Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

'Atletas de verão' correm maior risco de sofrer lesões, alertam médicos

Excesso de peso e falta de preparo elevam o risco de problemas nos músculos e articulações durante prática ocasional de exercício

26 dez 2025 - 20h12
Compartilhar
Exibir comentários

Com a chegada do verão, esportes de contato e aqueles que exigem movimentos mais intensos, como futebol, beach tennis e corrida, costumam fazer sucesso em praias e parques, mas figuram entre os mais associados a lesões no período, segundo o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Isso ocorre porque quando esse tipo de atividade é realizada de forma ocasional e sem preparo físico adequado, sobe o risco de problemas nos músculos, articulações e ossos.

De acordo com o instituto, o sedentarismo está entre os principais fatores de risco, justamente porque é marcado por baixo condicionamento físico. O sobrepeso é outro aspecto que contribui para as lesões. Vale destacar que, segundo o último relatório do Atlas Mundial da Obesidade, 68% da nossa população tem excesso de peso.

De acordo com Phelippe Valente Maia, ortopedista e coordenador assistencial do Into, essas pessoas podem ser classificadas como "atletas de fim de semana" e se mostram mais suscetíveis a problemas que vão de dores musculares e tendinites a quadros mais graves, como entorses articulares, comprometimentos ligamentares e fraturas.

O ortopedista Diego Munhoz, especialista em cirurgia do joelho pela Universidade de São Paulo (USP), explica que os atletas recreativos não têm adaptações neuromusculares suficientes para proteger as articulações.

Ainda segundo ele, práticas que envolvem mudanças rápidas de direção ou impacto devem ser evitadas ou realizadas com cautela, especialmente em situações de fadiga excessiva, ausência de aquecimento, consumo de álcool, privação de sono ou quando o indivíduo apresenta dor prévia, lesões antigas não reabilitadas e doenças clínicas descompensadas.

"Retomar o esporte 'no impulso', especialmente após longos períodos sem atividade física, é um dos principais fatores associados a lesões mais graves", descreve Munhoz.

Como se preparar para uma prática esportiva segura?

Manter regularidade na prática ao longo do ano é apontado como a principal forma de prevenção pelos especialistas ouvidos. Segundo Bruno Butturi Varone, ortopedista pela USP e médico da ortopedia e traumatologia da Clínica Sartor, uma rotina contínua de atividades reduz drasticamente o risco de lesões.

"E´ fundamental realizar aquecimento adequado, com mobilidade articular e ativac¸a~o muscular, respeitar limites individuais, progredir gradualmente na intensidade e durac¸a~o dos treinos e manter hidratac¸a~o adequada. O fortalecimento muscular, especialmente de core, quadril e membros inferiores, é um dos pilares da prevenção, assim como o uso de calçados adequados ao esporte e a atenção ao ambiente de prática", diz.

Para Maia, o ideal é que, antes de iniciar a atividade física, o praticante passe por ao menos uma avaliação médica com ortopedista ou cardiologista. "Outra recomendação é usar roupas adequadas à prática esportiva, com tecidos frescos e boa ventilação, para evitar desidratação durante a atividade, especialmente nesta época do ano, que é mais quente", completa.

Quando procurar um médico?

Outro ponto essencial é não negligenciar dores persistentes, que costumam ser um alerta precoce de sobrecarga. O auxílio médico também deve ser procurado sempre que houver inchaço importante, deformidade, instabilidade articular, bloqueio de movimento, estalos associados à incapacidade funcional ou quando a dor não melhora após alguns dias de repouso relativo, segundo Munhoz.

"Lesões que impedem a continuidade do exercício físico ou a realização de atividades do dia a dia também merecem avaliação especializada", afirma o ortopedista.

Incapacidade de apoiar o membro, limitação significativa de movimento ou instabilidade articular são mais sinais que indicam a necessidade de avaliação médica. O diagnóstico precoce evita o agravamento da lesão e reduz o risco de necessidade cirúrgica, completa Varone.

Casos de cirurgia

Na maioria das vezes, as cirurgias ortopédicas relacionadas ao esporte decorrem de rupturas ligamentares, como do ligamento cruzado anterior, lesões meniscais instáveis, fraturas por trauma ou sobrecarga e lesões musculares graves. Grande parte dessas condições, contudo, poderia ser evitada com preparo físico adequado, fortalecimento muscular, correção de desequilíbrios, orientação profissional e respeito ao tempo de adaptação do corpo.

O condicionamento físico ao longo do ano aliado ao controle do peso continuam sendo as estratégias mais eficazes para manter o esporte como aliado da saúde e não como fator de risco para lesões, segundo especialistas.

"Em muitos casos, a cirurgia não é consequência do esporte em si, mas da forma inadequada como ele é praticado", avisa Munhoz.

Estadão
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade