Dia de Finados: neurocientista explica como os rituais de despedida auxiliam no processo de luto
Visitar o túmulo ou acender velas em homenagem a quem partiu ajuda a compreender o luto e a recordar a pessoa de forma saudável
No Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, muitas famílias se reúnem para relembrar a memória de entes queridos que já faleceram, seja visitando seus túmulos ou acendendo velas. Mais do que uma simples homenagem, segundo o neurocientista Fabiano de Abreu Agrela, esses rituais de despedida auxiliam no processo de luto, principalmente quando a perda é recente.
Uma forma de superar o luto
O especialista explica que, após a perda de um familiar ou amigo, os indivíduos passam por cinco estágios emocionais até conseguirem se adaptar à ausência. Essas fases começam com a negação, período em que a pessoa se recusa a acreditar na perda e busca se isolar da realidade para não senti-la. Em seguida, surge a raiva, quando ela tende a culpar terceiros ou a descarregar seus sentimentos negativos em quem está ao seu redor.
Já em um terceiro momento, o parente continua a evitar o acontecimento e procura formas de retomar a vida antes do falecimento. E, pouco antes de realmente se recuperar, ele enfrenta o estágio da depressão, no qual começa a assimilar a ausência e permite ficar triste. Por último, enfim, chega a fase de aceitação. Na etapa, há o entendimento da morte e o desejo de preencher o vazio com outras atividades.
De acordo com Abreu Agrela, todos os indivíduos percorrem esse caminho em meio ao luto e, mesmo aqueles com maiores dificuldades, conseguem alcançar a superação. Nesse sentido, os rituais de despedida funcionam como guias, contribuindo para facilitar o processo. "Ver o corpo, acompanhar uma cremação, realizar um velório, levar flores e acender velas anualmente no dia de finados, tudo faz parte de ritos muito bem definidos para superar a dor da morte, o que ajuda a 'digerir' melhor a perda de um ente querido", explica.
Se você ainda não está pronto, há alternativas
Entretanto, conforme ressalta o neurocientista, apesar de auxiliarem, os rituais não são a única forma de enfrentar as fases da perda. "Podemos traçar um paralelo entre as fases do luto e os ritos de despedida, o que possibilita entender como eles ajudam as pessoas a lidarem melhor com as perdas, no entanto, mesmo que não sejam realizados, o indivíduo pode utilizar outras ferramentas para trabalhar esses sentimentos", afirma.
Além disso, para ele, a melhora ferramenta superar a ausência de um ente querido é a racionalização. Isso porque a compreensão lógica da morte e o entendimento de que não é possível revertê-la colabora para o controle dos impactos do sistema límbico, a parte emocional do cérebro. Dessa forma, há a diminuição da negação e da fuga da realidade.
"Realizando ou não os ritos de despedida, o importante é saber lidar com esses sentimentos e se restabelecer após a perda. Assim, você consegue superar a tristeza, sendo capaz ainda de recordar a pessoa de forma saudável", destaca, por fim.