendeu a técnica ainda criança, ao observar um senhor que chama de Dom Salvador, morto aos 85 anos
Foto: Juliana Rigotti / Terra
"Ele não mostrava para ninguém como fazia", recorda Loja
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Após serem montadas, as peças são colocadas ao forno a temperatura de 500°C; lá permanecem por 24 horas
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Quadros que retratam a tradição cultural dos equatorianos também são montados com as miniaturas
Foto: Juliana Rigotti / Terra
O produto, vendido para todo o Equador, também é exportado
Foto: Juliana Rigotti / Terra
O Terra visitou a oficina onde as miniaturas são produzidas
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Homens em miniatura usam o chapéu do Panamá, acessório típico do Equador; o colorido e a precisão nos detalhes chamam a atenção dos turistas
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Já em Gualaceo, a primeira cidade fundada pelos espanhóis - antes mesmo de Cuenca - o turista tem a possibilidade de mergulhar na cultura local
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Aos domingos, por exemplo, as famílias se reúnem no Mercado Gualaceo para saborear os porquinhos da índia assados no carvão
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Porém, o destaque gastronômico é o chamado hornado, um porco assado inteiro geralmente em forno de barro
Foto: Juliana Rigotti / Terra
O prato é típico do Equador e no mercado em questão pode ser encontrado em mais de 10 barracas
Foto: Juliana Rigotti / Terra
O porco é servido com tortillas de batata e mote, um tipo de grão cozido
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Comerciante oferece pedaço do hornado para que os visitantes possam degustá-lo
Foto: Juliana Rigotti / Terra
O dia mais movimentado no Mercado Gualaceo é o domingo; turistas e moradores da região disputam espaço nas mesas próximas aos hornados
Foto: Juliana Rigotti / Terra
No retorno à Cuenca, não deixe de parar na Casa de La Makana, mantida por José Jimenez e sua mulher, Ana Maria Ulloa
Foto: Juliana Rigotti / Terra
A oficina, localizada na área de San Pedro das Oliveiras, produz as tradicionais makanas, xales feitos a partir da técnica inca milenária chamada IKAT
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Cada peça tem um desenho único e todos os materiais utilizados em sua produção são naturais
Foto: Juliana Rigotti / Terra
As tintas que dão cor às peças são extraídas de sementes, plantas, insetos e minerais
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Por exemplo, o tom carmim é retirado de um inseto que vive no cactus, conhecido por Cochonilha; os insetos secos - já armazenados há algum tempo - são pressionados na palma da mão e se tranformam em pequeninos grãos
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Ao todo, sete cores são extraídas; para conseguir mais colorações José adiciona, por exemplo, limão que torna o carmim alaranjado
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Após receber a coloração, fios secam na sacada da oficina
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Uma makana pode demorar até 8 dias para ficar pronta
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Noventa e cinco por cento da produção é vendida em Cuenca
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Esta é a quarta geração da família que trabalha com a produção das makanas
Foto: Juliana Rigotti / Terra
José acredita que a prática vai acabar em breve. "Não temos muitos contatos nem mercado para vender o produto. É muito difícil", diz
Foto: Juliana Rigotti / Terra
Cada peça tem um desenho diferente; segundo José, a inspiração vem no momento em que a makana está sendo feita
Foto: Juliana Rigotti / Terra
O preço inicial de um xale vendido na Casa de La Makana é de US$ 25
Foto: Juliana Rigotti / Terra
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Como chegar ao Equador?
Desde 2 de setembro deste ano, a Tame (Línea Aérea del Ecuador) está operando voos diretos de São Paulo à Quito, que saem do Aeroporto Internacional de Guarulhos/Cumbica (GRU) com destino ao novo Aeroporto Internacional Mariscal Sucre, inaugurado em fevereiro, e localizado a cerca de 40 minutos do centro de Quito.
Com capacidade para 120 passageiros nos modelos Airbus A319 e A320 e duração de seis horas e quinze minutos, o voo EQ532 parte de São Paulo às terças, quintas e sábados às 17h15 e chega à capital equatoriana às 20h30 (considerando horários locais atuais, incluindo o horário de verão). Na volta, o voo EQ531 decola de Quito nos mesmos dias da semana às 7h40 e chega a São Paulo às 16h25 (também considerando horários locais atuais). A passagem de ida e volta custa US$ 677, cerca de R$ 1,5 mil, já com as taxas incluídas
Os voos pela Tame entre Quito e Cuenca, com duração de 50 minutos, custam entre US$ 44 e US$ 106. De carro, o percurso demora até 10 horas.
O Terra viajou a convite do Ministério de Turismo do Equador com apoio da Tame Airlines