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Praias do Marrocos exibem muita roupa e pouco corpo

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A chegada do verão representa para muitos um esperado banho de mar, mas, no Marrocos, muitas mulheres são obrigadas a usar os chamados "maiôs islâmicos" e se banharem vestidas caso sintam vontade de curtir uma praia.

Nas praias populares do Atlântico e do Mediterrâneo, em Rabat ou no Rio Martil, o mais comum é ver as mulheres vestidas "como na rua", com roupas esportivas longas ou chilaba (túnica longa e larga). Desta forma, os "maiôs islâmicos" acabam sendo uma grande opção, mas todas destacam mulheres cobertas dos pés a cabeça.

Algumas mulheres preferem entrar no mar com suas roupas convencionais mesmo com toda falta de praticidade desta opção, já que a água acrescenta um grande peso nas peças feitas de algodão e de fibras permeáveis.

É que o "maiô islâmico" é um luxo que não está ao alcance de todas as mulheres que usam o véu em sua vida cotidiana.

"Lembro que há seis anos eu me banhava usando moletom e era muito desagradável. Mas, quando começaram a comercializar o "maiô islâmico" no Marrocos, eu comprei e passei a usar. É muito mais cômodo", conta Kautar, uma jurista de 30 anos.

O maiô islâmico é composto de uma túnica longa de lycra, calças longas também de lycra ou poliéster e mais um véu para o cabelo. A peça completa custa entre 800 e 1.000 dirhams (72 e 90 euros).

Já nas praias mais exclusivas do país, as que são acessíveis somente por automóveis particulares, e as dos luxuosos hotéis litorâneos, onde a clientela feminina se parece mais com a de qualquer praia europeia, é muito raro - quando não proibido pelo hotel - ver uma mulher se banhando completamente coberta.

"Embora ainda não esteja generalizado no Marrocos, a demanda do maiô islâmico é cada vez maior", conta Buchra, funcionária de uma luxuosa franquia de roupa para muçulmanas praticantes que divulga moda "made in Turquia".

Segundo Buchra, sua loja oferece roupas "halal" (lícitas segundo o Islã) e adequadas ao poder aquisitivo das marroquinas, que não acabam entendendo que a roupa "decente" custa muito mais caro que a "indecente".

A funcionária assegura que seus maiôs longos não são comprados somente pelas mulheres que usam véu, mas também pelas meninas que se sentem incomodas na hora de mostrar seu corpo em espaços públicos.

Estas últimas optam por calças, que vão até o joelho, e camisetas de mangas curtas, que cobrem os ombros.

"Banho-me com camiseta e calça curta. Primeiro porque eu sou muçulmana e, segundo, por pudor e para evitar os olhares dos homens", confessa Amina, de 29 anos, que declarou que prefere ir à praia bem cedo para evitar o contato com muita gente.

A nudez na praia marroquina tem um caráter especial e segue as influências da religião, que, por sua vez, considera o corpo como um tabu que só é exibido em espaços privados. A nudez no Marrocos é diretamente relacionada com o pudor e a falta de bons costumes.

Basta deixar um pedaço de corpo à mostra para gerar todo tipo de olhar: alguns reprovam e outros são a favor, mas quase nunca são neutros.

Em 2011, o concurso de beleza "Miss Marrocos" foi realizado pela primeira vez no país. No entanto, o mesmo contou com uma fundamental peculiaridade: o desfile em biquíni, acusado de ferir "as sensibilidades locais", foi proibido na disputa.

Enquanto as mulheres discutem sobre os centímetros necessários para tapar sua nudez, nada é escrito e discutido em relação à nudez masculina: os homens se vestem como querem.

EFE   
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