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Saiba os riscos do mergulho por trás da cena de Ísis Valverde em 'A Força do Querer'

Especialista lembra como o corpo reage à falta de oxigênio e quais protocolos garantem segurança no mergulho

3 out 2025 - 04h56
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Na novela A Força do Querer, exibida pela TV Globo em 2017 e disponível no Globoplay, a personagem Ritinha, interpretada por Ísis Valverde, encantou o público nas cenas de mergulho como sereia. O que parecia pura fantasia, no entanto, exigiu meses de preparação da atriz, que chegou a treinar apneia e mergulho até conseguir permanecer por quatro minutos debaixo d'água.

A médica Julia Sannazzaro, especialista em medicina do mergulho, alerta que é preciso ter cuidado, já que o fascínio da cena televisiva contrasta com os bastidores do mergulho real, como pressão, retenção de gases, risco de hipóxia (falta de oxigênio) e possibilidade de acidentes graves. Conforme Sannazzaro, treinos intensos de apneia podem levar a complicações sérias. Entre elas estão a hipóxia, o desmaio subaquático (conhecido como shallow water blackout), barotraumas, arritmias e, em mergulhos repetidos e profundos, até quadros semelhantes à doença descompressiva.

A especialista esclarece que o corpo dá sinais claros de que chegou ao limite e isso não deve ser ignorado. São contrações involuntárias do diafragma, vontade súbita de respirar, tontura, visão em túnel, zumbido, fraqueza ou confusão mental. Ela comenta que quando o indivíduo está debaixo d'água sem respirar, o corpo sofre várias adaptações, a pressão externa aumenta e comprime os gases, o sangue se desloca para a caixa torácica para proteger os pulmões, o que aumenta a pressão sobre os ouvidos e os seios da face. "O grande risco é que, na subida, o oxigênio nos pulmões caia rapidamente, favorecendo a hipóxia justamente próximo à superfície. Mesmo em mergulhos rasos, podem ocorrer síncope e barotrauma de ouvido, de seios da face ou de máscara; em apneias repetidas e profundas, podem surgir sintomas neurológicos semelhantes aos da doença descompressiva", aponta.

Segurança

Entre os protocolos básicos para mergulhadores recreativos, a recomendação número um é nunca mergulhar sozinho. Também é fundamental não hiperventilar antes da apneia, pois isso aumenta o risco de desmaio. Sannazzaro reforça que os treinos devem ser progressivos, com intervalos de descanso, hidratação adequada, atenção às condições ambientais e um plano de emergência definido. Portanto, a avaliação médica prévia é indispensável. "Analisamos o histórico clínico, doenças cardíacas, respiratórias, neurológicas e, quando necessário, solicitamos exames específicos, como função pulmonar em asmáticos e testes cardiológicos para pessoas com risco cardiovascular", explica.

Quem deve evitar mergulhos

Alguns perfis exigem atenção especial. Pessoas com doenças pulmonares de aprisionamento de ar, como asma não controlada, histórico de pneumotórax, arritmias, epilepsia ativa ou problemas crônicos de ouvido não devem praticar mergulho.

Para iniciantes em apneia, os limites seguros envolvem começar com tempos curtos, sempre supervisionados. A especialista ressalta que a pessoa nunca deve treinar sozinho, respeitar intervalos longos de recuperação e parar ao primeiro sinal de desconforto são regras essenciais.

Estrutura de atendimento

As câmaras hiperbáricas têm papel fundamental no tratamento de doenças descompressivas e algumas complicações neurológicas. Em casos suspeitos, a administração imediata de oxigênio e o encaminhamento a serviços especializados são indispensáveis.

No Brasil, a médica informa que há estruturas em regiões turísticas, como Fernando de Noronha, mas a cobertura ainda é limitada. "Nem sempre essas câmaras estão em pleno funcionamento. Por isso, é essencial que as operadoras tenham oxigênio a bordo e contato direto com redes de emergência como o DAN (Divers Alert Network)", enfatiza.

Conscientização e futuro

Para Sannazzaro, a informação clara e acessível é o melhor caminho para reduzir acidentes. Ela afirma que o mergulhador precisa entender que existem riscos, mas que eles podem ser controlados com protocolos simples, como mergulhar sempre acompanhado, respeitar limites de tempo e profundidade, ouvir os sinais do corpo e manter exames em dia.

Foto: Mais Novela

De acordo com a médica, o futuro da medicina do mergulho é promissor. Avanços incluem computadores cada vez mais inteligentes, protocolos médicos personalizados e sensores portáteis capazes de monitorar em tempo real o estado físico do mergulhador. "Estamos caminhando para um mergulho mais seguro, inclusivo e acessível, sem perder a magia de explorar o fundo do mar", finaliza.

Especialista

Apaixonada pelo mar e pela prática do mergulho recreativo, a médica Júlia Sannazzaro transformou a afinidade pessoal em campo de especialização profissional. Além de ser especialista em Nutrologia e Medicina Integrativa, ela também se dedicou à Medicina do Mergulho e à Medicina Hiperbárica, áreas nas quais hoje atua como referência. Professora da Faculdade BWS, Júlia alia experiência clínica e acadêmica à vivência prática no universo subaquático. Sua especialidade não se restringe à segurança dos mergulhadores: também desempenha papel essencial no tratamento de condições complexas, como feridas de difícil cicatrização, osteomielite, infecções

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