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Esclerose múltipla: Entenda a doença que afeta a atriz Cláudia Rodrigues

É uma doença mais comum em mulheres que estão na faixa etária dos 20 aos 30 anos

14 jun 2021 - 18h23
(atualizado em 15/6/2021 às 09h29)
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Geralmente os sintomas se manifestam por um curto período de tempo
Geralmente os sintomas se manifestam por um curto período de tempo
Foto: Reprodução/Instagram / Saúde em Dia

A esclerose múltipla é uma doença crônica neurológica autoimune que atinge em sua maioria, pessoas entre 20 a 50 anos de idade. É o caso da atriz Cláudia Rodrigues que descobriu a doença no auge dos 30 anos. Para esclarecer o assunto o SD conversou com o Dr. Leonardo Ferreira Antônio, clínico geral do Eurekka Med.

Por se tratar de uma doença que atrofia o sistema nervoso central (SNC), ela pode ser definida em quatro grupos distintos de manifestações.

Síndrome clinicamente isolada

Geralmente os sintomas se manifestam por um curto período de tempo e a doença entra em remissão, no entanto, até 60% dos pacientes, apresentam nova sintomatologia.

Esclerose múltipla com padrão de recaída-remissão

Neste subtipo, ocorrem surtos episódicos que podem durar dias a semanas entre períodos de estabilidade neurológica. Durante os ataques, novos sintomas podem se apresentar, enquanto que os sintomas anteriores podem piorar. A recuperação completa dos déficits residuais pode ocorrer após cada surto (em aproximadamente 90% dos pacientes).

Esclerose múltipla progressiva primária

Ocorre um declínio progressivo da doença e acúmulo de incapacidades desde o início sem um padrão de recaída-remissão (em aproximadamente 10% dos pacientes).

Esclerose múltipla progressiva secundária

Aqui, o paciente vai apresentar um declínio gradual da doença após um curso inicial de recaída-remissão da doença. A fase progressiva pode estar associada a exacerbações agudas.

Esse subtipo normalmente é diagnosticado retrospectivamente, ou seja, após as manifestações da doença, é suspeitado que o paciente tem esclerose múltipla progressiva primária e a partir daí são realizados exames para firmar o diagnóstico.

Quais os sintomas?

Podem variar de paciente para paciente, mas na maior parte dos casos, os sintomas são sensitivos, motores, visuais e tremores.

Os sensitivos aparecem principalmente nos membros inferiores onde o paciente vai apresentar redução de sensibilidade, ou por vezes em todo um lado do corpo.

Os motores normalmente são manifestados com fadiga, fraqueza, dificuldade para andar, correr ou até mesmo escrever.

Já os visuais se manifestam através da diplopia (visão dupla), turvação visual ou redução da acuidade.

"Além dessas manifestações o indivíduo também pode apresentar problemas de memória, falta de atenção e concentração, depressão e/ou ansiedade, dificuldade para engolir ou falar (voz trêmula, fala lentificada com palavras arrastadas), incontinência fecal e urinária, além de disfunção sexual (disfunção erétil nos homens e diminuição da lubrificação nas mulheres)", explica.

Por quê pessoas mais jovens muitas vezes desenvolve essa doença como a atriz Cláudia Rodrigues que descobriu no auge dos 30 anos? 

Isso acontece devido ao perfil de acometimento da doença, que é mais comum em mulheres brancas e jovens (entre 20 a 50 anos). No entanto, como a doença é um pouco mais conhecida, as pessoas procuram auxilio médico cedo e por conta disso o diagnóstico é realizado em idades cada vez mais baixas.

Apesar de ser mais comum na população de 20 a 50 anos, não se deve descartar as possibilidades de ter as primeiras manifestações em idades mais avançadas (acima dos 50 anos de idade).

Como se dá o diagnóstico?

Deve ter evidencias de múltiplas lesões no Sistema Nervoso Central (SNC) e clinicas de pelo menos dois distúrbios neurológicos em indivíduos entre 10 e 59 anos.

Normalmente, para obter evidencias de lesões do SNC, o médico neurologista solicita exames como: ressonância magnética de crânio e coluna cervical, torácica e lombar, coleta de líquor (que é o liquido que banha o SNC) e potencial evocado (que mede a condução nervosa do trato visual, auditivo, motor e sensorial).

A esclerose múltipla é uma doença genética?

Não é uma doença que é herdada diretamente, no entanto, existe uma chance maior (aproximadamente 1 a 5%) de que o paciente com Esclerose Múltipla tenha também algum parente com o mesmo diagnóstico. Em casos de gêmeos idênticos, a chance de ambos terem a doença pode chegar em até 25%.

Fatores ambientais também podem contribuir para a manifestação da doença, por exemplo, quanto mais distante da linha do equador, maior é a prevalência (número de casos).  

Isso acontece devido a menor exposição solar, que estimula a produção de vitamina D, na qual tem influência sobre a regulação do sistema imunológico. Indivíduos que se expõem pouco ao sol até os 15 anos de idade, tem um aumento na chance de desenvolver a doença.

Excesso de higiene e ausência de parasitoses intestinais durante a infância podem estar associadas a maior probabilidade de surgimento da Esclerose Múltipla. Além do tabagismo aumentar cerca de 1,5 a 2 vezes mais o número de surtos e progressão da doença.

Pessoas que foram infectadas pelo Vírus Epstein-Barr (EBV) tem um risco aumentado de desenvolver a doença, podendo ser entre 20 a 36 vezes maior do que pacientes que não tiveram contato com o EBV

Portanto, pode-se concluir que vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento da doença e que esta não é exclusivamente genética ou infecciosa.

Como é feito o tratamento?

O tratamento tem como foco a redução da progressão da doença, uma vez que ela não tem cura. Pode ser feito por meio de medidas gerais, ou seja, holísticas, multidisciplinares e farmacológica.

Para o alívio sintomático são usados: Metilprednisolona por no máximo 5 dias, Injeção intramuscular ou subcutânea de ACTH (corticotrofina), ou plasmaférese.

Como aliada ao tratamento deve ser estimulada também a neurorreabilitação farmacológico com o objetivo de reduzir ainda mais a sintomatologia. É importante conciliar o acompanhamento de psicólogos, fisioterapeutas, arteterapeutas, fonoaudiálogos e terapia ocupacional.

Em casos muito específicos e bem selecionados, existe a possibilidade de realizar transplante de células-tronco, mas devido ao grande risco de infecções e óbito, esse tipo de tratamento deve ser cogitado como última opção.

Consultoria: Dr. Leonardo Ferreira Antônio, clínico geral do Eurekka Med.

Saúde em Dia
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