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Com comitê dividido, OMS adia para quinta decisão sobre surto de coronavírus

Especialistas não entraram em acordo sobre declarar ou não emergência internacional em saúde pública; China já registra mais de 500 casos e 17 mortes

22 jan 2020 - 18h59
(atualizado às 19h13)
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SÃO PAULO - Com seu comitê de especialistas dividido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adiou para esta quinta-feira, 23, a decisão sobre uma possível declaração de emergência de saúde pública de interesse internacional por causa do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus na China.

A expectativa era a de que o anúncio sobre a decisão fosse feito nesta quarta, após reunião de um comitê de emergência formado por especialistas de todo o mundo. O grupo ficou reunido na seda de OMS, em Genebra, por mais de oito horas, mas não houve consenso.

Diante do impasse, o diretor-geral da organização decidiu convocar o comitê para uma nova reunião na quinta, para que mais informações sobre o surto sejam colhidas e possam embasar a decisão da agência.

"Houve uma excelente discussão durante o comitê hoje, mas também ficou claro que, para seguir, precisamos de mais informações. Decidi pedir ao comitê de emergência que se reúna amanhã novamente para continuar a discussão e o presidente (do comitê) concordou", declarou aos jornalistas o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

"A decisão sobre declarar ou não emergência em saúde pública de interesse internacional é algo extremamente sério e só estarei preparado para tomar essa decisão com a devida consideração de todas as evidências", completou.

A reunião do comitê de emergência da OMS ocorreu no mesmo dia em que o número de mortos em função do coronavírus aumentou para 17, segundo novo balanço do governo da China. O total de casos registrados província de Hubei, onde se localiza a cidade de Wuhan, epicentro do surto, subiu para 540, informou nesta quarta-feira, 22, a televisão estatal chinesa.

Alerta mundial

Governos de países como Reino Unido, Austrália, Rússia, Cingapura e Turquia adotaram medidas em aeroportos e regiões de fronteira para identificar casos suspeitos de coronavírus.

As medidas incluem a criação de zonas especiais exclusivas para passageiros vindos da China, o uso de câmeras térmicas para identificar pessoas com alta temperatura corporal e, até mesmo, o fechamento de fronteiras.

No Brasil, um caso suspeito foi notificado nesta quarta pela Secretaria da Saúde de Minas Gerais, mas negado em seguida pelo Ministério da Saúde. A paciente com a suspeita é uma brasileira de 35 anos que retornou no dia 18 de janeiro de Xangai. Como ela tem sinais de infecção respiratória viral aguda e esteve na China, a vigilância estadual classificou como caso suspeito.

O ministério, porém, afirmou que o caso o caso de Belo Horizonte não é considerado suspeito de coronavírus pois "não se enquadra na definição de caso suspeito da OMS, tendo em vista que o paciente esteve em Xangai, onde não há, até o momento, transmissão ativa do vírus. De acordo com a definição atual da OMS, só há transmissão ativa do vírus na província de Wuhan".

O governo federal diz já ter notificado a área de portos, aeroportos e fronteiras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para as medidas de prevenção à entrada do coronavírus no País. A área de Vigilância Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde também foram notificadas para seguir as medidas recomendadas pela OMS.

Entre as orientações aos viajantes estão evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas; realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente; e evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas e criações.

De acordo com a Organização Panamericana da Saúde (OPAS), braço da OMS nas Américas, os coronavírus (CoV) são uma grande família de vírus que causam doenças que variam do resfriado comum a doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV).

O novo coronavírus identifcado na China é uma nova cepa que ainda não havia sido identificada em humanos. Os coronavírus são zoonóticos, o que significa que são transmitidos entre animais e pessoas. O governo chinês divulgou nesta semana, no entanto, que o novo coronavírus também podem se transmitido entre pessoas.

Os sinais e sintomas da pneumonia indeterminada são principalmente febre, dor, dificuldade em respirar em alguns pacientes e infiltrado pulmonar bilateral. /COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Estadão
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