Plástico pode estar ligado a centenas de milhares de mortes cardíacas por ano, alerta estudo
Pesquisa associa exposição ao DEHP, presente em plásticos comuns, a inflamações arteriais e desequilíbrios hormonais
Um novo estudo publicado na revista científica eBioMedicine levantou uma preocupação global: o contato diário com substâncias presentes em plásticos pode estar associado a mais de 350 mil mortes por doenças cardíacas apenas em 2018.
O foco da pesquisa é o di(2-etilhexil)ftalato (DEHP), um tipo de ftalato usado para tornar o plástico mais maleável — encontrado em potes de armazenamento de alimentos, brinquedos infantis e até equipamentos médicos.
"O que preocupa é o uso generalizado desse composto pois ele está em objetos do nosso cotidiano, inclusive em materiais médicos. A exposição constante e silenciosa pode acelerar o processo inflamatório nas artérias, agravando doenças preexistentes", explica o cardiologista Dr. Roberto Yano.
Substância pode estar associada a 13% das mortes cardíacas em pessoas de meia-idade
Os pesquisadores analisaram dados de aproximadamente 200 países, cruzando amostras de urina que indicavam exposição ao DEHP com índices de mortalidade por doenças cardiovasculares. O resultado foi alarmante: 13,2% das mortes por problemas cardíacos em pessoas entre 55 e 64 anos estariam relacionadas ao contato com o ftalato.
"O DEHP pode desencadear inflamações sistêmicas nas artérias coronárias, o que contribui diretamente para o desenvolvimento e agravamento da aterosclerose, aumentando o risco de infartos e AVCs", reforça o Dr. Roberto Yano.
Interferência hormonal e riscos adicionais
Além de seu impacto direto nas artérias, o estudo destaca outro efeito preocupante: os ftalatos podem interferir na produção hormonal, em especial nos níveis de testosterona. Essa alteração, segundo especialistas, pode agravar ainda mais os riscos cardiovasculares, sobretudo em homens.
"Baixos níveis de testosterona são um fator de risco reconhecido para doenças cardiovasculares. Portanto, a exposição a ftalatos pode atuar de forma dupla: inflamando as artérias e desequilibrando o sistema hormonal", explica o Dr. Roberto Yano.
Um alerta para o cotidiano
"A exposição crônica a ftalatos, especialmente ao DEHP, está associada a inflamações arteriais que podem culminar em infartos e derrames", alerta o cardiologista Dr. Roberto Yan.
Os resultados reforçam a necessidade de repensar o uso de plásticos no dia a dia, especialmente em produtos que entram em contato direto com alimentos e no ambiente hospitalar, onde a exposição pode ser ainda mais intensa.