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Atendimentos por disfunção erétil aumentam 82% em seis anos; entenda os tipos de tratamento

Apesar do crescimento, número de homens com acesso a tratamento ainda é muito inferior ao volume de pacientes afetados pela condição

3 set 2025 - 20h12
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O número de procedimentos ambulatoriais para tratar disfunção erétil teve um aumento de 82% nos últimos seis anos no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde levantados pelo Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo e obtidos pelo Estadão. Os atendimentos saltaram de 1.015, em 2019, para 1.847, em 2024. Somente nos cinco primeiros meses deste ano, foram 905 procedimentos. Já os atendimentos hospitalares para tratar o problema cresceram 49% entre 2019 e 2024.

De acordo com Rafael Ambar, urologista e membro do grupo de andrologia do HSPE, o envelhecimento da população é uma das explicações para o aumento. Por conta do cenário, existe uma maior valorização da qualidade de vida do público idoso. Homens que, anteriormente, estariam abdicando da vida sexual na velhice hoje querem se manter sexualmente ativos até uma idade mais avançada. No HSPE, por exemplo, a disfunção erétil é motivo de 20% dos atendimentos semanais do serviço de urologia.

Outra razão, de acordo com ele, é a maior disponibilidade de informação sobre o quadro. "Hoje, tem médicos que estão online dando orientações e dicas para os pacientes, além de um aumento expressivo do número de urologistas que se dedicam a andrologia, que é a área da urologia que estuda a medicina sexual. Os homens, de maneira geral, também estão perdendo o receio de procurar ajuda", pontua.

O crescimento de homens com doenças que aumentam o risco de disfunção erétil, como obesidade e diabetes, também ajuda a explicar a alta.

Apesar do aumento, o número de pacientes que buscam tratamento ainda é muito pequeno perto do volume de pacientes que sofrem com a disfunção erétil. Segundo Fernando Facio, chefe do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), estima-se que mais de 50% dos homens acima dos 50 anos apresentem algum grau do problema.

A disfunção erétil

Ambar define a disfunção erétil como a dificuldade recorrente de obter ou manter uma ereção satisfatória para a relação sexual. "Existem diferentes tipos: a disfunção erétil vasculogênica, aquela que acontece por problemas circulatórios; a disfunção psicogênica, que acontece por questões psicológicas; e aquela relacionada a problemas neurológicos. O quadro pode acontecer de forma mista, quando há mais de um desses componentes associados", explica.

O quadro é mais prevalente em homens de meia idade, mas, segundo Facio, o envelhecimento em si não é a principal causa de disfunção."(Acontece) Só porque a pessoa envelheceu? Não. É porque envelheceu junto com uma série de doenças crônicas, que são fatores de risco para a disfunção erétil, entre elas obesidade, hipertensão, diabetes e tabagismo. Tudo isso, aliado à idade, faz com que o paciente desenvolva a dificuldade de ter uma boa ereção", ressalta.

Segundo os especialistas, o problema tem aumentado também entre jovens. "Neles, a principal causa de disfunção é psicogênica. Vivemos em uma sociedade em que as pessoas estão mais expostas ao estresse. Há uma cobrança maior, tanto em relação à performance sexual quanto à aparência. Isso faz com que homens jovens estejam mais estressados e sujeitos à ansiedade, o que contribui para a disfunção erétil psicogênica", detalha Ambar.

Os médicos alertam para o hábito cada vez mais comum de jovens se automedicarem com remédios que facilitam a ereção sem buscar atendimento para entender as causas do problema. "Homens mais jovens muitas vezes não conseguem reconhecer que a causa da disfunção é psicogênica e, em vez de tratá-la adequadamente com consultas médicas e acompanhamento psicológico, acabam lançando mão dessas medicações", pontua Ambar.

Consumo de pornografia

Outro ponto de preocupação é o consumo excessivo de pornografia, que pode aumentar o risco de ocorrência de disfunção sexual. Segundo Tamara Wall Zanotelli, sexóloga, terapeuta sexual e membro da Associação Brasileira dos Profissionais de Saúde, Educação e Terapia Sexual (Abrasex), a pornografia permite que o homem alcance a satisfação sexual de forma mais rápida e fácil, sem troca sexual com parceiros. Quando tenta alcançar essa mesma satisfação com outra pessoa, surgem dificuldades.

"Quando esses vídeos se tornam referência para o cérebro do usuário, ele passa a buscar o mesmo estímulo que teve ao assisti-los, o que nem sempre é fácil. Então, óbvio que, em um filme, ele tem (prazer em) um tempo menor, enquanto que, quando a gente tem uma parceria, outros fatores precisam ser considerados", explica.

Tratamento

De acordo com Facio, antes das opções medicamentosas e cirúrgicas para tratar a disfunção erétil, é importante controlar fatores de risco para o quadro, como obesidade, hipertensão, diabetes, tabagismo, entre outros.

Além disso, nos casos de disfunção de causa psicogênica, é indicada a realização de terapia sexual. "Dentro do processo, a gente vai fazer uma anamnese profunda para identificar qual é o fator que está impactando o resultado e, a partir disso, criar técnicas para que o paciente consiga identificar esses fatores", explica Tamara. "É um processo que costuma ser semanal e não é muito longo. Depende do paciente, mas, em média, dura três meses".

Outra intervenção comum é o uso de medicamentos vasodilatadores, que geralmente são tomados antes da relação sexual. "Quando a medicação oral não funciona, tem a medicação injetável. Nesse caso, o paciente faz a autoaplicação no pênis alguns minutos antes da relação sexual", explica Ambar.

Próteses penianas

Caso os pacientes não respondam ou não se adaptem a esses tratamentos, existe a opção cirúrgica de implantação de uma prótese peniana.

No Brasil, existem dois tipos de próteses disponíveis no mercado: as maleáveis e as infláveis. "A prótese maleável é um cilindro sólido de silicone com um fio metálico que garante uma ereção para que o paciente possa ter uma relação sexual penetrativa. Ela confere uma ereção que é permanente, ou seja, o paciente fica com o pênis ereto em 100% do tempo, ele perde o estado de flacidez", explica Ambar.

"A vantagem é que uma cirurgia mais simples e com menores riscos de complicações. Ele está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), em poucos hospitais, e tem cobertura de convênios médicos", adiciona.

Já as próteses infláveis funcionam como um dispositivo que permite ao paciente ter tanto o estado de flacidez quanto de ereção. "Envolve o implante de dois cilindros dentro do pênis e uma pequena bomba de ativação na região do escroto, entre os dois testículos, e o implante de um pequeno reservatório de líquido na cavidade abdominal", detalha Ambar.

Esse tipo de prótese, no entanto, não está disponível no SUS e nem incluído no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os valores podem variar entre R$ 50 mil e R$ 80 mil, enquanto o modelo maleável custa entre R$ 4 mil e R$ 9,5 mil.

"A grande vantagem é que o paciente tem uma condição muito mais parecida com a condição fisiológica normal, porque consegue ter flacidez e ereção, reservando a ereção para os momentos em que ele deseja ter, o que permite que ele tenha uma vida scial sem nenhum tipo de restrição.

Recentemente, chegou ao Brasil um novo modelo de prótese inflável que tem como principal diferencial o maior aumento do diâmetro do pênis entre os modelos já disponíveis.

"Além disso, ela tem garantia vitalícia. Ou seja, se apresentar qualquer falha ao longo da vida do paciente, a empresa se compromete a oferecer um novo implante sem custo", explica o urologista do HSPE. Geralmente, as próteses precisam ser trocadas depois de dez anos.

Nesta semana, Ambar vai realizar a primeira cirurgia de implantação desse novo modelo de prótese em um hospital público brasileiro.

O procedimento será realizado dentro da programação da quarta edição da Jornada Internacional de Urologia Funcional e Cirurgia Urológica Reconstrutiva e Protética (IV UroRecon), do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), que ocorre nos dias 5 e 6 de setembro, em São Paulo. Mais detalhes sobre o evento, voltado para médicos urologistas, estão disponíveis no site oficial.

Estadão
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