Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

'Brainrot': entenda fenômeno que preocupa especialistas pela perda cognitiva em crianças expostas a telas

Psiquiatra alerta para os efeitos neurológicos e comportamentais da exposição precoce e excessiva ao mundo digital

22 out 2025 - 04h59
Compartilhar
Exibir comentários
Resumo
O fenômeno "brainrot", associado à exposição excessiva a telas, preocupa especialistas devido a impactos no desenvolvimento infantil, como declínio cognitivo, alterações comportamentais, problemas de sono e puberdade precoce; medidas como abstinência digital e estímulos saudáveis podem reverter os danos.
Psiquiatra alerta que exposição precoce e excessiva de telas tem consquências físicas e cognitivas
Psiquiatra alerta que exposição precoce e excessiva de telas tem consquências físicas e cognitivas
Foto: Kelly Sikkema/Unsplash

O termo "brainrot", que em tradução literal significa "apodrecimento do cérebro", vem sendo usado nas redes sociais para descrever o impacto do consumo excessivo de conteúdo digital, especialmente entre crianças e adolescentes. Embora popular, o conceito traduz preocupações reais sobre os efeitos da exposição prolongada às telas --um fenômeno que já tem base científica e clínica.

"É um termo de cunho popular, não médico. Na nossa categoria diagnóstica, a dependência tecnológica está no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais)", explica a psiquiatra Anny Maciel, em entrevista ao Terra. Segundo ela, o termo surgiu da percepção de que o uso constante de dispositivos digitais "atrofia as conexões cerebrais" e "empobrece a complexidade do que a criança é estimulada".

A especialista compara o estímulo rápido das redes sociais a um mecanismo semelhante ao da dependência química. "Quando a gente está no mundo digital, a gente clica um botão e vem a informação. É tudo muito simples, muito fugaz e ativa muito o nosso sistema de recompensa. Esse sistema de recompensa é o mesmo que é ativado, por exemplo, na dependência química".

Anny elencou fatores familiares que contribuem para o problema. "Muitas vezes, temos uma família não tão rigorosa com exposição a telas, sem um propósito de estudo. Esse sistema de recompensa fica cada vez mais ativo, ele cresce e fica hipertrofiado. E ele mesmo cria um mecanismo de jogar você de novo para aquela mesma busca, tal qual a dependência química."

"Quase abstinência": os sinais do brainrot

Entre os principais sintomas, a médica cita irritabilidade, impaciência, isolamento social e empobrecimento da linguagem. "Por exemplo, se estiverem em um lugar que não tem acesso ao mundo digital, é quase uma abstinência mesmo", afirma.

Os reflexos também aparecem na escola, com queda no rendimento acadêmico, fobia social, problemas de sono e até atraso no desenvolvimento físico. A médica alerta ainda para a relação entre o uso excessivo de telas e a puberdade precoce: "A luz entra no córtex visual e estimula essa região do hipotálamo, que tem uma interface grande com a parte hormonal."

Segundo ela, o fenômeno tem consequências diretas: "A puberdade precoce, que se não for identificada, é responsável por baixa estatura nas meninas. E nos homens também acaba tendo baixa estatura, porque não fazem atividade física, não se expõem ao sol, ficam com privação de sono".

Além disso, há um aumento na incidência de miopia e alterações visuais.

Declínio cognitivo e impactos na escola

O consumo constante de vídeos curtos, notificações e conteúdos imediatos tem deixado marcas visíveis no desenvolvimento infantil. "Com introdução precoce e com tantos anos de imersão nesse mundo digital, os estudos têm mostrado que, sim, há perda de cognição. Mesmo nas escolas, os professores estão apontando prejuízo", relata a psiquiatra.

Ela afirma que muitos casos chegam a ser confundidos com transtornos como déficit de atenção, hiperatividade ou dislexia, quando, na verdade, são consequências de um ambiente disfuncional em casa, com exposição excessiva e precoce a telas.

As regiões cerebrais mais afetadas incluem o hipotálamo, a amígdala e o hipocampo -- áreas responsáveis pela memória, pelo bem-estar e pela sensação de prazer. De acordo com Anny Maciel, exames de imagem já constatam atrofiamento cerebral em crianças com uso excessivo de dispositivos digitais.

Há como reverter os efeitos?

Apesar dos danos, a psiquiatra afirma que o cérebro infantil tem capacidade de recuperação. "Tem estudos que mostram que 72 horas de abstinência do mundo digital com estímulo de leitura, brincadeiras, interações interpessoais, imersão na natureza e momentos de ócio conseguem recuperar os danos".

Ela defende que o uso de telas seja retardado o máximo possível na infância e que o meio digital seja sempre utilizado com propósito educativo ou reflexivo. "Por isso a gente orienta cada vez mais tardiamente o uso da internet, da rede social. Usar o meio digital com um propósito. Sempre revisando com algum momento de estudo, contato, reflexões", explica. 

Em adultos, o brainrot também preocupa, sendo responsável por acelerar o declínio cognitivo com efeitos irreversíveis. No entanto, além de diminuir a exposição, a médica indica a prática de atividades físicas, uma vez que contribui para a saúde cerebral. Além disso, a leitura, o ócio, a imersão na natureza e as relações interpessoais também retardam o declínio.

Fonte: Portal Terra
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade