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Número de mulheres que usam sobrenome do marido caiu em 20 anos

Dados da Associação Nacional dos Registros de Pessoas Naturais revela que 24% das mulheres deixaram de usar o sobrenome do marido entre o período analisado

1 jul 2022 - 21h00
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O número de divórcios de casais também cresceu
O número de divórcios de casais também cresceu
Foto: Shutterstock / Alto Astral

Um dos assuntos em pauta ao longo desta semana foi a adoção ou não do sobrenome do marido. Dados divulgados recentemente pela Associação Nacional dos Registros de Pessoas Naturais (Arpen) revelaram que o número de mulheres que aderiram à prática caiu 24% nos últimos 20 anos aqui no Brasil. Em 2021, por exemplo, esse número atingiu seu ápice: cerca de 18 mil mulheresoptaram por não alterar seu nome

E se antes, a prática era quase uma obrigação, hoje em dia esse dado reforça que muitas mulheres têm optado por viver sua liberdade individual para escolher ser quem ela é. É verdade que muitas escolhem não receber o sobrenome por conta das burocracias de alteração de documento. Mas, não dá para deixar de comentar que a prática se mostrou demasiadamente antiquada para o público feminino. 

Nesse sentido, a rejeição ao aderir ao nome do marido pode ser vista também como uma prática que contribui para a preservação de sua identidade enquanto mulher. Ou seja, se antes o sobrenome tinha como função a preservação de um legado, hoje em dia esse status e relevância não faz mais sentido para muita gente. 

Ana Tomazelli, que é psicanalista, comenta que "assumir o sobrenome da família do marido é algo enraizado em nossa sociedade e tem origem em uma história patriarcal: para uns trata-se apenas de uma tradição inofensiva, para outros, resultado do machismo". E, quando paramos para pensar a respeito desse ato por um viés mais feminista — algo que vem acontecendo de uns anos para cá —, é possível entender o motivo de muitas mulheres estarem deixando de usar o sobrenome do marido.

Outro dado que coincide com essa escolha é que, em 2021, o número de divórcios feitos pelo Colégio Notarial do Brasil bateu recordes. Foram registrados 80.573, ultrapassando o ano de 2007, agora segundo maior registro do país. Nesse sentido, além de deixar de lado uma atitude um tanto quanto retrógrada, essas mulheres estão também seguindo sua vida em frente, sem insistir demais em relacionamentos que não dão certo.

"Isso é algo muito significativo, não apenas porque ela não precisará se preocupar em trocar todos os documentos novamente ao se divorciar, mas principalmente porque, ao que tudo indica, a mulher está mais consciente da preservação da sua identidade, pois o nome de nascimento carrega toda a sua história", ressalta Elisa Tawil, consultora de negócios.

Por outro lado...

Se por um lado o feminismo está em voga, por outro lado, os homens estão se tornando aliados na luta. Desde 2002, é permitido que os homens adotem o sobrenome da esposa na hora do casamento e, de acordo com dados, essa prática é cada vez mais comum.

Em São Paulo, por exemplo, em média, 34% dos casamentos são celebrados no civil com o noivo ganhando um sobrenome a mais. Ou seja, a permanência de um legado até continua viva, mas ganhando novas camadas. 

Fonte: Ana Tomazelli, psicanalista e idealizadora do Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas; Elisa Tawil, consultora de negócios e co-fundadora do Instituto Mulheres do Imobiliário.

Alto Astral
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