Fertilização traz risco de má-formação fetal, diz estudo
Os bebês concebidos por meio dos métodos de fertilização
in vitro(FIV) - clássica ou na modalidade de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), quando a fecundação entre às células é feita "manualmente" em laboratório, podem ter maior predisposição a apresentar más-formações. A conclusão é de pesquisadores australianos da Universidade de Adelaide, em estudo publicado em maio deste ano no
The New England Journal of Medicine.
Os dados da pesquisa foram complilados entre janeiro de 1986 e dezembro de 2002. Durante o período, nasceram, na Austrália, cerca de 309 mil bebês. Destes, por volta de 6,2 mil foram concebidos por meio de reprodução assistida. O estudo constatou que 7,2% das crianças de FIV clássica apresentaram algum tipo de má-formação. Quando os dados se referem a FIV com ICSI, a porcentagem passa para 9,9%.
Mas, para discutir a relação entre má-formação fetal e reprodução assistida deve-se levar em consideração o perfil dos pacientes que normalmente procuram esses métodos, afirma Newton Busso, especialista em reprodução humana, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e secretário-geral da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp). "Quando falamos de reprodução assistida, estamos tratando de mulheres que estão em uma faixa etária mais elevada. Esse fator sozinho já é um risco de má-formação fetal", explica o médico. "É uma característica desse público. Eu não me lembro de ter feito FIV em uma mulher de 20 anos", exemplifica.
O próprio estudo revela que na FIV clássica, quando os fatores idade e hábitos externos (tabagismo e outros) são levados em consideração e colocados como possível causa da má-fomação, o número de bebês que teriam problemas por outras motivações cai substâncialmente. Já na FIV com ICSI, mesmo utilizando o método de exclusão, a taxa continua alta.
Para os pesquisadores, existem duas possibilidades para o resultado relacionado à fertilização in vitro com ICSI: a primeira seria a má qualidade do espermatozoide do homem que precisa do método para engravidar a parceira e a segunda seria algum dano causado às células no processo de manipulação em laboratório.
De acordo com Newton, o casal que passa por reprodução assistida é conscientizado sobre os riscos de má-formação fetal que um óvulo mais velho ou um espermatozoide de má qualidade podem causar. Para o médico, é importante ter um olhar crítico em cima dos estudos que apontam o índice de bebês de reprodução assistida com problemas de formação. "Deve-se levar em consideração que é uma pesquisa de má-formação fetal em uma população que naturalmente, por conta de seus gametas mais velhos, já sofre o risco de gerar um bebê com algum problema", diz o especialista.
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