Suplemento de clorofila e colágeno viraliza nas redes sociais; será que funciona?
Clorofila líquida e colágeno hidrolisado prometem pele jovem e energia renovada, mas o que a ciência diz é bem diferente do que aparece nos vídeos virais
Nos últimos meses, clorofila líquida e colágeno hidrolisado viraram protagonistas das tendências de bem-estar nas redes sociais. Diversos vídeos de influenciadoras consumindo a "fórmula da juventude" chamaram atenção dos internautas, que também buscavam pelo segredo da beleza. Mas será que esses produtos cumprem o que prometem ou são apenas mais uma moda com embalagem bonita?
Clorofila líquida: o pigmento que virou detox
A clorofila é o pigmento verde que dá cor às plantas e permite que elas façam fotossíntese. No corpo humano, porém, isso simplesmente não acontece. Não temos as mesmas células nem a exposição solar interna necessária para replicar esse mecanismo. Por isso, afirmações como "a clorofila oxigena o sangue" ou "gera energia limpa" não têm base científica. Os possíveis efeitos "detox" e "emagrecedores" também não são sustentados por pesquisas robustas.
O que realmente funciona é mais simples: comer vegetais verde-escuros como couve, espinafre, rúcula e agrião. Eles são fontes naturais de clorofila, fibras, ferro, ácido fólico e antioxidantes - um pacote completo de benefícios reais. Já os suplementos de clorofila líquida, muitas vezes feitos à base de clorofilina (versão semissintética), ainda não têm segurança e eficácia totalmente comprovadas.
Colágeno: entre a promessa e a realidade
O colágeno, sim, é uma proteína essencial. Ele mantém a elasticidade da pele, a firmeza dos ossos e a resistência das articulações. O corpo produz naturalmente, mas essa fabricação diminui a partir dos 25 anos, o que explica a popularidade dos suplementos.
O tipo mais comum é o colágeno hidrolisado, composto por fragmentos menores da proteína, que teoricamente seriam mais fáceis de absorver. A questão é que, após digerido, ele se transforma em aminoácidos, assim como qualquer outra fonte de proteína.
Em outras palavras, o corpo não reconhece que aquele colágeno veio de um sachê ou de um pedaço de frango: ele apenas aproveita os nutrientes disponíveis para fabricar o seu próprio. O que realmente ajuda é manter uma alimentação equilibrada e rica em proteínas (ovos, peixes, carnes magras, leguminosas) e garantir a vitamina C, essencial para a síntese natural de colágeno.
Quando o marketing fala mais alto que a ciência
A indústria dos suplementos vive de modas cíclicas. Ontem era a água com limão; hoje, clorofila líquida. Amanhã, talvez outro pó colorido. O que não muda é a lógica: produtos vendidos com promessas de rejuvenescimento rápido e poucas evidências sólidas.
Além disso, muitos suplementos populares nas redes sociais não têm registro na Anvisa, o que levanta dúvidas sobre pureza, concentração e segurança. Por isso, a orientação é clara: antes de aderir a qualquer tendência, consulte um nutricionista ou profissional de saúde.
No fim das contas, o segredo continua sendo o mais simples: comer bem, dormir bem, se hidratar e proteger o corpo com equilíbrio. Quando o assunto é longevidade, constância vale mais que modismo - o que dá resultado é o cuidado diário, não o produto da vez.
