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Para gerar endorfina, basta correr, pular e dançar

12 jul 2023 - 06h10
(atualizado às 16h02)
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Salve, salve!!! Salve-se quem puder.

Já parou pra pensar na felicidade como um processo biológico disparado pela emissão de substâncias químicas naturais produzidas pelo cérebro que desencadeiam este sentimento?!

Frase de efeito logo de cara né. Fisguei sua atenção, não tem mais jeito. Inicio assim uma nova série de artigos, agora sobre os hormônios e substâncias que controlam e comandam nossa mente e sentimentos.

Vamos entender por que essas INAs influenciam tanto nossas vidas. Todos os dias. Quer você queira ou não.

Se dinheiro traz felicidade eu não sei, mas quando o seu cérebro despeja na corrente sanguínea uma ou várias destas químicas você se sente bem, feliz, livre, leve e solto. Rico, não tenho certeza.

A endorfina, por exemplo – na verdade as endorfinas pois são várias –, já foram chamadas de morfinas do corpo. São uma espécie de analgésico natural.

Você sabe como produzi-la no seu corpitcho de Bebeto? Basta dançar e vai gerar uma sensação momentânea de felicidade. Numa boate então, junto de seus melhores amigos e amigas com um deles pagando a conta? Aí é subir ao céu de primeira classe sem hora pra voltar.

Pra embalar a leitura, pegue sua calça boca de sino e seu sapato plataforma empoeirado e aperte o play nessa seleção de clássicos da disco music. Tem de tudo um pouco, inclusive três dos maiores sucessos do Chic.

Prepare aquela gin tônica e aumente o som!

Foto: Adobe Stock

Endorfina, o hormônio da Felicidade

Por definição, as endorfinas são neuro-hormônios com uma poderosa ação analgésica estimulando a sensação de bem-estar, conforto, alegria e melhora do estado de humor. Normalmente, sao liberadas na corrente sanguínea durante e depois da prática do exercício físico, do sexo e da danca aumentando sua quantidade no corpo e gerando felicidade instantânea.

O que acontece no nosso organismo quando sofremos uma descarga de endorfina? E como "forçar" esse sentimento quando bem quisermos?

Descoberta há mais de 40 anos, as endorfinas são uma espécie de breve euforia que atenua a dor física. Muitas drogas também desencadeiam a mesma sensação. E tem um apelo irresistível.

Comer alimentos picantes é uma das formas de liberar esses opiáceos naturais gerando uma sensação de felicidade. Mas, existem outras maneiras de forçar um "shot" de endorfina.

Dançar, cantar e trabalhar em equipe também são atividades que melhoram, através do aumento das substâncias no sangue, a sociabilidade e a tolerância à dor.

Fazer exercícios físicos com regularidade também.

Maratona

Em 2014 minha esposa estava grávida do nosso primeiro filho. Decidi correr a maratona de Düsseldorf e, em solidariedade a Ela, tentar simular uma experiência semelhante à uma gravidez criando uma sensação de esforço e dor, na minha cabeça de pai de primeira viagem.

A preparação pra corrida seria equivalente aos nove meses da gestação. E a corrida em si seria minha versão masculina para o parto. Literalmente, um marinheiro de primeira viagem.

Claro que não me preparei como deveria. No dia da corrida cheguei na largada com duas metas bem definidas: terminar a prova e, se possível, em menos de cinco horas.

Um amigo que já correra uma maratona me avisara: após o 30° quilômetro a sensação é de alguém amarrar bolas de ferro nos seus pés. E após o km 35 um urso imaginário sobe nas suas costas pra não mais descer.

Dito e feito. Ao ver a placa de 30 km minhas pernas automaticamente ficaram mais pesadas. No km 35 curvei a coluna pra baixo, mas logo me aprumei pra beber água e comer uma barra de cereais no posto de hidratação. A torcida ajudou muito. Várias crianças, adultos e idosos desconhecidos vendo meu esforço e gritando "Peedrooo!", escrito logo abaixo do número de inscrição colado na camisa, foi um incentivo inacreditável para continuar.

Ao fim e ao cabo, completei a prova em 4 horas e 48 minutos, alcançando minhas duas metas pessoais. A descarga de endorfina após a chegada foi imediatamente percebida. Tomei meio litro de cerveja de trigo sem álcool, excelente repositor de líquidos e sais minerais, descansei um pouco e fui atrás do bonde que me levaria até a distante rua onde meu carro estava estacionado.

Somente pela endorfina e satisfação pessoal já vale a pena completar uma maratona. E pra contar aos netos também, né!

Para ver e ler

Filme: Manchester by the Sea - Kenneth Lonergan (2016) prepare os lenços

Apesar de toda essa alegria incontida, um estudo publicado em 2016 por pesquisadores da Universidade de Oxford na Inglaterra revelou que assistir a filmes tristes também eleva os níveis de endorfina no organismo.

O irmão pouco famoso de Ben Affleck, Casey, entrega uma atuação excepcional neste drama familiar passado numa cidadezinha à beira mar em Massachusetts, nos EUA, chamada Manchester-by-the-sea. Desnecessário dizer que Casey é mil vezes melhor ator do que o canastrão Ben.

No filme, Lee Chandler (Casey Affleck) é um zelador eternamente triste e deprimido forçado a retornar a sua cidade natal para tomar conta de seu sobrinho adolescente, após seu irmão (Kyle Chandler) falecer precocemente. Lee precisa enfrentar as razões que o fizeram abandonar sua família e ir embora anos antes, deixando seu retorno ainda mais complicado.

Se você quer despejar endorfina no sangue via tristeza e infelicidade, seu filme é esse. A presença da morte pesa sobre personagens interiormente devastados.

Não há soluções “inspiradoras”, saídas fáceis ou redenções fofinhas para elas. É a vida como ela é, sem atalhos ou purpurina.

Um drama familiar realista, soturno, duro e sem finais felizes hollywoodianos.

Livro: Le Freak - Nile Rodgers (2011), a trilha sonora das pistas

Esqueça tudo que esse gigante do showbiz fez pela música. Somente sua história de vida já vale a leitura. É a autobiografia de um sobrevivente.

Filho de mãe e padrasto junkies de heroína e pai alcoólatra e mendigo, Nile é exposto desde cedo às mais diversas situações e tipos de pessoas: cafetões, putas, artistas, travestis, jazzistas, artistas, avós rígidas, homossexuais, amigos e mulheres de todas as cores e sabores. Chegou a dizer que era a criança de 8 anos mais velha do mundo após ver e experimentar tanta coisa.

Não é por acaso que a música criada por Nile Rodgers é tão diversa, rica e contagiante. Nos toca o coração e faz dançar. Como guitarrista e depois como produtor ele vendeu mais de 100 milhões de discos. É praticamente impossível você nunca ter ouvido uma música criada, produzida ou tocada por ele.

Conhece alguém que quando adolescente tomou ácido com o Dr. Timothy Leary, um dos que popularizou o LSD? Que fez uma jam session com Jimi Hendrix e outros tantos mega músicos? Foi colega de hospital com Andy Warhol numa emergência? Transformou a Madonna numa mega star fazendo de “Like a Virgin” seu disco de maior sucesso até hoje, assim como "Let 's Dance” de David Bowie?

Fundador do Chic, rei da discoteca nos anos 70, produziu Madonna, David Bowie, Diana Ross, Duran Duran, INXS e tantos outros como Daft Punk, Pharrell Williams, etc.

Nile fez tudo isso e muito mais, mas antes de tudo fez todo mundo dançar. Um hitmaker que sempre foi um dínamo de endorfina para todos nós.

Obra de Matisse
Obra de Matisse
Foto: Reprodução

Artista/Obra: Matisse - Everybody dance

“A Dança” de Henri Matisse é de 1910. Foi uma encomenda feita pelo milionário russo e colecionador de arte Sergei Shchukin, grande admirador dos impressionistas. É o ponto alto da carreira do pintor francês e do desenvolvimento da arte moderna. A pintura está no Hermitage em São Petersburgo.

A ideia do quadro surgiu em 1905 quando Matisse observava pescadores fazendo uma dança de roda, a sardana, numa praia no sul da França.

As formas e cores são simples ocupando toda a tela num padrão de movimento e ritmo. Apenas três cores predominam: o azul para o céu, o laranja/rosa para os corpos dos dançarinos e o verde para as colinas.

O próprio autor definiu sua obra: “O primeiro elemento da construção foi o ritmo. O segundo, foi a ampla superfície da cor, o azul. O terceiro foi o tom verde escuro. Seguindo esses elementos, os personagens poderiam ser vermelhos, para obter uma concordância luminosa.”

Junto a Pablo Picasso e Marcel Duchamp, Matisse é um dos três artistas mais inovadores do século 20, responsável também por uma evolução nas artes plásticas.

A endorfina já estava presente nas artes e em nossas vidas fazia muito tempo.

(*) Pedro Silva é engenheiro mecânico, PhD em Materiais, vive em Viena, corre, malha, às vezes dança e escreve semanalmente a newsletter Alea Iacta Est.

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