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Dose segura de metanol? Médicos alertam que até pequenas quantidades causam graves danos

A contaminação provoca alterações no sistema nervoso central que podem variar da sonolência até a perda da visão; há risco de quadro evoluir e causar a morte

30 set 2025 - 19h04
(atualizado em 30/9/2025 às 23h20)
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O metanol, também conhecido como álcool metílico, foi associado a pelo menos três mortes em São Paulo e São Bernardo do Campo nos últimos dias. A principal suspeita é de que a contaminação esteja relacionada à adulteração de bebidas alcoólicas como gim, whisky e vodka vendidas em bares e adegas.

Outros seis casos foram confirmados desde junho. Atualmente, 10 pacientes são investigados por possível contaminação pela mesma substância, segundo informações do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo.

De acordo com especialistas, a situação demanda atenção especial, já que não existe uma dose segura para a ingestão de metanol: uma exposição pontual pode gerar consequências irreversíveis.

"É claro que, quanto maior a exposição, mais grave será o quadro. Mas isso não significa que, por ter ingerido apenas uma dose ou uma única cerveja adulterada, a pessoa não terá consequências", destaca Alvaro Pulchinelli Júnior, médico toxicologista, patologista clínico e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

A farmacêutica Andreia Vidal, gerente da unidade técnica de Toxicologia Ocupacional do Diagnósticos Brasil (DB), destaca que muita gente acha que uma intoxicação só ocorre quando há exposição a níveis muito elevados de determinada substância. "Essa relação (de gerar efeitos adversos) pode acontecer em níveis altos ou baixos, a depender da frequência e da estrutura fisiológica da pessoa", pontua.

O que é o metanol?

O metanol é um biocombustível de alta inflamabilidade, produzido por diversos processos, como a destilação destrutiva da madeira, o aproveitamento da cana-de-açúcar ou a partir de gases de origem fóssil.

Ele é amplamente usado na indústria química, onde serve como solvente, na produção de tintas e vernizes e em processos de refinamento. "É basicamente uma substância de uso industrial, não tem uso caseiro ou não profissional", ressalta Pulchinelli, que também é diretor técnico da Toxicologia Pardini do Grupo Fleury.

Apesar disso, em algumas situações, a substância também é usada de modo irregular na produção de bebidas falsificadas. "O metanol não tem cheiro nem gosto específico. Ou seja, a pessoa não consegue identificar na bebida adulterada. Ela ingere sem se dar conta", comenta o presidente da (SBPC/ML).

Quais são os efeitos?

Os primeiros efeitos, segundo Pulchinelli, surgem logo após a ingestão da substância e se assemelham aos sinais de embriaguez, como fala pastosa e reflexos reduzidos.

Andreia explica que, entre 16 e 30 horas após a ingestão, quando o metanol já foi metabolizado pelo organismo, é que surgem efeitos mais graves: náuseas, vômitos, tontura, fraqueza, dor abdominal e outros quadros que podem evoluir para o óbito.

É importante ressaltar que o sistema nervoso central também é afetado, provocando desde sonolência até perda da visão, considerada um dos principais impactos do consumo. "A pessoa passa a ter visão borrada, brilhante e diminuição da visão. Isso é extremamente importante, pois pode evoluir para um quadro de cegueira", explica Pulchinelli.

Em comunicado, a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO) alerta sobre o risco de neuropatia óptica por metanol, uma doença grave que pode levar à cegueira irreversível. Mesmo com tratamento, muitos pacientes acabam com sequelas visuais permanentes. "Por isso, trata-se de uma emergência médica e oftalmológica: quanto mais rápido o atendimento, maiores as chances de salvar a vida e preservar a visão."

Para evitar o consumo de bebidas alcoólicas contaminadas, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) faz as seguintes recomendações:

  • Desconfie de preços muito abaixo do mercado, sobretudo em comércios online;
  • Examine a embalagem e o rótulo para verificar se as informações estão claras e completas. O lacre também deve estar intacto. Fique atento a rótulos impressos em má qualidade e com erros ortográficos. Uísque, gim, vodca e cachaça são as bebidas falsificadas com maior frequência;
  • Prefira comprar de fontes confiáveis e com boa reputação;
  • Informe-se sobre as marcas e produtos locais legítimos. Cuidado com marcas que você nunca viu;
  • Também fique muito atento a bebidas vendidas na rua, sobretudo drinks com misturas.
Estadão
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