Script = https://s1.trrsf.com/update-1727287672/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

O que é mycoplasma, bactéria que pode estar associada à nova onda de infecções respiratórias?

Santo André (SP) registrou casos de pneumonia com a bactéria que causou surto na China

15 ago 2024 - 11h53
Compartilhar
Exibir comentários
Especialista conta que as infecções respiratórias causadas pelo Mycoplasma pneumoniae podem apresentar uma variedade de sintomas
Especialista conta que as infecções respiratórias causadas pelo Mycoplasma pneumoniae podem apresentar uma variedade de sintomas
Foto: Freepik

Nos últimos meses, médicos e pesquisadores têm observado um aumento em casos de infecções respiratórias relacionados a uma bactéria pouco conhecida: o Mycoplasma pneumoniae, que tem se destacado como uma possível responsável por casos ao redor do mundo. 

Após um surto da bactéria na China, desde dezembro de 2023 a Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia um eventual surto de pneumonias causadas por Mycoplasma pneumoniae. Países como a França, Estados Unidos e Dinamarca também relataram casos de infecção por esse micro-organismo. O Brasil não ficou de fora. Também no final de 2023, casos foram detectados em Santo André, São Paulo. 

Em entrevista ao Terra Você, o pneumologista e Chief Medical Officer (CMO) da Melvi Saúde, Rodrigo Athanazio, explica que o Mycoplasma é um gênero de bactérias que se destaca por sua ausência de parede celular, característica que o diferencia de muitas outras bactérias. Esta peculiaridade faz com que os antibióticos que atuam na síntese da parede celular, como os beta-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas), sejam ineficazes contra ele. 

Mycoplasma pneumoniae é uma das espécies mais conhecidas deste gênero, sendo uma causa comum de infecções respiratórias, especialmente pneumonia atípica. Tratamentos eficazes incluem macrolídeos (como a azitromicina), tetraciclinas e fluoroquinolonas.

“Diagnosticar infecções por Mycoplasma pode ser desafiador, pois os sintomas podem ser confundidos com os de outras infecções respiratórias. Métodos diagnósticos incluem testes sorológicos e PCR, que são mais específicos”, diz o médico. 

Sintomas

O especialista conta que as infecções respiratórias causadas pelo Mycoplasma pneumoniae podem apresentar uma variedade de sintomas, que muitas vezes são mais leves e se desenvolvem de forma mais lenta em comparação com outras infecções respiratórias bacterianas. Os sintomas típicos incluem:

  • Tosse seca e persistente: A tosse é frequentemente não produtiva e pode durar várias semanas. É um dos sintomas mais característicos da infecção por Mycoplasma.
  • Febre baixa: Ao contrário de outras pneumonias bacterianas, a febre associada ao Mycoplasma pneumoniae tende a ser baixa, geralmente não ultrapassando 38,3°C (101°F).
  • Dor de garganta: É comum sentir desconforto ou dor na garganta.
  • Dor de cabeça: Cefaleias podem ocorrer frequentemente.
  • Fadiga e mal-estar geral: Sensação de cansaço e falta de energia são sintomas comuns.
  • Dores musculares e articulares: Mialgia (dor muscular) e artralgia (dor nas articulações) também podem estar presentes.
  • Sintomas respiratórios: Além da tosse, podem ocorrer dificuldade respiratória e desconforto no peito.
  • Sintomas otorrinolaringológicos: Em alguns casos, pode haver otite média (infecção do ouvido médio), especialmente em crianças.

Diferenças em relação a outras pneumonias:

  • Desenvolvimento lento: Os sintomas de uma infecção por Mycoplasma pneumoniae desenvolvem-se mais gradualmente em comparação com pneumonias bacterianas típicas, como as causadas por Streptococcus pneumoniae, que geralmente apresentam um início súbito e sintomas mais graves.
  • Gravidade dos sintomas: Geralmente, os sintomas são menos graves e prolongados.

“Para um diagnóstico adequado, é essencial consultar um profissional de saúde, que pode recorrer a testes laboratoriais específicos, como sorologia ou PCR, para confirmar a presença de Mycoplasma pneumoniae”, indica o especialista.

Transmissão

O Mycoplasma pneumoniae é transmitido principalmente através de gotículas respiratórias expelidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. A transmissão ocorre mais facilmente em ambientes onde há contato próximo entre indivíduos, como escolas, creches, dormitórios e lares. Algumas formas de transmissão incluem:

  • Gotículas respiratórias: A transmissão ocorre através de gotículas respiratórias contaminadas que são inaladas por pessoas próximas.
  • Contato próximo: Situações em que as pessoas estão em contato próximo por períodos prolongados facilitam a disseminação da bactéria.
  • Superfícies contaminadas: Embora seja menos comum, a transmissão pode ocorrer através do contato com superfícies contaminadas, seguido do toque na boca, nariz ou olhos, através do que denominamos transmissão indireta.

Alguns fatores de risco incluem:

  • Ambientes fechados e aglomerados: Lugares com alta densidade populacional, como escolas, dormitórios e quartéis, aumentam o risco de transmissão.
  • Idade jovem: Crianças e adolescentes são mais propensos a contrair infecções por Mycoplasma pneumoniae, especialmente aqueles entre 5 e 20 anos.
  • Sistema imunológico comprometido: Indivíduos com sistemas imunológicos enfraquecidos, incluindo aqueles com doenças crônicas ou em tratamento com imunossupressores, têm maior risco de desenvolver infecções.
  • Outras condições médicas: Pessoas com doenças respiratórias crônicas, como asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), podem ter um risco aumentado.
  • Viagens e turismo: Viagens para áreas com surtos de Mycoplasma pneumoniae podem aumentar o risco de exposição e infecção.
  • Tabagismo: Fumar pode comprometer o sistema respiratório e aumentar a suscetibilidade a infecções respiratórias, incluindo as causadas por Mycoplasma.

Prevenção

O Mycoplasma pneumoniae tem um período de incubação relativamente longo, variando de 1 a 4 semanas, o que pode dificultar o controle da disseminação. 

O médico destaca que é importante estar ciente dos sintomas e procurar atendimento médico caso sintomas de infecção respiratória persistam, especialmente se ocorrerem em ambientes de risco. Algumas formas de prevenção incluem:

  • Higiene das mãos: Lavar as mãos regularmente com água e sabão ou usar desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Etiqueta respiratória: Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar e usar lenços descartáveis.
  • Ambientes ventilados: Manter os ambientes bem ventilados para reduzir a concentração de gotículas respiratórias.
  • Evitar contato próximo: Manter distância de pessoas doentes, especialmente em locais fechados.
  • Vacinação: Embora não haja uma vacina específica para Mycoplasma pneumoniae, manter as vacinas respiratórias atualizadas pode ajudar a prevenir complicações secundárias.

Tratamento

O tratamento para infecções respiratórias causadas por Mycoplasma pneumoniae geralmente envolve o uso de antibióticos eficazes contra bactérias sem parede celular. 

O médico conta que a resistência aos antibióticos é uma preocupação crescente no tratamento de infecções por Mycoplasma pneumoniae. A resistência macrolídica tem sido relatada, particularmente na Ásia, e está associada a mutações nos genes da bactéria.

O tratamento típico com antibióticos dura de 7 a 14 dias, dependendo da gravidade da infecção e da resposta do paciente ao tratamento. É importante seguir as orientações médicas e completar o curso completo de antibióticos para evitar recaídas e reduzir o risco de desenvolver resistência. Os tratamentos mais comuns incluem:

  • Macrólidos
  • Azitromicina: Frequentemente usada devido ao seu perfil de dosagem conveniente e menor número de efeitos colaterais.
  • Claritromicina e Eritromicina: Outras opções dentro da classe dos macrólidos.
  • Tetraciclinas
  • Doxiciclina: Eficaz e geralmente bem tolerada. Não é recomendada para crianças menores de 8 anos devido ao risco de descoloração permanente dos dentes.
  • Fluoroquinolonas
  • Levofloxacino e Moxifloxacino: Usados principalmente em adultos, devido aos riscos potenciais de efeitos colaterais em crianças.
  • Alternativas terapêuticas
  • Nos casos de resistência aos macrólidos, os médicos podem recorrer às tetraciclinas ou fluoroquinolonas, que continuam a ser eficazes contra cepas resistentes.

Pacientes devem ser monitorados para sinais de complicações, como piora da tosse, dificuldade respiratória ou persistência dos sintomas, que podem indicar a necessidade de reavaliação médica.

Complicações

O pneumologista afirma que as infecções respiratórias causadas por Mycoplasma pneumoniae são geralmente leves, mas podem levar a complicações, especialmente em indivíduos com fatores de risco subjacentes. Entre as possíveis complicações estão:

  • Pneumonia grave: Embora a pneumonia causada por Mycoplasma seja frequentemente mais leve, pode evoluir para uma forma mais grave, especialmente em pessoas imunocomprometidas, idosos e crianças pequenas.
  • Otite média: Infecções do ouvido médio são comuns, especialmente em crianças.
  • Traqueobronquite: Inflamação dos brônquios, que pode levar a tosse persistente e produção de muco.
  • Encefalite e meningite: Embora raro, Mycoplasma pneumoniae pode causar inflamação do cérebro (encefalite) ou das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal (meningite).
  • Anemia hemolítica: Uma condição onde os glóbulos vermelhos são destruídos mais rapidamente do que podem ser produzidos, levando a sintomas como fadiga, palidez e icterícia.
  • Miocardite: Inflamação do músculo cardíaco, que pode afetar a função do coração.

Prevenção das Complicações

O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento adequado com antibióticos podem ajudar a prevenir complicações. Além disso, completar o curso completo de antibióticos conforme prescrito pelo médico, mesmo que os sintomas melhorem antes do término do tratamento.

Manter as vacinas atualizadas para outras infecções respiratórias, como a vacina contra a gripe e a vacina pneumocócica, pode ajudar a prevenir complicações secundárias. 

“A prevenção de complicações envolve principalmente medidas de diagnóstico precoce e tratamento adequado, além de práticas de higiene e um estilo de vida saudável. É essencial seguir as orientações médicas e estar atento aos sinais de possíveis complicações para buscar atendimento médico imediato quando necessário”, conclui o médico.

Fonte: Redação Terra Você
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade