Pessoas acima dos 58 anos foram as que mais utilizaram remédios psiquiátricos no Brasil, diz estudo
Levantamento mostra que idosos são os principais consumidores de medicamentos psiquiátricos no Brasil e reforça a urgência de políticas de saúde mental
Um levantamento realizado pela Funcional, empresa líder em tecnologias de suporte a pacientes, revelou que os principais consumidores de remédios psiquiátricos no Brasil no último ano foram pessoas com 58 anos ou mais. Esse grupo representa 30,6% do total e, além disso, apresenta maior adesão ao tratamento. Em média, 9,8 meses de continuidade, contra 6 meses nas demais faixas etárias.
Aumento após a pandemia
A análise aconteceu entre agosto de 2024 e julho de 2025, a partir do comportamento de mais de 2,5 milhões de beneficiários do Benefício Farmácia. O estudo mostrou que 22% desse público utilizou algum medicamento psiquiátrico no período - proporção superior à registrada em 2019, antes da pandemia. Outro levantamento da empresa, divulgado em julho, já havia indicado crescimento de 12,4% no uso de antidepressivos entre adultos de 29 a 58 anos nos últimos dois anos. Isso confirmou uma tendência que acompanha o movimento nacional.
Impacto no trabalho e na vida social
De acordo com o Ministério da Previdência Social, em 2024 mais de 472 mil brasileiros foram afastados do trabalho por ansiedade ou episódios depressivos. Assim, observa-se um aumento de 67% em relação a 2023. Atualmente, os transtornos mentais já ocupam o 3º lugar entre as principais causas de afastamento.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019) também indica que 10,2% dos adultos brasileiros já receberam diagnóstico de depressão, o que equivale a cerca de 16 milhões de pessoas. Em 2013, o índice era de 7,6%, revelando uma curva de crescimento que se intensificou nos últimos anos.
Desafio para o futuro
As projeções do IBGE mostram que, em 2046, pessoas com 60 anos ou mais representarão 28% da população brasileira. Esse cenário reforça a urgência de políticas públicas e privadas que assegurem acesso a medicamentos e acompanhamento multiprofissional, especialmente em relação às doenças crônicas.
Diante desse cenário, fica evidente que o cuidado com a saúde mental precisa ser tratado como prioridade coletiva. Investir em acesso a medicamentos, ampliar programas de suporte emocional e combater o estigma em torno dos transtornos psiquiátricos são passos fundamentais para garantir qualidade de vida, especialmente em uma população que envelhece rapidamente. Afinal, saúde mental não tem idade. É um pilar essencial para que possamos viver com mais equilíbrio, dignidade e bem-estar em todas as fases da vida.