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Alfa aos 100: do pré-guerra à primeira noite de um homem

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Quem se importa, alguém pode sensatamente perguntar, com o centenário de uma montadora que parou de vender carros nos Estados Unidos há 15 anos e que já não vendia muito décadas antes disso. No entanto, se o bolo de aniversário vai para a Alfa Romeo, parece que muitos americanos se importam - particularmente os entusiastas, colecionadores e fãs de corrida que guardam a marca italiana num lugar especial de seus corações.

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Os jovens, que foram expostos à Alfa Romeo principalmente através dos conversíveis enferrujados dos anos 1980 nas ruas americanas, podem não entender. Mas para a geração do baby boom que se lembra do Duetto que Dustin Hoffman dirigiu no sucesso de 1967 A Primeira Noite de Um Homem, ou os entusiastas radicais que sabem tudo sobre a vitória da Alfa em Le Mans em 1938, a magia continua.

Quem se importa? Parece que os organizadores dos principais eventos de competição automotiva deste ano se importam. A Alfa Romeo será uma marca de destaque no prestigioso Concours d'Elegance em Pebble Beach, Califórnia, em agosto. A Alfa será celebrada em muitos outros eventos de carros clássicos neste verão americano, incluindo o Concorso Italiano, perto de Monterey, Califórnia; o Fairfield County Concours, em Westport, Connecticut; e o Concours of the Americas, em Meadow Brook, perto de Detroit. No topo de todos os eventos de aniversário está um encontro de Alfas na sede da companhia, em Milão, nos dias 26 e 27 de junho. Mais de 1,5 mil Alfas históricos são esperados, e desfiles estão planejados para ambos os dias.

Muito dessa paixão que persiste pela Alfa Romeo se origina de seus carros incendiários que dominavam as corridas nos anos 1930 - as Ferraris da época. (De fato, Enzo Ferrari gerenciou a equipe de corrida da Alfa antes de começar a sua própria escuderia.)

Essa herança em desempenho continuou nos anos pós-guerra. Os Alfas dos anos 1950 e 1960 eram máquinas ágeis e ruidosas de quatro cilindradas que, com suas suspensões suaves e freios superiores - projetados para conquistar os Alpes italianos - literalmente açoitavam os competidores ingleses na pista.

Mas de meados dos anos 1970 a 1995, quando a companhia deixou os Estados Unidos, o valor esportivo dos carros foi muitas vezes comprometido pelas leis de poluição e segurança dos EUA. Com as novas exigências para o para-choque e o controle de emissões, tanto o estilo quanto a confiabilidade dos carros foram prejudicados.

Por que então a Alfa inspira esses seguidores?

"Os Alfa Romeos se destacam tanto por seu design muitas vezes marcante e notadamente italiano, quanto por sua engenharia, o que os torna uma maravilha de se dirigir", disse Brewster Thackery, presidente da Convenção Alfa Century 2010, realizada este ano em Frederick, Maryland. "Os donos de Alfas sempre foram de certa forma excêntricos; nós toleramos carros que exigem muito e que às vezes são temperamentais em troca da alegria que eles proporcionam."

A história da Alfa Romeo começou em 1910, quando a Anonima Lombarda Fabbrica Automobili se consolidou em Milão; o primeiro Alfa, com 24 cavalos de potência, foi feito para corridas. Dois desses primeiros carros participaram do Targa Florio de 1911, uma corrida pelos campos sicilianos.

A companhia, conhecida como A.L.F.A. em seus primeiros anos, passou para o controle de Nicola Romeo, um fabricante de equipamentos de mineração, antes de 1920. O nome da companhia e seus carros mudaram para Alfa Romeo.

O desempenho esportivo sempre foi o forte da Alfa. De 1924 a 1951, a Alfa Romeo era uma participante formidável das corridas do Grande Prêmio, com modelos como P2, P3, 158 e 159 conquistando várias vitórias e campeonatos mundiais. Em 1925, um Alfa P2 venceu o primeiro campeonato mundial do Grande Prêmio.

Ao mesmo tempo, a Alfa Romeo continuou melhorando seus carros esportivos, que podiam ser dirigidos nas ruas e usados em corridas. Em 1927-32, o 6C1500 e o 6C1750 de seis cilindradas venceram muitas corridas, incluindo o Mille Miglia de mil milhas. Nos anos 1930, os superpotentes 8C2300s e 8C2900s de oito cilindradas dominaram; alguns entusiastas consideram essas máquinas os carros esportivos definitivos do pré-guerra.

Um Berlinetta 8C2900 com uma carroceria da Touring foi escolhido como o Melhor do Show no Concours de Pebble Beach em 2008. O dono do carro, Jon Shirley, disse que seu Alfa de 1938 - o vencedor do Grande Prêmio inaugural de Watkins Glen, norte do Estado de Nova York - era "quase tão confortável quanto dirigir um carro moderno."

Shirley, ex-presidente da Microsoft, acrescentou, "ele é rápido, os freios funcionam muito bem e ele conseguia correr a 160 km/h o dia inteiro sem problemas." O 8C2900 era, ele disse, "um supercarro dos anos 1930".

Em 1938, os modelos Alfa 8C 2900B levaram o primeiro e segundo lugares nas 24 horas de Le Mans, na França.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os bombardeios aliados causaram sérios estragos à fábrica da Alfa Romeo em Portello, Itália, e a produção demorou a ser retomada depois de 1945. Os carros esportivos e de passageiros de seis cilindradas do final dos anos 1940 e início dos anos 1950 eram grandes e não particularmente rápidos. Mas, em 1951, a Alfa Romeo introduziu um carro menor e mais barato de quatro cilindradas, chamado 1900.

Oferecido em versões cupê, conversível e quatro portas, o 1900 representava a transição da Alfa Romeo de uma montadora especializada de pequena produção para uma fabricante mais comercial. Aproveitando os sucessos da companhia em competições, o 1900 foi promovido como "o carro de família que vence corridas."

Em 1954, um carro menor apareceu, consolidando a reputação dos automóveis da Alfa Romeo no pós-guerra como alternativas confiáveis aos carros esportivos britânicos, como MG e Triumph - mas com tecnologia e conforto superiores. O carro chamava-se Giulietta e vinha nas versões cupê, sedan ou conversível, com um motor avançado de alumínio de 1,3 litro e duplo comando de válvulas. Versões leves dos cupês ganharam em suas categorias no Mille Miglia.

Os Giuliettas foram os primeiros Alfas a ter um impacto significante no circuito americano de corridas. A versão de alto desempenho, o Giulietta Veloce, venceu muitas corridas do Sports Car Club of America nos anos 1950 e 60.

Os Giuliettas se transformaram em Giulias, com motores maiores de 1,6 litro. Um favorito da família era o Giulia Super, um sedan de aparência simples com componentes de alto desempenho, incomuns em qualquer carro da época, incluindo carburadores duplos Weber, transmissão manual de cinco marchas e freios de disco nas quatro rodas.

Talvez o carro Alfa Romeo mais conhecido pelos americanos seja o gracioso Duetto conversível de 1967. Foi esse carro que Benjamin Braddock, personagem interpretado por Hoffman em A Primeira Noite de um Homem, dirigiu pela ponte São Francisco-Oakland Bay. Uma versão posterior do Duetto foi rebatizada com o nome do filme em inglês, Graduate.

O chassi de 1967 nunca foi substancialmente modificado e forneceu a base de todos os conversíveis vendidos nos Estados Unidos até os últimos carros da montadora, a Edição Comemorativa Spider de 1994.

A Alfa Romeo não foi uma companhia altamente lucrativa. Em 1980, suas fábricas foram adquiridas pela companhia estatal Finmeccanica, e a Fiat assumiu o controle de toda a montadora em 1986. Esse foi também o melhor ano da Alfa Romeo nos Estados Unidos, com vendas de 8.201 carros.

O último modelo novo a chegar à América do Norte foi o belo sedan esporte 164, do início dos anos 1990, projetado pela Pininfarina. Um carro com tração dianteira, o 164 compartilhava sua plataforma com outros três carros europeus, incluindo o Saab 9000. Apesar de seu forte desempenho e conforto, o 164 não foi um grande sucesso de vendas nos Estados Unidos, um fator que influiu na decisão da Alfa Romeo de abandonar o mercado americano.

Os fãs americanos da Alfa Romeo - conhecidos como Alfisti - tiveram um breve momento de alegria automotiva quando o altamente exclusivo 8C Competizione foi introduzido como um modelo 2008. Apenas 500 cupês foram fabricados com um preço base de US$ 265 mil, seguidos de uma versão Spider ainda mais cara.

Depois de anos de boatos e promessas vagas de que a Alfa Romeo voltaria aos Estados Unidos, o chefe-executivo da Fiat e da Chrysler, Sergio Marchionne, confirmou no final de abril que a montadora retornaria em pouco mais de dois anos, com uma gama completa de modelos.

Ron Tonkin, que possuía uma concessionária da Alfa Romeo e que foi o presidente da Associação Nacional de Concessionárias de Automóveis dos EUA, diz que os Alfas deveriam ser vendidos ao lado das marcas mais exóticas da Fiat, Ferrari e Maserati.

"Os Alfas são a perfeita iniciação exótica para introduzir as pessoas ao mundo dos carros italianos", ele disse.

Muitos donos de carros Alfa Romeo atualmente gostariam de comprar um modelo novo, sugeriu Alex Csank, presidente da convenção nacional da Alfa Romeo nos EUA. "No entanto, a Alfa precisa se focar no mercado mais amplo e competir com outras marcas para atrair uma nova geração de donos de Alfa Romeos", ele disse. "E para fazer isso, é preciso chegar com uma linha forte de ótimos carros, com o apoio do marketing e das concessionárias."

Alfas usados já estão disponíveis. Um aspirante a Alfista pode encontrar um que se encaixe mesmo num orçamento modesto. Uma busca nacional no site Craigslist recentemente retornou mais de três dúzias de modelos 164 à venda, alguns por menos de US$ 2 mil. Do outro lado da balança, o valor de mercado do 8C2900, que venceu o concurso em Pebble Beach, poderia facilmente ultrapassar US$ 10 milhões. Nenhum carro desse modelo estava listado no Craigslist.

Tradução: Amy Traduções

The New York Times
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