Luis Fernando Verissimo é internado com pneumonia; como identificar sintomas e gravidade da infeção

Causa da internação do escritor Luis Fernando Verissimo, de 88 anos, a pneumonia é uma das principais doenças que afetam o sistema respiratório. Sem o tratamento adequado, a infecção se agrava e pode levar a complicações potencialmente fatais, principalmente em grupos considerados mais vulneráveis, tais como crianças de até 5 anos de idade e idosos.

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Um quadro de pneumonia consiste na infecção do tecido pulmonar, quando pequenas estruturas responsáveis pela troca de oxigênio e gás carbônico durante a respiração, chamadas alvéolos, ficam infectadas com pus ou secreções. A infecção pode ser causada por vírus, fungos e bactérias que contaminam os pulmões.

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Como os alvéolos são importantes para a respiração e para a troca de gases entre o ar respirado e o sangue, a pneumonia traz sintomas diversos para o organismo. Conforme o quadro de saúde se agrava, as secreções podem se acumular nas chamadas pleuras, membranas que revestem a parede torácica e os pulmões, causando um derrame pleural.

Segundo Marco Antônio Reis, o pneumologista do Hospital Universitário Ciências Médicas de Minas Gerais (HUCM-MG), além das crianças e dos idosos, há outros grupos de risco suscetíveis à doença. Um deles é composto por pessoas que têm alguma doença nas vias aéreas, como bronquite, enfisema pulmonar, asma, etc. Outro grupo de alto risco é formado por pessoas com diabete, insuficiência renal, baixa imunidade ou que estão em tratamento quimioterápico.

O estado de saúde de Verissimo se agravou desde que o cronista sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2021. Um ano antes ele já tinha passado por uma cirurgia para retirar um câncer ósseo de mandíbula. O problema foi resolvido sem necessidade de quimioterapia, mas afetou a parte cognitiva do cérebro. Atualmente, o escritor sofre de Parkinson e tem problemas cardíacos.  

Em nota, o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, informa que o estado de saúde de Veríssimo é grave, mas garante que ele está recebendo 'todas as medidas de suporte necessárias' no Centro de Terapia Intensiva Adulto da instituição. 

Quais são os sintomas da pneumonia?

Os sintomas mais comuns da pneumonia e que significam um sinal de alerta para a busca por atendimento médico, com especialistas como o pneumologista, são:

• Dor na região torácica, principalmente ao respirar;
• Falta de ar ou dificuldade durante a respiração;
• Tosse com sangue, secreções ou tosse seca;
• Respiração acelerada, em velocidade maior do que a normal;
• Fadiga frequente;
• Febre alta;
• Dores musculares, dores nas costas e dores de cabeça;
• Calafrios;
• Fraqueza e mal-estar;
• Sudorese intensa;
• Perda de apetite;
• Baixa oxigenação.

Em alguns casos, os sintomas não aparecem ao mesmo tempo, como no caso de crianças ou idosos. A intensidade de cada sintoma também é variável e alguns deles podem ser confundidos com outros quadros de saúde.

O pneumologista Marco Antônio explica que "a pneumonia bacteriana manifesta, principalmente, febre, calafrios, tosse com ou sem secreção, além da dor torácica, que faz a pessoa sentir uma pontada ao respirar. É o que a gente chama de dor ventilatório-dependente". 

O médico alerta que complicações da pneumonia podem desencadear outras situações. "Uma pessoa com insuficiência no coração, por exemplo, pode ter um comprometimento maior dessa parte cardíaca, causado pela pneumonia. É uma doença que por si só pode complicar para um quadro de septicemia, que demanda uma internação e um cuidado bem maior", explica.

Quais são os tipos de pneumonia?

Existem diferentes tipos de pneumonia, causados por agentes variados. Entre os principais, estão:

Pneumonia bacteriana

A pneumonia bacteriana pode causar mais febre e mal-estar, levando até mesmo à internação no caso de idosos e crianças. O tratamento envolve antibióticos que combatem as bactérias mais comuns causadoras desse tipo de pneumonia: Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Haemophilus influenzae e Legionella pneumophila.

Pneumonia viral

A pneumonia viral também causa sintomas como febre, dores e tosse. Além disso, ela pode ser contagiosa, caso haja a transmissão de vírus como o adenovírus, influenza, varicela-zoster, vírus respiratório sincicial e coronavírus.

Pneumonia fúngica

A pneumonia fúngica é considerada mais rara, já que demanda o contato com fungos e seu quadro de saúde pode ter evolução demorada.

A maior incidência desse tipo de doença está em pacientes imunodeficientes, como pessoas em tratamento de doenças como câncer ou AIDS. Alguns dos fungos causadores da doença são o Histoplasma capsulatum, Coccidioides immits e Blastomyces dermatitidis.

Pneumonia química

A pneumonia química é aquela causada por meio da inalação de agrotóxicos, produtos químicos, fumaça ou poluição de forma geral. Essas substâncias causam a inflamação de alvéolos e vias aéreas, com potencial para o surgimento da pneumonia.

Pneumonia nosocomial

Por fim, a pneumonia nosocomial é aquela causada à longa exposição a ambientes hospitalares, e sua contaminação costuma ocorrer em unidades de tratamento intensivo. A presença de diferentes bactérias nesses ambientes pode causar a infecção dos alvéolos.

O que é pneumonia silenciosa?

Ainda existe um tipo de pneumonia conhecida como pneumonia silenciosa. Trata-se de uma condição respiratória na qual não há presença de sintomas graves, e os sinais podem ser confundidos com gripes e resfriados, como tosse e febre.

A demora em buscar diagnóstico pode ser prejudicial para a saúde, já que o quadro tende a se agravar sem o tratamento adequado. 

Quais os diagnósticos e tratamentos para a pneumonia?

O diagnóstico da pneumonia é realizado com a avaliação médica, que envolve anamnese, ausculta dos pulmões, exames de sangue, saliva e muco, radiografias e tomografias, principalmente na região do tórax, entre outros procedimentos. 

Já o tratamento pode envolver o uso de antibióticos, anti-inflamatórios, medicamentos para amenizar o desconforto causado por tosse e dores, além de suporte para a respiração, em quadros mais graves. 

Além disso, a hidratação e o repouso são recomendações comuns para pacientes durante o tratamento, que pode levar 3 semanas ou mais. Não há comprovação de eficácia de nenhuma solução caseira para a pneumonia.

O pneumologista Marco Antônio destaca que, para o tratamento, é feita uma antibioticoterapia, que visa eliminar a bactéria do organismo. Ainda, para ele, o paciente diagnosticado com pneumonia também deve se manter em um ambiente arejado, com boa umidificação, hidratação e repouso.

Como prevenir a pneumonia?

Entre as ações úteis para prevenção de pneumonia, estão aquelas que envolvem cuidados com vírus e bactérias. As principais medidas são:

• Higienizar as mãos com frequência, principalmente em ambientes hospitalares;
• Evitar se aproximar de pacientes com sintomas de pneumonia;
• Utilizar máscaras respiratórias em aglomerações, locais fechados ou hospitais;
• Estar com o esquema vacinal contra gripe e outros vírus respiratórios em dia;
• Evitar o consumo excessivo de cigarros e vapes.

O médico Marco Antônio destaca as vacinas como formas de prevenção. "A vacina pneumocócica 23-valente, que está disponível no SUS e faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, e a pneumocócica conjugada 13-valente, acessível para pacientes considerados de alto risco, são as melhores formas de proteção contra a pneumonia".