Conheça Parelheiros, destino turístico de SP
O distrito fica em uma área de transição entre o urbano e o rural [...]
Muito além do passado violento que, por anos, esteve associado a Parelheiros, esse distrito na zona sul de São Paulo é destino turístico que pouca gente conhece.
A distantes 50 km do Centro da cidade de São Paulo, em uma área de transição entre o urbano e o rural, nem parece que Parelheiros fica dentro da capital paulista.
Essa área de cerca de 400 km² é Patrimônio Ambiental e ocupa cerca de 24% do município, conhecida pela biodiversidade de seus parques de preservação de Mata Atlântica e grande produção agrícola.
É ali que fica o único rio completamente limpo da cidade, o Capivari, e também a maior concentração de produtores orgânicos da cidade.
Em outras palavras, é como estar numa cidadezinha do interior, porém sem sair da maior cidade da América do Sul, a apenas 10 km do mar, de onde é possível ver Itanhaém de um mirante no Parque Estadual da Serra do Mar.
Por que Parelheiros?
Aquele ambiente de passado (e presente) rural era também lugar de corridas de cavalos entre germânicos e brasileiros, conhecidas como parelhas.
"Eles montavam a cavalo e apostavam corridas na via principal [do distrito]. E aí eles ficavam emparelhados, por isso Parelheiros", conta Cibele Eloá Lima da Silva, guia de turismo que atua na região.
Os primeiros moradores começaram a chegar, em 1827, quando o governo imperial levou um grupo de 200 imigrantes alemães, austríacos e suíços para o estabelecimento de uma colônia agrícola na região, conhecida como Colônia Alemã e o bairro mais antigo da região.
De acordo com a Subprefeitura de Parelheiros, sem o apoio do governo da época e enfrentando dificuldades, a colônia entrou em rápida decadência e muito moradores foram deixando a região. Mais de um século depois, durante a Segunda Guerra Mundial, a denominação Colônia Alemã foi substituída por Colônia Paulista, ou, simplesmente, Colônia.
Aliás, é ali no bairro Colônia que fica o cemitério mais antigo da cidade, localizado em um terreno de 28.800 m² doado por Dom Pedro I para aquele de imigrantes. Atualmente, o local abriga 36 quadras de jazigos, que até hoje conservam o padrão arquitetônico do século XIX, com lápides de mármore e cabeceiras altas.
Já nos anos 1940 chegaram também imigrantes japoneses que passaram a explorar a agricultura, nessa que é a maior área agrícola de São Paulo e endereço de sítios produtores de hortaliças, flores e plantas ornamentais. O Solo Sagrado da Igreja Messiânica, às margens da Represa Guarapiranga, é um dos ícones nipônicos e é considerado o maior templo fora do Japão.
Já a moradora mais famosa foi a escritora Carolina Maria de Jesus, que no final dos anos 60 trocou o bairro de Santana por um sítio em Parelheiros. Atualmente, a autora de 'Quarto do despejo: diário de uma favelada' é homenageada com uma estátua na Praça Júlio César de Campos, ao lado da Igreja de Santa Cruz, no Centro de Parelheiros.
Outro destaque da região é a Cratera da Colônia , marco geológico formado por uma depressão circular de 3,6 km de diâmetro, resultado da queda de um corpo celeste, há cerca de 36 milhões de anos.
Em julho, acontece o Colônia Fest, evento na praça ao lado da Igreja de Colônia que celebra o aniversário do bairro, com atividades como danças tradicionais, apresentações de grupos folclóricos, barracas de comida alemã e desfile de trajes germânicos.
Como visitar Parelheiros
A Prefeitura e a Secretaria Municipal de Turismo da cidade de São Paulo têm um programa chamado 'Vai de Roteiro', que estimula moradores a conhecerem a própria cidade.
São 14 roteiros temáticos e gratuitos em locais como o Baixo Augusta, Vila Madalena, Triângulo Histórico, Floresta Cantareira e até uma visita ao estádio do Corinthians, na Zona Leste.
Um dos destaques da programação é o Roteiro Ecoturismo de Parelheiros, com atrativos como turismo rural, com direito até a passeio de trator às margens da Billings, patrimônio histórico e até o primeiro e único parque de aventuras da cidade de São Paulo, no distrito Marsilac.
"É um passeio que cabe no bolso. Tem também um contato com a natureza e é um passeio guiado que a gente conhece todo o contexto histórico do local", conta a professora Nice da Cruz Milanez, uma das participantes que fez o roteiro em Parelheiros, no último mês de abril.