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Pesquisa relaciona droga de indução ovulatória à leucemia

14 ago 2012 - 09h10
(atualizado às 09h30)
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Embora seja responsável por trazer ao mundo mais de 5 milhões de crianças, conforme anunciado congresso europeu deste ano sobre o assunto, os métodos de reprodução assistida são sempre foco de estudos para comparar sua segurança e eficiência frente à concepção natural. Um estudo recente realizado na França apontou a possível relação entre as medicações associadas à indução ovulatória e a incidência de leucemia nas crianças nascidas de mães que recorreram ao método.

Um estudo recente apontou a possível relação entre as medicações associadas à indução ovulatória e a incidência de leucemia nas crianças nascidas de mães que recorreram a esse tratamento
Um estudo recente apontou a possível relação entre as medicações associadas à indução ovulatória e a incidência de leucemia nas crianças nascidas de mães que recorreram a esse tratamento
Foto: Dreamstime / Terra


Os cientistas do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Saúde da População do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm) fizeram uma análise estatística de crianças com leucemia linfoide aguda (LLA), o tipo infantil mais comum, e com leucemia mieloide aguda (LMA), o mais raro. Eles tentaram relacionar a doença com a incidência de má-formação e abortos da mãe em gestações anteriores, com o uso de medicamentos de indução ovulatória e com a realização de processos de reprodução assistida. Os resultados foram comparados com os de crianças sem a doença, escolhidas aleatoriamente.



O estudo mostrou a correlação entre o uso do medicamento pela mãe e o desenvolvimento de leucemia nessas crianças. Elas teriam 2,6 vezes mais chances de ter LLA e 2,3 vezes de ter LMA. Esses dados correspondem às crianças nascidas entre mulheres que utilizaram os remédios, mas não recorreram a outros métodos de reprodução assistida, como inseminação artificial e fertilização

in vitro

(FIV). Segundo o estudo, não é possível ligar o maior risco da doença a esses procedimentos.



A pesquisa aponta que a diferença pode estar no fato de que a indução ovulatória como terapia para quando a mulher não ovula ou ovula pouco costuma usar antiestrogênios, bloqueadores do hormônio feminino estrogênio. Já na FIV, é mais comum o uso de gonadotrofinas ou hormônios liberadores dessas, que secretam hormônios importantes para a ovulação.



Outra correlação levantada pelo estudo é o do maior risco de leucemia nas crianças nascidas de mães que tiveram dificuldades para engravidar como um todo. Sendo assim, é possível que a maior incidência de leucemia esteja associada também a problemas de fertilidade.



Estudo não conclusivo

Os dados levantados pelo estudo, no entanto, não são conclusivos sobre o assunto. "Não pode dizer que existe essa relação. O estudo não é desprovido de valor, é um achado interessante. Mas tem que se estudar mais", acredita Jorge Haddad, especialista em reprodução assistida da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).



Os métodos da pesquisa também são questionados pelo especialista. "O estudo considera infértil quem esteve mais de um ano tentando engravidar", afirma. Para ele, o fato de terem ficado um ano sem conseguir engravidar não significa necessariamente que essas mulheres teriam problemas de fertilidade.



O próprio trabalho menciona as possibilidades de erro, uma vez as informações foram colhidas por questionários. Segundo o estudo, as mulheres podem ter confundido as drogas indutoras da ovulação com outros medicamentos utilizados nos tratamentos de reprodução assistida. "A conclusão é de que nós, médicos, temos que tomar cuidado. Mas é algo que precisa ser melhor trabalhado", diz Jorge.



As descobertas foram anunciadas na última conferência de câncer infantil, em Londres, e publicadas na revista científica

Pediatric Blood & Cancer

.



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Fonte: Cross Content
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