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Transplante de fezes pode tratar pacientes com distúrbios no intestino

O tratamento ajuda a reequilibrar a flora intestinal de pessoas com colite pseudomembranosa

10 ago 2022 - 08h06
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Transplante de fezes pode ser tratamento alternativo para idosos com colite
Transplante de fezes pode ser tratamento alternativo para idosos com colite
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

O intestino é um dos maiores órgãos do corpo humano, com alta influência em nosso sistema imunológico e onde habitam mais de 100 espécies de bactérias distintas. Ao longo da vida adulta, a flora intestinal tende a se manter saudável, mas o envelhecimento tende a causar alguns distúrbios no órgão, como a colite. No caso dessa enfermidade, o transplante de fezes tem se mostrado bastante eficiente para o tratamento.

Colite pseudomembranosa

O envelhecimento da flora intestinal tem sido objeto de estudo de inúmeras pesquisas no mundo inteiro, em diferentes áreas da medicina, como câncer, alterações de humor, obesidade e doenças infectocontagiosas. Uma das situações mais conhecidas relacionadas a essas perturbações é a colite pseudomembranosa. Esse tipo de infecção intestinal acomete, principalmente, idosos internados, geralmente submetidos a tratamentos com antibióticos. 

"Ao eliminar os micro-organismos naturais da região com o uso de antibióticos para tratar outras condições infecciosas, abre-se oportunidade de uma bactéria mais patogênica popular a microbiota intestinal, atacando o organismo e levando ao desenvolvimento do quadro de colite", explicam os Drs. Lucio Rossini e Matheus Franco, responsáveis pelos serviços de endoscopia digestiva do Sírio-Libanês em São Paulo e de Brasília.

Eles destacam que a colite é a principal causa de diarreia dentro do hospital entre os idosos internados. Essa condição pode resultar não apenas no prolongamento da internação, mas também em possíveis complicações, como dor, distensão abdominal, febre, desidratação e, em casos mais graves, até perfuração intestinal e morte.

Tratamento com transplante de fezes

Geralmente, o tratamento da colite é feito com antibióticos específicos, mas, ainda que eles sejam tomados de forma correta, o quadro pode não ceder ou recorrer. Isso porque a chance de resposta com os medicamentos diminui ao longo do tempo. Desde a década de 50 estuda-se uma alternativa que pode parecer inusitada, mas que, ao longo do tempo, se consolidou como um tratamento de bastante eficácia para os pacientes que têm a doença de forma recorrente ou refratária: o transplante de fezes (microbiota fecal). 

Essa técnica consiste em levar fezes, após rigorosa triagem e preparo, de um indivíduo saudável, portanto com uma flora bacteriana "normal", para alguém doente, dando-lhe a chance de colonizar o intestino e, assim, tratar a condição. 

"Trata-se de um procedimento simples, feito por endoscopia ou colonoscopia, e que pode trazer a cura, quando os antibióticos falham no tratamento. Os riscos de complicação, na maioria das vezes, são muito inferiores ao benefício da técnica, mas o procedimento precisa ser cautelosamente avaliado e conduzido por profissionais médicos capacitados", explicam a Dras. Juliana Drigo e Thicianie Fauve, gastroenterologistas dos serviços de endoscopia do Sírio-Libanês em São Paulo e em Brasília.

Procedimento reconhecido

O transplante de fezes já é amplamente realizado em muitos países do mundo, mas, até pouco tempo atrás, não era validado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP). Após cuidadosa avaliação, o órgão passou a permitir a realização desse tipo de procedimento. "O Hospital Sírio-Libanês trabalhou em parceria com o CREMESP para chegarmos à autorização desse tipo de procedimento, visto que ele é muito importante para idosos com esse tipo de colite e muito eficiente", afirma o Dr. Felipe Duarte, gerente de Pacientes Internados e Práticas Médicas do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. 

A partir de agora, com reconhecimento pelos órgãos reguladores da prática médica no Brasil, os centros de saúde podem ofertar este serviço, atendendo aos requisitos de qualidade e segurança estabelecidos.

Saúde em Dia
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