Maconha: uso diário aumenta risco de infarto e derrame, diz estudo
A pesquisa foi feita por estudiosos da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) e analisou dados de mais de 434 mil pessoas
Um novo estudo, publicado no Journal of the American Heart Association no início deste mês, revelou que fumar maconha diariamente pode causar problemas cardiovasculares. A pesquisa foi feita pela Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) e analisou dados de mais de 434 mil pessoas nos Estados Unidos para entender a ação do uso da cannabis na saúde do coração.
Os números foram retirados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e, dos entrevistados, 4% eram fumantes diários, 7,1% eram usuários não diários e 88,9% não consumiram maconha pelos últimos 30 dias. A análise foi feita para entender o impacto da maconha nos riscos de doença cardíaca coronária, enfarte agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Os pesquisadores compararam com aqueles da população em geral e com aqueles que nunca fumaram tabaco.
Os resultados mostraram que os usuários diários da maconha tiveram um aumento de 25% no risco de ataque cardíaco e 42% de acidente vascular cerebral (AVC). O estudo teve enfoque no consumo através do fumo, e não analisou outros métodos, como os comestíveis. Não existem muitos dados sobre a segurança destas formas de consumir a droga.
O que dizem os especialistas?
Em entrevista à Fox News Digital, Abra Jeffers, co-autora do estudo e pesquisadora do Massachusetts General Hospital, afirmou que a maconha pode ser tão prejudicial quanto o tabaco. "As pessoas pensam que a maconha é inofensiva. Não é. Descobrimos que usar maconha (principalmente fumando) é tão ruim quanto fumar cigarros de tabaco. Embora tenhamos relatado os resultados do uso diário, qualquer uso aumenta o risco - com mais dias de uso por mês associados a um risco maior", relatou.
Salomeh Keyhani, autora sênior do estudo e professora de medicina da UCSF, compartilhou nota oficial para imprensa, em que disse que "o uso de cannabis está aumentando tanto em prevalência quanto em frequência, enquanto o tabagismo convencional está diminuindo. O uso de cannabis por si só pode, com o tempo, tornar-se o fator de risco mais importante".
Robert Page, o presidente da American Heart Association e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Colorado, afirmou que a pesquisa é excepcional, pois realizou análise dos fumantes de maconha e de tabaco separadamente. "A cannabis não é um espectador inocente quando se trata de saúde cardiovascular", disse.
O médico afirmou que foi impactante perceber que a maior parte dos entrevistados era "razoavelmente saudável", e sua maioria estava entre os 18 e 34 anos. "Esses são os indivíduos que normalmente não vão ao médico de cuidados primários porque são jovens e pensam que são invencíveis", relatou.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini