Mito! Você não vira seu ascendente depois dos 30 anos
Pedimos para o astrólogo Brendan Orin, parceiro do Astrocentro te explicar o que acontece de verdade, e a realidade é mais complexa do que você pode imaginar
Você com certeza já deve ter ouvido falar que, após os 30 anos, vamos ficando cada vez mais parecidos com nosso ascendente e, assim, ele acaba tomando o papel principal do nosso mapa e personalidade. Porém, o ator famoso por falar sobre signos, Vítor diCastro, contou, durante o CARAS Talks Good Vibes - feito em parceria com o SPA Caapuã, em São Paulo - que esse é o maior mito da Astrologia. "Alguém inventou uma desculpa para algum desvio de caráter", brincou.
Sendo assim, pedimos para o astrólogo Brendan Orin, parceiro do Astrocentro te explicar o que acontece de verdade, e a realidade é mais complexa do que você pode imaginar.
Como surgiu a teoria do ascendente após os 30 anos?
Apesar de a ideia ser, sim, um mito, não surgiu do nada. Segundo o especialista, o que acontece de fato nesse período é o chamado Retorno de Saturno. Enquanto a Terra completa sua órbita em torno do Sol em 365 dias, Saturno leva aproximadamente 29 anos e meio para voltar ao mesmo ponto em que estava no instante do nascimento. Essa volta marca um ciclo simbólico importante, e por volta dos 28 e 29 anos, chega o peso desse planeta que, na Astrologia, fala sobre responsabilidade, limites, amadurecimento e estrutura.
Portal de maturidade se abre com o Retorno de Saturno
É por isso que tantas pessoas relatam transformações drásticas nessa fase. Mudanças de carreira, rompimentos de relações, revisões profundas de valores. Orin costuma dizer que quase todo mundo conhece alguém cuja vida virou de cabeça para baixo perto dos 30. Ele mesmo se inclui nessa estatística. Ou seja, trata-se de um portal de maturidade.
É o momento em que antigas ilusões se desfazem e, assim, se faz necessário lidar com escolhas de forma adulta. O que parecia funcionar até então se mostra frágil. Projetos que não têm base sólida tendem a ruir. E o que está alinhado ao que realmente se é pode, enfim, se consolidar. É por isso que tantas histórias de "renascimento" acontecem nesse intervalo.
A essência está no signo solar e a Lua cuida dos sentimentos
Mas o que isso tem a ver com o ascendente? O astrólogo explica que a essência de uma pessoa sempre será representada pelo signo solar, o que a maioria conhece como "seu signo". É ele que fala do núcleo e da identidade mais profunda. Já a Lua descreve sentimentos, reações e relacionamentos com figuras maternas, emoções e instintos. Durante a infância e boa parte da adolescência, a mesma costuma se manifestar com força, já que os jovens vivem mais guiados pelos afetos do que pela razão. Esse padrão pode permanecer até os 21 anos, quando começam a experimentar maior autonomia emocional.
O verdadeiro papel do ascendente depois dos 30 anos
O ascendente, por sua vez, simboliza a forma como alguém se mostra ao mundo. É a máscara social, o cartão de visitas apresentado nas interações cotidianas. Quando se é jovem, a pessoa ainda está se descobrindo, então essa máscara pode ser inconsistente. No entanto, após o primeiro Retorno de Saturno, já existe mais clareza sobre quem se é, mais domínio das emoções e maior segurança nas atitudes. É nesse momento, que o ascendente se torna mais perceptível para quem observa. Não porque ele substitui o Sol, mas pelo amadurecimento suficiente para sustentar a expressão social de forma coerente.
Ou seja, é natural que, depois dessa fase, as pessoas digam que se tornam mais o ascendente. Porém, o que realmente acontece é que o Sol continua sendo a base da identidade, mas o outro ganha corpo e visibilidade. Ele se expressa com mais clareza, porque já não se está mais tão refém das emoções lunares da infância e nem vivendo sem rumo. A vida adulta exige postura, e esta é justamente a forma como nos posicionamos diante dos outros.
Maturidade não é um pacote automático entregue por Saturno
Brendan reforça que a maturidade não é um pacote automático entregue por Saturno. Cada pessoa reage de forma diferente a esse ciclo. Algumas resistem às mudanças, prolongando crises. Outras aproveitam a oportunidade para se reconstruir. O importante é compreender que não se trata de perder o Sol ou "virar" o ascendente, mas integrar os diferentes pontos do mapa de forma mais consciente.
Por isso, quando alguém disser que "depois dos 30 anos, se é mais ascendente", vale lembrar que a frase simplifica algo muito mais profundo. O que acontece é que amadurecemos. O retorno de Saturno nos coloca diante de nós mesmos com honestidade. O ascendente se torna mais visível, porque, finalmente, conseguimos agir de acordo com a vida adulta que está sendo construída. O Sol segue firme como centro, a Lua nos lembra de onde viemos, e o ascendente mostra ao mundo quem escolhemos ser.
Análise do mapa astral criteriosa
Essa perspectiva ajuda a olhar para o mapa natal com mais seriedade. Em vez de enxergar partes isoladas, a astrologia convida a ver um todo em constante evolução. Dessa maneira, o Retorno de Saturno é apenas um dos marcos dessa jornada, mas certamente um dos mais intensos. Ele nos leva a decisões definitivas, encerra ciclos frágeis e abre caminho para uma expressão mais consistente do que somos.
Como atravessar o Retorno de Saturno de forma mais leve
Se o Retorno de Saturno costuma ser lembrado como uma fase desafiadora, também é verdade que ele não precisa ser apenas sinônimo de crise. Tudo depende do quanto já conseguimos alinhar nossa vida com valores de responsabilidade, estrutura e compromisso.
A energia é como um avô rigoroso
Em sociedades, como a brasileira, há uma expectativa coletiva de que, aos 28 ou 29 anos, a pessoa já tenha concluído a graduação, esteja inserida no mercado de trabalho, possua independência financeira, talvez até um imóvel próprio e uma família constituída. Quem chega a essa fase com esses pontos relativamente encaminhados tende a vivenciar o Retorno de Saturno de forma mais tranquila, quase como uma validação das escolhas feitas. Para essas pessoas, Saturno funciona como um reconhecimento de que o esforço valeu a pena.
Brendan Orin lembra que a energia de Saturno pode ser imaginada como a de um avô rigoroso e conservador. Ele ama, mas também tem um plano claro em mente. Cobra disciplina, pontualidade, ordem e estabilidade. Exige que cada um assuma responsabilidades, não por capricho, mas porque enxerga nisso o caminho mais seguro para uma vida sólida. Por isso, durante o Retorno, a sensação é de estar diante de uma autoridade que, de forma direta ou indireta, aponta falhas e pede ajustes.
Use sua maturidade
Deixar esse período mais leve não significa escapar das cobranças, mas aprender a encará-las com maturidade. Em vez de resistir, a proposta é olhar para os pontos frágeis da vida e admitir o que precisa de reparo. Às vezes, pode ser a gestão financeira, em outros casos, o rumo profissional ou os relacionamentos. Saturno ensina que, ao colocar as bases em ordem, o futuro se torna menos instável.
Uma boa forma de suavizar esse processo é cultivar a paciência. Nem sempre é possível resolver tudo de uma vez. Saturno não exige pressa, mas constância. Pequenos passos, mantidos com disciplina, produzem resultados duradouros. Outro recurso importante é respeitar limites, tanto os pessoais quanto os coletivos. Saber até onde se pode ir e onde é preciso recuar evita desgastes desnecessários.
O Retorno de Saturno, portanto, pode ser encarado como uma oportunidade de amadurecimento consciente. Quanto mais cedo entendermos essa dinâmica, mais preparados estaremos para enfrentar suas cobranças. Não é preciso temer a figura austera desse "avô cósmico". Basta reconhecer que, por trás da rigidez, há um cuidado genuíno: o de nos ver crescer e estruturar uma vida mais sólida.
*Texto feito em parceria com Astrocentro