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Sobrepeso e artrose de joelho: é pior do que você imagina

Cada 1 kg de peso adicional aumenta em quase 4 kg a carga sobre os joelhos

3 mar 2025 - 06h44
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Resumo
O sobrepeso e a obesidade aumentam o risco de artrose devido à sobrecarga mecânica e à inflamação sistêmica.
Foto: Montagem Homework

Existe uma relação entre o sobrepeso e a artrose. Mas por que isso ocorre? “O sobrepeso e a obesidade aumentam significativamente o risco de artrose devido a dois mecanismos principais: a sobrecarga mecânica e a inflamação sistêmica. No primeiro caso, o excesso de peso sobrecarrega as articulações, especialmente as que suportam carga, como joelhos, quadris e coluna. Isso acelera o desgaste da cartilagem, que é o tecido que amortece as articulações. No segundo caso, a obesidade está associada a um estado de inflamação crônica no corpo. O tecido adiposo (gordura) libera substâncias inflamatórias, como citocinas, que podem danificar a cartilagem e agravar a artrose”, explica Fernando Jorge, médico ortopedista, especialista em cirurgias do joelho e cirurgias do quadril (HSL-RP) e em intervenção em dor (Hospital Albert Einstein). 

Além disso, o sobrepeso é particularmente prejudicial para a artrose de joelho: “Isso ocorre porque os joelhos são articulações que suportam grande parte do peso corporal durante atividades como caminhar, correr e subir escadas. Estudos mostram que a obesidade aumenta em até 4 vezes o risco de desenvolver artrose no joelho. Há evidências científicas que mostram que cada 1 kg de peso corporal adicional aumenta a carga sobre os joelhos em aproximadamente 4 kg durante atividades como caminhar. Isso significa que, se uma pessoa ganha 5 kg, os joelhos podem enfrentar uma sobrecarga adicional de 20 kg. Essa relação é ainda maior durante atividades de alto impacto, como correr ou pular”, acrescenta o médico.

A Organização Mundial da Saúde tem alertado que a prevalência de obesidade triplicou em todo o mundo desde 1975. No Brasil, a doença crônica afeta quase 1/4 da população, mas o sobrepeso acomete quase seis em cada 10 brasileiros. “Isso significa predizer que teremos uma ‘epidemia’ ainda maior de artrose nos joelhos”, diz Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). 

A artrose é a maior causa de dor musculoesquelética e limitação funcional na população idosa. Mas a relação do peso com a articulação do joelho também pode afetar pessoas mais jovens. Nesse caso, o risco é de condromalácia, principalmente se o paciente estiver com alto grau de obesidade. 

“Nesse caso, a sobrecarga gera inflamação na cartilagem, que fica mole com o tempo. Se o diagnóstico demorar a ser feito, o joelho pode ficar inoperável, piorando suas condições gradativamente”, diz Marcos. Outras lesões geradas por excesso de carga são: lesão da cartilagem e lesão meniscal degenerativa. “Em ambos os casos, podemos ter quadros graves, ainda mais em pacientes em que a obesidade intensificou problemas no joelho já existentes”, argumenta o especialista.

Além do excesso de peso, hábitos que podem agravar a artrose incluem o sedentarismo, a dieta inadequada, os vícios e as atividades físicas de alto impacto. “A falta de movimento enfraquece os músculos que sustentam as articulações, aumentando a carga sobre elas”, explica Fernando. “Por isso, a atividade física se faz necessária, visando não só o fortalecimento do músculo (o que é bom para o joelho), mas também o aumento do gasto calórico”, acrescenta Marcos Cortelazo. 

Quanto à dieta inadequada, Fernando explica que o consumo excessivo de alimentos como açúcar, gordura trans e carboidratos refinados pode piorar a inflamação sistêmica. “A má alimentação pode potencializar dores nos joelhos de forma indireta através de 3 mecanismos básicos: ganho de peso com sobrecarga articular, baixa ingestão de proteínas que pode diminuir a massa muscular e assim reduzir a proteção das articulações, e ingestão de alimentos com potencial inflamatório”, diz Marcos. “No caso dos vícios, fumar, por exemplo, reduz a circulação sanguínea e prejudica a saúde das articulações”, diz Fernando. 

Exercícios como corrida em superfícies duras ou crossfit podem acelerar o desgaste articular.

Para vencer a obesidade e as dores no joelho que, inclusive, prejudicam a prática de exercícios físicos, Fernando indica atividades de baixo impacto. “A dor no joelho pode criar um ciclo vicioso: a dor limita a atividade física, o que dificulta a perda de peso, e o excesso de peso piora a artrose. Para sair desse ciclo, é importante: iniciar com exercícios de baixo impacto, como natação, hidroginástica, ciclismo e caminhadas leves; e também o fortalecimento muscular, com exercícios para fortalecer os músculos ao redor do joelho (como quadríceps e posteriores da coxa), que ajudam a estabilizar a articulação e reduzir a dor. Lembrando sempre que o acompanhamento profissional é fundamental: do fisioterapeuta e do nutrólogo ou nutricionista”, explica. 

“Além disso, podemos indicar o uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, sempre sob orientação médica, para controlar a dor e permitir a prática de atividades físicas”, completa.

O tratamento da artrose relacionada ao sobrepeso/obesidade deve ser multidisciplinar e inclui: perda de peso, exercício físico, fisioterapia, medicamentos, infiltrações e cirurgia. Para a perda de peso, é recomendada uma dieta hipocalórica (consumo de calorias menor do que o corpo gasta). 

“A redução de 5 a 10% do peso corporal já pode melhorar significativamente os sintomas e retardar a progressão da artrose. Uma dieta rica em ômega-3 (peixes, sementes), antioxidantes (frutas, vegetais) e fibras, e pobre em alimentos processados e açúcares também pode ajudar”, diz Fernando. Infiltrações com injeções de corticosteroides ou ácido hialurônico podem ser indicadas em casos selecionados. 

“Dependendo da gravidade do caso pode ser necessária a cirurgia, que vai depender da forma com a doença está se apresentando: desde um procedimento de artroscopia para limpeza articular, usada para casos restritos, até as cirurgias de correção de eixo, osteotomias, e cirurgias para a substituição da articulação acometida (artroplastia ou prótese)”, explica Marcos. “O diagnóstico correto e o programa de tratamento indicado pelo especialista podem frear a progressão da artrose”, finaliza o médico.

(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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