Hiperestímulo ovariano é o maior risco dos tratamentos
As técnicas de reprodução assistidas são seguras, mas, como qualquer tratamento médico, podem representar alguns riscos para a paciente. De acordo com o especialista em reprodução humana da clínica Conceptus, de Fortaleza, Marcelo Gondim, o principal risco de todas as técnicas de reprodução assistida é a Síndrome de Hiperestímulo Ovariano.
"Quando a paciente vai fazer um tratamento de reprodução assistida, nós temos que submetê-la a uma superindução da ovulação. Esse estímulo pode causar a Síndrome de Hiperestímulo Ovariano", diz. "O corpo acaba produzindo muito mais folículos do que o médico estava esperando. Automaticamente, a produção de óvulos vai chegar a um nível exagerado, o que pode ocasionar uma retenção de líquido no abdômen", explica o especialista.
Caso o hiperestímulo aconteça, a paciente deverá tomar uma medicação para resolver o problema. A síndrome não deixa sequelas nem impede que ela se submeta a outras técnicas de fertilização artificial posteriormente.
Inseminação Artificial Intrauterina
Segundo Gondim, a Síndrome de Hiperestímulo Ovariano é o principal risco envolvido na técnica de Inseminação Artificial Intrauterina. Normalmente, a síndrome é identificada quando já é chegada a hora de fazer a inseminação. Caso o médico perceba o problema, o procedimento é suspenso até que a paciente se livre do hiperestímulo.
O tratamento deve ser suspenso, pois o risco de gravidez múltipla será mais alto, já que há uma grande concentração de óvulos. Além disso, segundo o Guideline de Reprodução Assistida da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), em mulheres grávidas a síndrome pode evoluir para o seu grau mais alto e comprometer a pleura (membrana dupla que envolve os pulmões), provocar alterações hepáticas e de coagulação.
"Normalmente, pacientes de inseminação artificial que acabam evoluindo para o hiperestímulo são direcionadas para a fertilização in vitro", conta o médico.
Fertilização in vitro (FIV)
No caso da fertilização in vitro (FIV), quando o médico diagnostica a Síndrome de Hiperestímulo Ovariano, ele faz a aspiração dos óvulos, mas a paciente só poderá receber o embrião depois que estiver curada da síndrome. Por isso, o embrião é congelado.
Além do o hiperestímulo, o procedimento de aspiração dos óvulos pode representar algum risco para a saúde da paciente. "A indução anestésica para a retirada dos óvulos via punção ovariana pode ser um risco para a paciente. A mulher pode ter reação alérgica por conta da anestesia. Mas, vale lembrar, que são casos muito raros. E esse é um risco que está relacionado a qualquer procedimento cirúrgico", esclarece Gondim.
De acordo com o especialista, outro risco desse procedimento é o próprio ato da punção. "O simples fato de romper a barreira entre o canal vaginal e a pélvis da paciente proporciona o risco de ter alguma infecção. São riscos muito pequenos, mas existem", explica o especialista.
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Especial para o Terra