Fertilização com óvulos doados realiza sonho de casal
A dona de casa Roberta (nome alterado a pedido da entrevistada), de Arujá (SP), tem 43 anos, uma filha de 14 anos e está grávida de sete meses. A gestação veio graças à técnica de fertilização
in vitro(FIV) com óvulos doados. Ela está em seu segundo casamento, seu marido não tem filhos e, há cerca de três anos, o casal começou as tentativas para engravidar.
Como, na época tinha 40 anos, ela e o marido buscaram uma clínica especializada que indicou uma fertilização in vitro. "O médico me explicou que eu tinha 30% de chances de engravidar. Apostei todas as minhas fichas naqueles 30% e me decepcionei muito quando não engravidei. Parecia que tinha perdido um ente querido", lembra Roberta.
Depois de se recuperar da decepção e de fazer muitas pesquisas sobre o assunto, eles decidiram buscar outra clínica. Nessa época, o casal havia descoberto que poderia fazer um tratamento com óvulos doados e que as chances de gravidez iriam aumentar substancialmente. "Já fui à clínica decidida de que faria uma fertilização com óvulos doados. Os médicos até tentaram me convencer do contrário porque eu ainda tinha possibilidade de engravidar com meus próprios óvulos, mas eu sabia que minhas chances eram menores", explica.
A espera por uma doadora
A doação de óvulos é feita, na maioria das vezes, por pacientes jovens que também estão em tratamento. Durante a estimulação ovariana, algumas mulheres acabam produzindo muito mais óvulos do que o necessário. Nesses casos, a mulher pode optar por doá-los.
De acordo com Edward Carrilho, ginecologista e especialista em reprodução humana da clínica Engravida, de São Paulo, apesar das dificuldades em encontrar uma doadora, normalmente a espera não é longa, mas isso depende muito das características raciais do casal e da região em que eles buscam tratamento. "Uma clínica do Sul do País provavelmente terá mais doadoras de pele e cabelos mais claros", exemplifica.
A doadora veio antes do esperado e em três meses ela já tinha os óvulos que seriam implantados. "Estava na praia quando eles me ligaram e disseram que tinham uma doadora disponível. A funcionária da clínica disse que iria me mandar um e-mail com a ficha da moça", relembra. "Fiz as malas e voltei para casa, assim poderia acessar a mensagem com as informações. Conversei com meu marido e decidimos que seria ela."
Roberta fez a fertilização em dezembro e já nos primeiros dias de janeiro descobriu que o tratamento havia dado certo e que ela estava grávida. Ela diz que os primeiros meses foram de muita cautela, por conta dos riscos de uma gravidez depois dos 40 anos. "Tomei muitos cuidados. Tinha muito medo de sofrer um aborto", afirma.
A decisão pelos óvulos doados
Roberta explica que a decepção que sofreu na primeira tentativa foi decisiva para a escolha pela doação de óvulos. Mesmo assim, ela admite ter tido muitas angústias no primeiro mês de gestação.
"Fiquei pensando nas características físicas do bebê. Cheguei até a ter pensamentos de que a criança seria mais do meu marido do que minha, mas, hoje, tudo isso já passou", relata. "Agora, está tudo bem. Só estou esperando o bebê chegar", completa.
Segundo ela, o bebê era o que faltava para a sua relação ficar perfeita e esse foi um dos principais motivos que a fez optar pelo método. "Claro que eu queria ter gerado essa criança com meu óvulo, mas, a cada dia que passa, me lembro menos dessa história de óvulo doado", conta.
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