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Vontade de "se encaixar" explica interesse em teste de saúde mental de rede social, avalia psiquiatra

Para a especialista, muitos buscam respostas rápidas para dar nome aos problemas, mas diagnósticos não são conclusivos

12 abr 2023 - 05h00
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Testes das redes sociais não podem comprovar doenças
Testes das redes sociais não podem comprovar doenças
Foto: iStock

O diagnóstico de um problema de saúde pode levar meses quando feito por um profissional especializado, por que, então, confiar em respostas obtidas por meio de um questionário respondido em minutos em uma rede social? A pergunta é válida porque testes psicológicos voltaram a viralizar no Tik Tok.

Alguns deles são até usados clinicamente, mas nunca indicados para autodiagnóstico. "A gente tem que ter especificidade e sensibilidade [na avaliação médica] e a maioria desses testes tem baixa especificidade", pontua a psiquiatra Julia Trindade antes de seguir com um exemplo.

"Eu faço o teste e o resultado diz: tem TDAH. Só que na maioria das vezes, ele é pouco específico, então pode ser um outro transtorno que não aquele para o qual o teste foi montado", esclarece Julia, pós-graduada em Neurociências do Comportamento e especialista em andamento de autismo, em entrevista ao Terra.

Muita informação, pouco filtro

Essa aplicação de questionários como autoteste ocorre em meio à maior disseminação de informações sobre saúde mental. A sociedade parece mais interessada no tema — e não sem motivo.

A ansiedade passou a ser tratada como "doença do século", sendo o Brasil o país com mais ansiosos (18,6 milhões de pessoas), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Também crescem os diagnósticos de autismo — o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos indica que 1 a cada 36 crianças menores de 8 anos fazem parte do espectro — e cada vez mais figuras públicas descobrem e debatem sobre seus diagnósticos tardios de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

Em meio a isso, a psiquiatra acredita que aumentou nas pessoas o desejo de entender a raiz dos seus problemas de ordem mental. "Elas querem se encaixar em um nome e, muitas vezes, não querem mudar o que está acontecendo na vida delas. Às vezes, inclusive, as pessoas falam: 'todo mundo tem um pouco de TDAH'. Mas não, o número de prevalência não é tão alto", ressalta.

O caminho para o diagnóstico correto é via atendimento médico. Ter acompanhamento com psicólogo, psiquiatra e seguir as orientações dos profissionais competentes.

Uma vez diagnosticado, o paciente deve adotar as medidas de tratamento que podem incluir medicações, terapias e outras ações que vão desde manter a alimentação equilibrada a fazer atividade física regularmente. Como se vê, o processo não inclui autoanálise por meio de testes encontrados facilmente na internet.

Teste de Depressão, Ansiedade e Estresse

Criado por psicólogos da Universidade de New South Wales, da Austrália, o questionário DASS-21, do inglês "Depression, Anxiety and Stress Scale" visa medir justamente os níveis de depressão, ansiedade e estresse no indivíduo por meio de 21 perguntas. 

A proposta do questionário é verificar a severidade dos transtornos e, quando aplicado adequadamente, ajuda o profissional de saúde na avaliação da resposta do paciente ao tratamento. Justamente por isso, não deve ser aplicado sozinho nem considerado isoladamente para fins de diagnóstico.

Fonte: Redação Terra Você
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