PUBLICIDADE

Coronavírus faz residenciais para idosos reforçarem estoque de máscaras e álcool em gel

Estabelecimentos também criam cartilhas para funcionários e famílias; doença tem letalidade alta entre os mais velhos

3 mar 2020 - 10h12
Compartilhar
Exibir comentários

SÃO PAULO - Com o surto do novo coronavírus no mundo e a confirmação de dois casos no Brasil, residenciais para idosos de São Paulo têm reforçado a oferta de álcool em gel, comprado máscaras e criado cartilhas para orientar funcionários e parentes dos idosos. O Brasil também investiga 433 casos suspeitos da doença.

O vírus apresenta letalidade entre 2% e 3%, segundo a Organização Mundial da Saúde. Conforme estudo do Centro de Controle de Doenças chinês, no entanto, a taxa para pacientes na faixa de 70 a 79 anos é de 8% e de 15% para quem tem mais de 80 anos. O vírus, que surgiu na China no fim do ano passado, já chegou a cerca de 70 países e soma cerca de 3 mil mortes.

Na última semana, o Residencial Leger, no Jaraguá, zona noroeste de São Paulo, onde vivem sete idosos na faixa etária dos 80 anos, reforçou orientações a funcionários e familiares de residentes. "Estamos passando orientações aos visitantes e colocamos recipientes de álcool em gel para higienização das mães na recepção", disse Vinícius Neves, gerente do estabelecimento. "Orientamos os funcionários - desde o atendente até a equipe de cuidados à saúde - sobre as principais recomendações . Também aumentamos o estoque de equipamentos de proteção individual, principalmente máscaras."

Diante do risco de transmissão da doença, o Residencial Santa Cruz, em Santo Amaro, zona sul, onde moram 50 idosos, enviou recentemente todas as recomendações do Ministério da Saúde aos familiares. "Organizamos palestras sobre o assunto aos funcionários e repassamos as orientações aos familiares dos idosos", afirmou Francisca Amaral, coordenadora de relacionamento com o cliente do residencial. Segundo ela, foram reforçadas as instalações de recipientes com álcool em gel já existentes mesmo antes dos casos do novo coronavírus.

Ações semelhantes foram adotadas pelo Lina Residencial Sênior, onde vivem 32 idosos,e o Residencial Dona Gê e Rosa Residencial Sênior, ambos com 35 pessoas acima de 60 anos. Situados no ABC Paulista, região metropolitana de São Paulo, os residenciais são administrados pelo Grupo DG Sênior.

"É comum esquecermos de manter o controle sobre outras doenças quando aparece uma epidemia como a do coronavírus. No entanto, se o organismo estiver forte, as chances de uma nova infecção levar o paciente à morte é muito menor", avalia Marcella dos Santos, enfermeira-chefe do grupo. Na última terça-feira, foi criada uma cartilha com dicas de prevenção para funcionários, equipe de saúde, agentes de recreação, residentes e familiares.

Idoso com diabete ou doença cardíaca tem maior risco

"O idoso é mais vulnerável às infecções, não somente ao coronavírus, mas todas as doenças infecciosas por causa do envelhecimento natural do sistema imune chamado imunossenescência. O idoso que tem diabete, doenças cardíacas e doenças pulmonares está ainda mais exposto ao risco de infecção", afirmou Maísa Kairalla, médica geriatra e presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Entre os cuidados, a médica cita atenção com pessoas que vêm de áreas de risco, em caso de sintomas (dor no corpo, tosse, mal estar, coriza e febre), fazer o exame para detectar se está com o vírus, lavar as mãos e colocar o braço ao tossir ou espirrar. "Ter ainda a consciência de não ficar em ambientes fechados tanto se você estiver contaminado ou em vigência de surto. Os cuidadores também precisam manter a higienização correta das mãos ao cuidar dos idosos nas casas de repouso", disse. A boa alimentação e a ingestão de líquido também ajudam a prevenir doenças e a manter a qualidade de vida.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que a Coordenadoria de Vigilância em Saúde organiza nos próximos dias capacitação aos profissionais que atuam nos Centros de Acolhida aos Idosos da capital. Ainda conforme o Município, cerca de 4 mil profissionais de saúde e educação já foram capacitados sobre a situação epidemiológica.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade