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Vírus do bem: modificação genética combate tumor agressivo de pele

Vírus são geneticamente modificados e projetados para atingir e destruir seletivamente apenas as células cancerígenas

9 abr 2025 - 06h44
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Resumo
Vírus oncolíticos geneticamente modificados, como o T-VEC, mostram potencial no tratamento de cânceres de pele, combinando destruição seletiva de células tumorais e estímulo imunológico. Estudos e especialistas destacam eficácia e segurança, mas a terapia ainda não está disponível no Brasil.
Vírus do bem: modificação genética combate tumor agressivo de pele:

Se não puder vencer seu inimigo, junte-se a ele. O velho ditado que faz sentido na vida também vale para a ciência. É sabido que um vírus precisa de uma célula viva para se multiplicar. E alguns deles, como o herpes simplex (vírus do herpes), deixam seu material genético na célula hospedeira inativos por muito tempo (infecção latente), mas esperando a hora certa de causar doenças. Se é ‘impossível’ vencê-los, talvez modificá-los e usá-los a favor de um tratamento possa ser uma boa opção. A ciência precisou adequar o ditado popular com a ajuda da modificação genética para desenvolver os vírus oncolíticos. 

“Esses vírus são organismos modificados geneticamente e projetados para infectar e destruir seletivamente apenas células cancerígenas. A sua relevância clínica cresceu muito nos últimos anos com diversos artigos mostrando a eficácia para o tratamento do câncer de pele mais agressivo, o melanoma. Nos Estados Unidos, é um tratamento padrão para inclusive para metástases superficiais desse tipo de câncer de pele em combinação com imunoterapia, e é indicado pelas diretrizes americanas do NCCN (National Comprehensive Cancer Network)”, explica Ramon Andrade de Mello, oncologista de São Paulo e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia. 

“Não é só isso, ao mesmo tempo em que ataca o tumor de pele, ele libera antígenos, uma pequena fração do tumor, que é apresentada às células de defesa, estimulando o sistema imunológico a reconhecer e combater o tumor”, completa o médico. 

Um exemplo bem-sucedido é o Talimogene Laherparepvec (T-VEC), um vírus derivado do herpes simples modificado para atacar células cancerígenas na pele. O tratamento ainda não está disponível no Brasil.

O melanoma é o tipo de câncer de pele mais agressivo, com alto risco de metástase se não for identificado precocemente. Segundo o médico, em termos clínicos, o tratamento com vírus oncolítico pode ser importante para a remissão da doença e até para evitar a recidiva, já que a liberação de antígeno tende a ser reconhecida pelo sistema imune, deixando-o mais ‘consciente’ e ‘atento’ a esse tipo de câncer. 

“O T-VEC funciona infectando as células tumorais, se replicando dentro delas e, eventualmente, causando sua destruição”, diz o médico. “Os estudos clínicos demonstraram que pacientes com melanoma avançado tratados com vírus oncolíticos apresentam maior taxa de resposta ao tratamento e sobrevida prolongada quando comparados a terapias convencionais isoladas.”

Um estudo recente também identificou que esse tipo de vírus modificado pode ser eficaz contra carcinomas basocelulares, a forma mais comum de câncer de pele. 

“Diferente do melanoma, que tem causa genética e é mais raro e agressivo, os carcinomas basocelulares ocorrem em áreas cronicamente expostas ao sol, como o rosto, então o fator principal ligado ao desenvolvimento desse tipo de câncer de pele é ambiental e não genético. A principal abordagem para esse câncer é cirúrgica, mas tumores localmente avançados podem ser difíceis de tratar cirurgicamente. E uma equipe de pesquisa da MedUni Vienna e do University Hospital Vienna investigou a eficácia do T-VEC para esses casos, com resultados muito interessantes: a substância levou a uma redução no tamanho do carcinoma basocelular em todos os participantes do estudo, o que não apenas melhorou a remoção cirúrgica, mas também levou a uma regressão completa do tumor em alguns dos pacientes”, explica Ramon. Esse estudo é recente, de janeiro de 2025, e foi publicado no periódico Nature Cancer.

O oncologista diz que os testes clínicos comprovam que a terapia é segura. “Quanto aos efeitos adversos, os mais comuns incluem febre, fadiga, dor no local da injeção e sintomas semelhantes aos de uma gripe. Em alguns casos, podem ocorrer reações inflamatórias intensas, exigindo monitoramento médico. Mas os pacientes melhoram desses sintomas em alguns dias”, diz o especialista.

O oncologista espera que o tratamento chegue ao Brasil o mais rápido possível para proporcionar benefícios aos pacientes. “O uso de vírus oncolíticos representa uma revolução na Oncologia, especialmente no combate ao câncer de pele, que frequentemente apresenta resistência a tratamentos convencionais. Ao combinar ação direta contra tumores com o estímulo à imunidade, essa abordagem pode transformar o prognóstico de pacientes com câncer avançado”, diz o especialista. “Acredito que os vírus oncolíticos têm o potencial de se tornar um pilar fundamental no tratamento do câncer, oferecendo uma alternativa inovadora e mais personalizada para milhares de pacientes ao redor do mundo”, finaliza Ramon.

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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